The Chemical Brothers
Se existe uma coisa estranha na vida é a tal da memória. Pessoalmente, não lembro direito de algumas coisas importantes que aconteceram comigo, mas consigo relembrar perfeitamente de outras que, o bem da verdade, não fazem a menor importância para a minha vida. Uma das dessas memórias desimportantes envolve o duo britânico The Chemical Brothers.
Em viagens a casa da minha marinha lá pelos meados dos anos dois mil tinha normalmente um gostinho especial para mim, pois era lá que poderia ver TV a cabo, especialmente a MTV. Naquela época, a antiga MTV ainda era de grande importância para a música nacional e internacional, apresentando e divulgando todo o tipo de artista através dos clipes. Ainda sem nenhum entendimento sobre música e, obviamente, quase sem acesso a internet, aqueles momentos que passava na frente da TV foram essenciais para a construção da minha visão e paixão sobre a música. Um dos clipes que relembro mais daquela época foi o inusitado The Salmon Dance em que vemos uma festa bem animada em um aquário ao som de música eletrônica com toques de hip hop. Sem saber exatamente quem era o artista por trás, pois o clipe era quase todo em animação, The Salmon Dance virou uma memória que até hoje volta a dar as caras na vida de tempos em tempos. E eis que depois desse tempo todo surge novamente o donos da canção na minha história: o The Chemical Brothers.
Importantes nomes da cena eletrônica britânica na década de '90, o The Chemical Brothers conseguiu manter uma sonoridade parecida ao longos dos anos sem precisar de comprometeram a visão deles perante as novas gerações. De um lado, isso é ruim, pois para alguns os novos trabalhos pode soar datados e sem inspiração. Do outro lado, isso é bom já que mostra integridade artística, satisfazendo os fãs das antigas. Isso fica claro com o single MAH, primeiro single do oitavo álbum da carreira deles. A canção é uma mistura bem azeitada de eletrônico com toques de hip hop que, tirando algumas frases repetidas e uma risada feminina, é uma faixa instrumental. A construção da produção para a instrumentalização não apresenta nada de novo, mas tem um refinamento em saber como fazer do batido arroz com feijão um prato principal em um jantar de gala. Feita para fazer pessoas "fritarem" em shows e festivais de música eletrônica, MAH é divertida e contagiante na medida certa para abafar o cheiro de naftalina que exala. Além disso, existe essa memória afetiva que ajuda MAH a não ser um trabalho com resultado negativo. Na verdade, essa memória é que mantém a carreira de artistas como o The Chemical Brothers ativa. E espero que por muitos anos.
nota: 7,5
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