9 de abril de 2023

Primeira Impressão

Let Her Burn
Rebecca Black




A história da Rebecca Black poderia facilmente se tornar um seriado para refletir sobre o efeito de como a internet pode ser benéfica e, ao mesmo tempo, maléfica. Depois de ter se tornado um dos primeiros virais mundiais quando a sua gravação da canção Friday virou um fenômeno em começo de 2011, a jovem que tinha apenas quatorze anos se virou em um furacão de proporções épicas que a catapultou de ilustre desconhecida para o nome mais falado do mundo. E, infelizmente, com isso veio a parte negativa que meio que esmagaram a aspirante cantora de maneira cruel e devastadora. E com os anos passando, Rebecca precisou lutar contra problemas mentais causados pela essa época para conseguir provar que a mesma poderia ser sim uma cantora e não apenas uma chacota. Doze anos depois, Black pode se orgulhar de lançar o seu primeiro álbum: o bom Let Her Burn.

Longe de ser genial, mas, sim, apresentar um resultado bem acima de qualquer expectativa, Let Her Burn é o fechamento de um ciclo que mostra Black com talento suficiente para construir uma carreira de verdade. Falta ainda uma carga imensa de personalidade para a cantora realmente explorar e alcançar tudo o seu potencial, pois o álbum parece uma colagem de várias influências contemporâneas do electropop, synthpop, hyperpop, indie pop e pop rock. Pegando pedaços do experimental da Charli XCX, toques da Grimes, a doçura refinada Carly Rae Jepsen, a construção pop rock estilizado da Rina Sawayama e o indie pop moderno da Billie Eilish, o álbum parece uma colcha de retalhos que nunca exatamente consegue se costurar em um único produto, faltando principalmente personalidade que seja única da Rebecca. Dessa maneira, o álbum se torna genérico até mesmo em seus melhores momentos, mas, felizmente, é salvo pelo grande coração que é colocado por trás da boa produção e pela clara vontade da jovem cantora de querer encontrar o seu lugar. E quando a produção acerta é possível ver vislumbres do potencial de Rebecca Black.

Let Her Burn realmente mostra a que veio no instante que a produção deixa de lado o hyperpop/experimental para entregar algo mais direto e redondo no caminho do electropop/synthpop/pop, deixando a cantora respirar longe de pesadas camadas de instrumentalização estilizadas. E um desses momentos é a pop/pop rock Look At You. Apesar de se inspirar na Billie, especialmente em Happier Than Ever, a canção parece se misturar de maneira natural com a persona da Rebecca de maneira a entregar uma canção sólida, graciosa e tocante. Entretanto, o grande momento do álbum é na ótima Sick to My Stomach que é “o seu melhor momento até o momento ao apresentar uma delicada, graciosa e muito bem pensada balada mid-tempo synthpop que realmente mostra claramente a sua imensa evolução, especialmente nos vocais. É claro que a mesma ainda usa certo efeito vocal aqui e ali, mas é para dar camadas para o resultado final já que é claro que Rebecca é dona de um timbre límpido e perfeito para esse tipo de canção.”. Esse último elogio é algo realmente importante, pois a cantora realmente mostra que evolui como cantora devido a sua força de continuar a aprendendo e, claro, o seu talento natural que preciso de amadurecimento. Ainda acho que a jovem realmente brilha quando é deixado de lado o uso de efeitos vocais, mas a mesma segura bem todo o álbum sem grandes solavancos. Outros bons momentos do álbum são a pop rock What Am I Gonna Do With You, a bom contraste da delicada voz da Rebecca com a batida sensual/sombria de Misery Loves Company, a electropop Crumbs e, por fim, Cry Hard Enough com a sua madura produção ao ser a única com traços de hyperpop que realmente funciona. Let Her Burn não é de longe um álbum que vai mudar o pop, mas Rebecca Black pode se orgulhar desse trabalho que é prova de resiliência, superação e que o talento sempre vai encontrar um caminho para ser revelado.

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