Corinne Bailey Rae
Se você conhece a britânica Corinne Bailey Rae apenas pelos seus sucessos iniciais em Like a Star e, principalmente, Put Your Records On irá fica completamente surpreendido ao escutar Black Rainbows, quarto álbum da sua carreira. Quem a acompanha, porém, é fácil notar a evolução sonora da cantora, mesmo que ainda tenha encontrado algumas surpresas.
Progressivo, exuberante, ousado e com um senso estético bem definido, o álbum é uma mistura inspirada e contundente de jazz, indie rock, art rock, soul/neo-soul, art pop, eletrônico, garage rock e R&B contemporâneo. A surpresa não é apenas ouvir os gêneros na visão de Corinne e, sim, constar que a cantora consegue navegar de maneira natural, conseguindo adicionar a sua personalidade em todas as canções. A doçura delicada, iluminada e madura que a mesma foi sempre conhecida é presente no álbum, mas existe uma agressividade desconcertante em Black Rainbows que faz a total diferença para a percepção do álbum. E, queridos leitores, essa versão da Corinne é uma faceta nova, mas é o claro resultado dos anos desde a sua estreia em 2006. Na verdade, a verdadeira surpresa no álbum é o tom político que a cantora adiciona para o álbum.
Longe de ser um tema único, pois a mesma ainda fala sobre outros assuntos, o tom politico é marcante e vem em ondas escaldantes como se fosse um vento quente na nossa cara. Em Erasure, uma indie rock com influencia punk, a cantora fala sobre o apagamento das pessoas pretas ao cantor ao entoar a plenos pulmões: “They tried to erase you/ They tried to eviscerate you, hide behind the curtain/ Make you forget your name”. Longo em seguida, o álbum pega o caminho do indie rock/jazz/eletrônico/experimental Earthlings que reflete sobre o que os humanos fizeram com a terra sob o ponto de alienígena em tom ácido e irônico. Todavia, Corinne está no seu ápice ao falar de assuntos mais emocionais no sentido das relações entre duas pessoas. E nesse quesito nada supera a supremacia da espetacular Put It Down. Com oito minutos e meio, a canção é atmosférica, épica e impressionante viagem eletrônica com pinceladas de uk garage e R&B que a transforma em um dos momentos mais desconcertantes do álbum. Contrastando com a força da canção, Black Rainbows abre espaço logo em seguida para a espetacular Peach Velvet Sky em que a produção entrega uma lindíssima e tocante balada jazz/experimental em facilmente poderia ter sido feito pela Kate Bush. Black Rainbows ainda tem como destaques a fascinante, romântica e mágica Red Horse e a sombria e marcante Before the Throne of the Invisible God. É um renascimento improvável, mas para a carreira Corinne Bailey Rae é o caminho natural para uma carreira louvável.
Nenhum comentário:
Postar um comentário