5 de outubro de 2025

Primeira Impressão

Midnight Sun
Zara Larsson




Midnight Sun, álbum da Zara Larsson, é exatamente o que muitos acham que seria o resultado dos álbuns da Tate McRae e, principalmente, da Addison Rae: pop perfection. Para Zara, porém, o seu quinto álbum é finalmente o momento em que todo o seu potencial é explorado de verdade.

Na resenha do álbum Venus, de 2024, eu disse que o resultado “faltava o principal ingrediente para realmente funcionar como um perfeito álbum pop: personalidade”. E isso, queridos leitores, é algo que não falta aqui, pois é um álbum que transpira personalidade, mesmo nos momentos em que não é um acerto total. Os responsáveis por isso têm nome: os produtores Margo XS, Zhone e MNEK. Nas mãos desse trio, Midnight Sun se torna um trabalho inspirado, divertido, despretensioso, redondo e carismático de dance-pop com elementos de europop, drum and bass, EDM e R&B. Não se trata apenas de entregar uma coleção de faixas eficientes, mas sim de refinar ao máximo o entendimento de como fundir e equilibrar ousadias sonoras com clichês e, principalmente, de compreender perfeitamente o potencial da artista. Essa é a principal razão para o triunfo de Midnight Sun: o potencial da Zara finalmente sendo utilizado corretamente.

Ao contrário das artistas citadas, a sueca é uma cantora com talento bem mais definido e vistoso, capaz de sustentar canções com sua voz potente e boa versatilidade. Todavia, até aqui, ela era frequentemente jogada em canções muito aquém do seu potencial, deixando um buraco entre expectativa e realidade. Isso ajudava a puxar para baixo sua carreira, que não tinha o suporte criativo necessário, mesmo com alguns bons momentos aqui e ali. Em Midnight Sun, Zara encontra um terreno muito mais auspicioso para brilhar, entregando versatilidade e carisma. É preciso dizer que ela ainda não encontrou totalmente sua personalidade, mas está no caminho certo. Isso fica evidente quando, no momento mais fraco do álbum, o single Pretty Ugly, ainda é possível ver a cantora entregando uma performance louvável.

Claro que o álbum não é perfeito, pois ainda não alcança plenamente o potencial de suas ideias, resultando em algo um pouco seguro demais para o que poderia ser uma verdadeira metralhadora de pérolas pop. Todavia, ele acerta no formato rápido e rasteiro, com apenas dez faixas e cerca de trinta minutos, em que cada momento é aproveitado — o que aumenta a sensação de pop perfection sem precisar ser genial. O grande destaque do álbum fica por conta da ótima e frenética Hot & Sexy, que tem como toque de gênio o uso de partes do icônico monólogo de Tiffany Pollard no Big Brother britânico como sample (na verdade, devido a direitos autorais, foi preciso gravar a parte da Tiffany em estúdio). Outros momentos de destaque estão nos elementos EDM de Midnight Sun, faixa-título do álbum; na romântica — sem ser uma balada — e cativante Blue Moon; e, por fim, na irônica e sexy Girl’s Girl.

Não acredito que Midnight Sun terá o sucesso comercial que merece, mas, felizmente, será lembrado como o trabalho que finalmente deu a Zara Larsson as suas merecidas flores.


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