5.In the Lonely Hour
Sam Smith
"Sam Smith não quer nada mais que apenas tirar um suspiro ou uma lágrima de quem ouvir sua música. E isso não é problema nenhum já que ele consegue fazer com maestria. Aqui, Sam não está em busca de sentimentos refinados e complicados, mas, sim, ele busca tirar os sentimentos mais primários e simples que um ser humano pode possuir. In the Lonely Hour é sobre corações quebrados, amores frustrados e decepções devastadoras. Nada mais primário que sofrer por amor. Nada mais simples que o amor, pois, em sua complexidade estrutural, ele é igual para todos os seres humanos na face da Terra. Porém, Sam não pretende elevar esses sentimentos aos píncaros da glória como fez a Adele em 21, mas, simplesmente, fazer você apenas sentir essa dor "agridoce" do amor. Como principal compositor, Sam entrega letras magistralmente delicadas, mas com uma emoção verdadeira e tocante. Desde os sentimentos mais platônicos até os mais melancólicos, In the Lonely Hour é uma viagem na mente de um jovem que coloca em músicas as suas experiências. Sincero e sensível. Essas são as principais qualidades das composições, mesmo não sendo trabalhos geniais no que tange a construção, conseguem cumprir seu objetivo com o máximo de louvor. E nada muda o fato que Sam revelou que o álbum foi feito para uma paixão não correspondida dele por outro homem. Amor é amor.
Emoldurando todo esse turbilhão de emoções, Sam Smith também se mostrar um cantor com um potencial imenso. Ninguém melhor que o próprio autor das composições para interpretá-las, então, por isso, espere performances emocionantes e quase viscerais. Porém, Sam segue um caminho interessante ao entregar essas emoções de maneira contida, intimista e delicada deixando as canções mais leves sem cair no dramalhão desnecessário. Com ajuda de seu belíssimo tom, Sam entrega momentos inspirados como, por exemplo, em Lay Me Down, aqui em uma versão diferente do que foi lançada como single, em que a produção, aliada com os vocais magníficos de Sam, criam um trabalho impressionante trabalhando com as nuances e um clímax de tirar o fôlego. Infelizmente, nem tudo são elogios para In the Lonely Hour. O álbum é basicamente um trabalho pop com inspiração soul em que a produção faz um trabalho correto e bem, mas careta em sua sonoridade, sem apresentar nada de novo ou mais ousado. Ao menos, a produção acerta o tom das faixas ajudando positivamente o resultado final. Outros momentos de destaque, além do já citado, do álbum são Stay With Me, Leave Your Lover, Not In That Way e Make It To Me. O que eu não entendi é a canção Money On My Mind, a grande bola fora do CD. Contudo, o que importa aqui é que Sam Smith fez um álbum para ser ouvido de coração aberto. E que bom que tem ainda pessoas capazes de produzir esse tipo de trabalho sem se importar com as opiniões de críticos. Inclusive essa, que nada mais é que apenas mais uma opinião. Honesta, mas apenas mais uma."
4.Sound of a Woman
Kiesza
"O produtor Rami Samir Afuni, responsável por quase todas as músicas, é o pilar central da crianção de Sound of a Womanque, além do imenso cuidado da parte instrumental, consegue transformar o CD em uma jornada dentro do que o pop mundial tem de melhor para oferecer recheando com camadas, nuances e texturas para depois misturar tudo com um acabamento cheio de referências à outros artistas que marcaram época e ajudaram a definir toda uma cultura. Em nenhum momento, contudo, toda essa "multidão" de ideias poderia resultar em um verdadeiro "Frankenstein" sonoro, mas, felizmente, o álbum flui de maneira sublime surpreendendo ao saber dosar o lado frenético das faixas dance com o lado dramático e romântico em baladas pop sensacionais. Outro trunfo da produção é fazer desse pop atemporal ouvido em Sound of a Woman uma sonoridade comercial, mas que também flerta pesadamente com o "conceitual" sem que nenhuma parte seja afetada para mais ou menos. Então, não bastasse ter toda essa qualidade na produção,
Kiesza conta com o seu talento próprio para elevar ainda mais o álbum. Dona de uma voz distintamente revigorante que trabalha genialmente no limite para não soar estridente, a cantora entrega aqui trabalhos vocais impressionantes mostrando muito mais que a capacidade de ser uma "diva dance" ao se adaptar com perfeição em diferentes facetas seja da "diva soul" até mesmo a "diva indie", porém, sem nunca perder o foco. Além de estar construindo a fama de ser uma artista com performances ao vivo inacreditáveis e clipes geniais. Não espere composições avassaladoras no sentido mais puro da palavra, mas, na verdade, espere um trabalho avassalador na elaboração de letras perfeitas para serem hinos pop com qualidades raras de ver ultimamente ao unir inteligência, substância e o fator "diversão" em uma mescla que passa longe do clichê ou repetitivo. Sem precisar de uma versão deluxe com trocentas canções extras e com um total de cinquenta minutos, Sound of a Woman é um trabalho completo que é uma obrigação ouvi-lo do começo ao fim para compreender toda a complexidade que se reside em um trabalho tão brilhante. Não acredito que Sound of a Woman será um sucesso de vendas, mas, para quem possa estar ciente da sua existência, deve ficar claro que Kiesza realmente entregou uma verdadeira obra prima do pop."
3.The Outsiders
Eric Church
"The Outsiders já está na liderança e deve permanecer entre as melhores produções instrumentais do ano. Cercado por uma banda inspiradíssima, Eric Church entrega faixas de um poder sonoro acachapante. Não há só um momento que seja ao menos bom, mas cada segundo vale a pena ser apreciado em toda a sua complexidade indo do mais elaborado até o mais simples sem perder a qualidade. Só que a primazia do álbum vai bem além de apenas arranjos perfeitos: boa parte do brilho do álbum vem da sua sonoridade. Os grandes responsáveis por isso é o próprio Eric que buscou quebrar as amarras da sua sonoridade e o produtor Jay Joyce que comandou o "barco" de maneira primorosa, por isso The Outsiders é bem mais que um CD de country, mas uma evolução/fusão do gênero com rock e blues criando uma sonoridade única, rica, marcante e impressionante. Por causa disso, The Outsiders se torna um disco divisor de águas para o cantor e que pode influenciar novas gerações. Não apenas como o álbum é produzido que excede as expectativas, mas como é construído a sua estrutura como, por exemplo, colocar a balada minimalista e tocante A Man Who Was Gonna Die Young logo após da grandiosa The Outsiders (faixa que dá nome ao álbum). A decisão não quebra a ritmo do álbum, mas coloca um tempero diferente e mostra a ousadia da produção. Eric domina cada faixa de maneira irrepreensível conseguindo mostrar toda a versatilidade que a sua grave e distinta voz pode oferecer seja nas canções em que ele encarna sua versão "mais country", nas canções em que ele encarna sua versão roqueira e nas canções em que ele apenas "narra". Em um tempo em que ouvimos a banalização cada mais acentuada das composições, The Outsiders é um oásis em que as canções recebem letras inspiradas em que podemos ver a personalidade de um artista sendo revelada desde os momentos mais despretensiosos até os mais íntimos em tom de confissão. Como sempre escrevo para álbuns com essa qualidade, The Outsiders é um álbum para ser ouvido por inteiro. Contudo, se fosse para apontar um momento que vai ficar na minha cabeça por muito tempo, eu indicaria a dobradinha de Dark Side e Devil, Devil (Prelude: Princess of Darkness), pois nessas duas podemos ver todas as qualidades de uma vez só que falei durante esse texto."
2.Caustic Love
Paolo Nutini
"Para quem não conhece Paolo deve ser impactante ouvi-lo pela primeira vez: um jovem britânico de apenas 27 anos que tem a voz como se fosse um cantor negro vindo direto dos anos sessenta. Pode até parecer estranho falar assim, mas ouvir Paolo é como reviver momentos em que os "originadores" como Ray Charles ou Marvin Gaye ainda andavam sobre a terra. Só que a voz do cantor vai mais longe e não apenas emoldura a vibe vocal, mas de alguma forma ele consegue ter a mesma carga emocional. Se você acredita em reencarnação, então Paolo Nutini pode ser um caso a ser estudado. Suas performances em todo álbum são momentos impactantes de pura nostalgia com uma atmosfera reconfortante de saber que está ouvindo uma voz tão magistral sendo administrada por uma alma talentosa que consegue transmitir emoções viscerais e puras em suas essências. Paolo é versátil: vai do seu lado mais "pesado" em que usa o sua ronquidão de maneira acachapante que deixa quem ouve querendo mais e mais até mesmo o mais delicado usando seu falsete perfeitamente. Essa montanha-russa é uma viagem quase cósmica em que nenhum momento será perdido ou usado em vão. Cada nota saída da boca de Paolo é um prazer carnal, um remédio para almas carentes e um unguento para corpos cansados.
Se tudo isso não fosse o suficiente, Caustic Love é uma aula de como produzir um álbum. Paolo dispensa produtores badalados e produz o álbum ele mesmo ao lado de Dani Castelar. Então, não é surpresa de que o CD tenha a personalidade dele do começo ao fim, mas o que impressiona aqui é a extrema qualidade em que todos os aspectos estão estruturados. Como dito anteriormente, a sonoridade de Caustic Love é construída exatamente em cima do soul, funk e soul rock feito durante a década de sessenta e começo dos anos setenta. Repito: construída, não plagiada ou com cheiro de mofo. Muito pelo contrario: o som que Paolo faz é atemporal devido ao seu brilhantismo. Arrisco dizer que, se Caustic Love fosse lançado cerca de 40 anos atrás seria uma sucesso que hoje seria considerado um clássico. Há uma sensação de urgência nas canções, uma necessidade que parece ser transportada para fora das barreiras da música, algo tão pungente que faz qualquer pessoa ser arrebatada. Em trabalhos de instrumentalizações que não deixam em nada devendo para trabalhos clássicos da soul music, Paolo Nutini emoldura suas crônicas sobre amor e a vida que fecham o pacote de maneira magistral em momentos que vão levar suas emoções ao um estágio quase espiritual. Não há como falar mais especificamente de várias músicas do álbum, mas sou obrigado a destacar um dos momentos mais poderosos na música que eu já ouvi: Iron Sky, um hino à esperança na raça humana usando parte de um discurso de Charles Chaplin em O Grande Ditador. Genial apenas. Caustic Love mostra que música é imortal, não necessita de inovações tecnológicas ou ideias revolucionárias. Música precisa de talento. Talento como o de Paolo Nutini."
1.Beyoncé
Beyoncé
"É até bem difícil começar a resenhar propriamente BEYONCÉ. Vamos apenas deixar uma coisa bem clara? O quinto álbum da carreira da Beyoncé não é a reinvenção da roda, mas é a construção da mesma da maneira mais perfeita que se pode imaginar. Sim, vou escrever de maneira bem clara e direta: BEYONCÉ é perfeito. Não apenas perfeito, mas também genial, sensacional, acachapante, poderoso, avassalador e todos os elogios que vocês estão acostumado a ler aqui no blog. Para a produção Bey chamou vários nomes conhecidos e consagrados como Timbaland, Pharrel, Ammo, Ryan Tedder e até mesmo o Justin Timberlake, entre outros para criar o somo do álbum. Contudo, o maior destaque vai o até então desconhecidos Boots que praticamente faz a seu debut na produção do álbum em que tem a sua produção em nove das quatorze canções. Porém, não pensem vocês que essas escolhas resultam na elaboração de uma sonoridade já ouvida na carreira da Beyoncé, mas o resultado final é bem longe disso. Se não bastasse todo o ineditismo da forma de lançamento o álbum conta com a mais experimental sonoridade já feita por artista do porte da Beyoncé desde o Ray of Light da Madonna. Crua e ao mesmo tempo refinado. Poderosa ao mesmo tempo contida. Revolucionário e ao mesmo tempo respeitoso. Para a criação dessa viagem musical única e inesquecível a produção se fincou no R&B, pop e eletrônico e a partir disso foi criando uma sonoridade completamente visceral misturando outros estilos com novas e velhas texturas e batidas criando camadas ricas, mas que em certos momentos apenas parecem simples. A produção em cada faixa um trabalho primoroso em todos os sentido dando personalidade para cada uma. O resultado final é apoteótico e acima de qualquer expectativa ainda mais depois de ver cada um dos clipes. A intenção de criar uma experiência é alcançada de uma maneira que não dá para descrever. É preciso ser vivida.
Beyoncé e sua trupe de colaboradores/compositores também entregam o melhor do melhor em composições impressionantes e magistrais. Se você quer um álbum realmente que envolva um "conceito pessoal sobre o mundo do pop" de verdade, esse álbum é o BEYONCÉ. As faixas falam sobre a sua relação consigo mesma, com a fama, o seu relacionamento com o marido Jay-Z (os altos e baixos), a sua relação com o sexo, com amor, com a religião e com a recente maternidade. A maneira com que Beyoncé se abre aqui pode passar desapercebido para quem quer apenas a forma e não percebe do conteúdo. Estamos diante de uma cantora abrindo seu coração de verdade. Ao mesmo tempo, Bey nunca esteve tão sexual em suas letras, mas ao contrário de várias cantoras por aí ela consegue uma "fineza" ao falar de sexo. Tudo isso graças a competência em escrever cada letra sabendo como expressar sentimentos profundos de maneira primorosa e ao mesmo tempo entregando obras perfeitas no sentido da forma sabendo como usar as palavras, onde usa-las e porque usa-las para criar a melhor maneira de combinar com a produção não tradicional dada para o álbum. Para colocar a cereja em cima do bolo (só que uma cereja de dois quilos) Beyoncé está em estado de graça ao mostrar a total versatilidade de sua voz. Ela mostra todo o seu potencial como cantora em performances emocionantes ou a de interprete ao encarnar vários "personagens" como a sua persona rapper. Não há como negar ou comparar o poder da cantora."
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