Weezer
Acredito que a maioria das pessoas conheça aquele famoso "tiozão do pavê". E se você não conhece existe uma grande uma possibilidade de ser você essa figura. O que ninguém reconhece é que esses tiozões em algum momento foram jovens, vibrantes, cheios de pensamentos novos e com piadas realmente engraçadas. Entretanto, a vida passou e eis que a idade chegou para aqueles que um dia se irritavam com os seus tiozões. Isso também acontece no mundo da música como expõe a banda Weezer.
Conhecidos pelo grande público desde a metade dos anos noventa, a banda californiana parece ter agrado a critica unanimemente apenas com o primeiro álbum, o hoje intitulado Blue Album de 1994. Depois disso, os álbuns deles receberam criticas que foram do positivo ao mediado para o bastante negativo. Isso não impossibilitou que o Weezer não acumulasse uma legião fiel de fãs e chegasse ao décimo segundo álbum com uma carreira que ainda causa comoção. E como vocês podem notar fazendo as contas desde o lançamento do primeiro álbum já fazem cerca de vinte e cinco anos que o Weezer está no mercado, fazendo assim seus integrantes estarem na casa dos cinquenta anos de idade. E adivinha qual é a idade que nascem os tiozões? Assim como bons tiozões, a banda parece que ligou o foda-se para a vergonha alheia e, depois de um pedido de um fã, resolveu lançar um álbum que é quase uma piada sem graça de pavê, mas que pode gerar algum interesse devido ao seu plot twist.
Como dito anteriormente, Weezer (Teal Album) começou a ser bolado quando, respondendo ao um pedido de um fã de quatorze ano no Twitter, pediu que a banda lançasse uma versão do hit dos anos oitenta Africa da banda Toto. Antes do lançamento, a banda trollou os fãs ao divulgar o cover de Rosanna, outra canção do Toto. Entretanto, a banda decidiu lançar o "pedido" e, para surpresa de muitos, a versão de Africa conseguiu viralizar e atingiu o posto de 51 na Billboard, tornando-se o maior sucesso deles desde 2009. Então, a banda resolveu surpreender com o lançamento do álbum que, além de incluir o cover do Toto, é composta totalmente de outros covers. Obvio que a decisão não é nada incomum de gravar um álbum de covers, mas é aqui que as coisas começam a ficar "entiozidas" devido as escolhas das canções.
Weezer (Teal Album) é composto por uma mistura canções de rock pesado, eletrônico, soul, R&B contemporâneo, new wave e art rock que não faz o menor sentido, pois o único fio condutor é o fato delas terem sido grande sucessos. O resultado final das escolhas é quase como uma conversa em um grupo de Whatsapp em que todos os integrantes estão falando sobre assuntos diferentes ao mesmo tempo, criando uma coleção de escolhas estranha e bem deslocada. Todavia, isso não impediria que a banda entregasse um trabalho bom ao saber como fazer as releituras das canções da melhor forma possível. O problema é que a banda não está nem ligando para como as pessoas iram reagir ao trabalho, pois o álbum é revestido em camada pesada de despretensão que acaba, infelizmente, soando mais como "vergonha alheia".
Existe uma constante em fazer o cover de uma canção clássica: respeita a versão original ao alterar o mínimo possível e dando a melhor parte técnica possível ou reverte tudo em um trabalho completamente desconstruído e surpreendente, dando o seu toque pessoal. O Weezer, porém, fica no meio do caminho ao repeitar os originais, mas dando leves toques da personalidade da banda. Essa decisão poderia funcionar se não fosse essa atmosfera de galhofa que parece permear todo o trabalho, tirando qualquer reação séria de quem ouve. Decisão ousada que pode agradar alguns e irritar uma boa parte do público. No meu caso, o quase meio do caminho é aonde fico posicionado. Tecnicamente, a banda entrega um álbum correto e com um produção afinada e bem orquestrada, mas que nunca chega a ser impressionante criativamente ou que mesmo esteja acima da média. Sonoramente, o álbum é um decente, mas morno, indie rock/pop rock que consegue ter alguns momentos, mas, no geral, não combina em nada com as canções escolhidas. Além de Africa, outros momentos que funcionam no álbum é em Sweet Dreams (Are Made Of This) (aquele que conseguir estragar a canção do Eurythmics é porque tem um talento sem precedentes para fazer m%rdas), Happy Together (o clássico dos anos sessenta da banda the Turtles) e Billie Jean (provando novamente a sua versatilidade depois da versão já clássica do falecido Chris Cornell). Infelizmente, outras não tiveram tanta sorte como o caso de No Scrubs (?!?) do TLC e o clássico atemporal Stand By Me de Ben E. King. O pior momento, porém, fica por conta da versão catastrófica de Mr. Blue Sky da banda Electric Light Orchestra. O concesso final de Weezer (Teal Album) é que o Weezer entregou uma piada em forma de álbum que, para alegria geral dos tiozões e seus adoradores, deve ter alguma graça genuína. Para o resto do público, a gente fica com cara de sorriso amarelo.
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