Ariana Grande
"Em apenas seis anos desde que lançou o seu primeiro álbum (Yours Truly), a Ariana Grande conseguiu fazer o que vários artistas demoram até décadas para alcançar: ir de surpreende promessa para uma carreira solidificada e, agora, chegar ao status de uma verdadeira força artística. O catalizador dessa evolução é o lançamento de thank u, next, o seu mais coeso álbum até o momento. E mesmo que não seja o melhor, o álbum é a prova cabal da potencia artística que a jovem é dona."
Tirando apenas duas palavras, o parágrafo acima é basicamente o mesmo que escrevi para o lançamento de Sweetener há menos de seis messes atrás. Isso, porque, Ariana Grande está em uma verdadeira enxurrada criativa quase inabalável, conseguindo emplacar canção atrás de canção e gerando um barulho que, atualmente, não existe nem comparação dentro do mundo pop. Na verdade, a força da Ariana está tão no auge que a mesma é a pessoa mais importante da indústria da música no começo de 2019. Gostando ou não da jovem, não é possível negar que a mesma está como o Leonardo Di Caprio no Titanic: no topo do mundo. E, sejamos ainda mais sinceros, essa posição não veio de bandeja para a cantora que foi construindo a sua imagem artística com muito esmero e um senso criativo quase imaculado. E apesar da pouca passagem de tempo desde o lançamento do primeiro álbum para esse quinto trabalho, Ariana Grande alcançou algo que muitos ainda perseguem: uma personalidade artística definida. Se Sweetener comprovou a sua força artística, thank u, next vem para confirmar a maturidade de Ariana em saber como lidar com a sua arte. Em apenas seis messes, a cantora ao lado de uma equipe dos principais nomes do mundo pop da atualidade como, por exemplo, Max Martin, Ilya Salmanzadeh e Pop Wansel conseguiram erguer um trabalho coeso, bem estruturado, cheio de personalidade e, principalmente, fluido.
Como ressaltado no primeiro parágrafo, o álbum pode até não ser o melhor dela de maneira geral, mas apresenta uma fluidez espantosa, ainda mais levando em conta o pouco tempo de produção. Sem ter nenhum buraco ou momento em que a peteca dá uma desacelerada, thank u, next é um elegante, auto consciente, divertido e carismático trabalho de pop com pinceladas generosas de R&B, dance-pop e hip hop, emoldurados em uma sonoridade que foi construída para ser algo representante da persona da Ariana Grande. Se no álbum anterior havia momentos com uma pegada mais radiofônica como é o caso de no tears left to cry e breathin, o novo álbum refuta a ideia de fazer canções que possam se adequar ao mercado para fazer sucesso, mas, sim, o mercado é precisa se adequar as canções mais comerciais que a sonoridade da cantora apresenta. Esse é o perfeito caso da canção que dá nome ao álbum e número um da Billboard: thank u, next pode até ter toques de um pop mais comercial, mas, sejamos sinceros, a canção passa bem longe do que normalmente ouvimos cantoras pop fazendo para conseguir emplacar nas paradas. Isso demonstra o poder de Ariana que está conseguindo impor a sua visão sobre o que é o pop no atual mainstream. E não para por aí, pois, pela primeira vez, Ariana não conta com nenhuma participação dentro do álbum, explicitando o seu pleno domínio e segurança de ser capaz de segurar sozinha um álbum de sucesso, ademais que parcerias são um fator cada vez mais importantes para o desempenho comercial nos dias de hoje. Todos esses elogios não isenta thank u, next de não ter erros.
O primeiro erro é, paradoxalmente, o fato do álbum não ter exatamente um momento de puro e absoluto destaque. Devido a sua fluidez, thank u, next deixa de ter aquela faixa de pura genialidade ou mesmo uma que conseguisse sair dessa linearidade. Não intenda errado, pois essa constância é o que traz a unidade impecável para o trabalho, mas que também não deixa uma faixa saltar aos olhos. E até poderia existir uma canção assim sem que o álbum perdesse a sua coesão como aconteceu, por exemplo, com o Troye Sivan no álbum Bloom em que My My My! era um grande destaque, mas que mesmo assim o álbum não deixou de ser redondinho do começo ao fim. O segundo erro é uma visão mais pessoal sobre a música, mas que não deixa de pode ressoar com outras pessoas: a sensação que algumas canções terminam de forma abrupta ou que parecem mal finalizadas. Vejamos o caso do single: 7 rings é a canção mais fraca de thank u, next, pois, além de uma escolha sonora questionável, parece terminar sem ter o seu clímax bem definido. Essa é uma característica que pode até não ser notada por parte do público, porém, para aqueles mais detalhistas, pode soar bem irritante no minimo. Esses problemas não tiram o verdadeiro brilho por trás do álbum: a própria Ariana Grande.
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