4 de março de 2018

2 Por 1 - Janelle Monáe

Make Me Feel
Django Jane
Janelle Monáe

Poucos artistas atualmente podem ter o adjetivo genial ligado ao seu nome. Não há dúvida, porém, que a Janelle Monáe tem todos os requisitos para carregar esse título. Os primeiros atos da sua carreira musical foram apenas os melhores momentos da música mundial nessa década, começando com o genial debut The ArchAndroid de 2010 e alcançando a perfeição com o genial The Electric Lady de 2013. Além disso, a cantora é uma das vozes mais importantes dos  ativismos pelos direitos humanos dentro do mundo do entretenimento e, mais recentemente, Janelle vem se aventurando como atriz, conseguindo boas criticas em dois filmes indicados ao Oscar em 2017 (Estrelas Além do Tempo e, o vencedor do premio de Melhor Filme, Moonlight: Sob a Luz do Luar). Felizmente, Janelle está de volta para o seu nicho original e, finalmente, anunciou que irá lançar o seu terceiro álbum intitulado Dirty Computer. Não querendo apressar o carro na frente dos bois, pois já fiz isso e quebrei a cara (exemplo: Eminem) em 2018, Janelle deve entregar um dos melhores trabalhos dos últimos tempos se a amostra dada pelos dois singles lançados foi um termômetro verdadeiro. Começo por aquela que é a menos inspirada entre as duas.

Ouvir Django Jane é perceber que a cantora está pronta para subverter a sua própria sonoridade ao se arriscar em estilos e gêneros que até o momento não passavam de inspirações para a mesma. A canção é uma obvia incursão de Janelle no hip hop/rap na sua mais pura forma, mas feito de uma forma que mantém a personalidade da mesma intacta. Sonoramente, Django Jane é bem tradicional na sua construção, pois parece emular o atual cenário hip hop com uma batida direta e quase minimalista. Felizmente, a produção dá para a canção um verniz refinado, acrescentando substância para a instrumentalização. O que faz do single um trabalho sensacional é a sua força criativa por trás da composição e, claro, a presença magnífica de Janelle.

Primeiramente, Django Jane é um hino sobre a exaltação do poder a cantora que é, na verdade, uma exaltação do empoderamento feminino em uma época que o assunto está no topo das maiores discussões sobre a sociedade. Só que a composição não é apenas relevante em relação ao seu tema, pois o que ouvimos em Django Jane é uma das melhores letras do ano cheia de sacadas geniais sobre ela mesma e a cultura pop em geral e uma construção que beira a genialidade. Completando o pacote em grande estilo, Janelle Monáe entrega uma performance rap arrebatadora, mostrando a sua versatilidade quase irreal e poder ofuscante. Apesar da qualidade de Django Jane, a cantora libera todo a sua força criativa na genial Make Me Feel.

Quando ouvi os primeiros acordes de Make Me Feel já saquei que a canção era uma clara alusão a sonoridade do Prince, principalmente a dos anos oitenta/começo dos noventa. Então, surgiram rumores que a canção teria sido "idealizada" pelo próprio cantor antes de morrer e que o mesmo ajudou Janelle em gravações do álbum. Depois da confirmação da própria cantora dos rumores, Make Me Feel deixa claro quem é a verdeira e por direito herdeira criativa e intelectual do Prince.

Make Me Feel é, na sua essência, uma prima direta do hit Kiss, mas com uma configuração minimalista e com uma forte influência de eletrônico. Uma sensual, provocante, envolvente, swingada, dançante e eletrizante funk/R&B/dance pop com um arranjo milimetricamente construído para dar importância para cada instrumento, indo das batidas que imitam sons com a boca até a entrada da guitarra no melhor estilo Prince. Todo aqui é uma verdadeira orgia de sons, criando uma batida refinada e classuda sem precisar de ser demasiadamente complexa. Make Me Feel é tão contagiante que é impossível ao menos não bater os pezinhos acompanhando a batida.  Soando mais comercial do que antes, Janelle Monáe parece não ter perdido o seu tino artístico com uma composição excepcional que fala sobre desejo sexual de forma nada vulgar e criando um refrão simples, rápido e viciante. Sem precisar de muito esforço, Janelle domina a canção do começo ao fim, imprimindo toda a sua força vocal e a sua personalidade revigorante. Sem querer soar precipitado, mas Make Me Feel tem todas as chances de ser uma das músicas de 2018. E, consequentemente, Janelle Monáe está preparando o terreno para ser a artista do ano. Oremos!
notas
Make Me Feel: 9
Django Jane: 8

3 comentários:

aedo.lopes@gmail.com disse...

Em total acordo.

G. RLS disse...
Este comentário foi removido pelo autor.
G. RLS disse...

Vc quer Grammys??