Jennifer Lopez
Jennifer Lopez se encontra em um momento curioso da carreira em que não desfruta da mesma relevância comercial dos áureos tempos, mas seria um crime negar a sua importância para o mainstream. Gostando ou não, a cantora/atriz ainda é um dos nomes mais relevantes da indústria de entretenimento e abriu portas para toda uma geração de latinos, mesmo que o cenário ainda esteja bem longe do ideal. Recentemente, a artista vem tendo mais relevância no seu lado de atualmente, mas com This Is Me...Now mostra que ainda tem algo para mostrar musicalmente. E, apesar de ser apenas bonzinho, o seu nono álbum é mais interessante que o esperado e tem alguns momentos inspirados de verdade.
Antes de falar dos louros começo pelas pedras encontradas no caminho. This Is Me...Now é um álbum que parece “too little too late” ao tentar injetar um verniz conceitual e artístico para a cantora que normalmente sempre foi pelo caminho mais comercial possível. É louvável que a produção diversa e imensa tente criar uma sonoridade R&B contemporâneo que flerte com gêneros diferentes para criar uma sensação de maturidade e soar maior que é de verdade. Está longe de ser ruim de verdade, pois existe uma clara linha de raciocínio, uma parte técnica sólida e alguns momentos realmente de brilho. O que acontece é o resultado final fica soando como que tentaram morder mais que boca aguentaria, terminado com uma sensação forte de exagero em que foi tentado demais e, não, houve uma fluidez na criação. E isso é mais grave quando comparamos com This Is Me...Then, pois o atual álbum é uma sequencia do trabalho que na minha opinião é o melhor da cantora devido justamente a sonoridade. Na resenha em Antes Tarde do Que Nunca disse que o trabalho de 2022 tinha como “qualidade principal o fato da sonoridade olhar para o passado sem perder, porém, a capacidade de criar um trabalho essencialmente comercial, sabendo evidenciar a diva que está por trás. Claro, aqui ouvimos uma Jennifer romântica, sonhadora e terna, mas tem como base a explosão latina que ajudou a sua carreira explodir. Misturando com a atmosfera vintage, This Is Me...Then se torna um dos poucos álbuns pop daquela época a realmente ter uma cara bem definida e uma personalidade distinta de verdade”. E por falar sobre romantismo, This Is Me...Now era nesse quesito quando parece ser apenas sobre o mesmo tempo.
Assim como o álbum de 2002, o trabalho atual é um reflexo da relação dela com o Bem Afleck. Se antes era um amor jovem, intenso e cerco por polemicas que transformou o casou em um dos primeiros “casal evento” da era moderna da tecnologia e mídia, o atual momento é sobre o reencontro maduro, calmo, centrado e profundo. E isso é realmente interessante, pois quantos artistas podem se vangloriar de refletir sobre um amor em fases completamente diferentes? O problema é que ao contrario do primeiro álbum que o assunto era leve e bem difuso, This Is Me...Now pesa a mão ao parecer que apenas quer falar sobre o quanto Jennifer está feliz e realizada amorosamente, deixando a escuta do álbum cansativa e repetitiva. É como se a gente fosse convidado para um almoço que a cantora que a mesma fica apenas falando do assunto sem parar. E olha que de maneira geral, a qualidade técnica é bem superior as reflexões amorosas do álbum de 2002.
Quando existe um escape do tema, a cantora consegue alguns bons momentos como na forte Hearts and Flowers que relata os desafios que a mesma teve ao longo dos anos e como superou. O ponto alto aqui fica por conta do uso do sample do seu hit Jenny from the Block para fechar um ciclo emocional. Se resto do álbum seguisse essa autoreferencia poderia facilmente ter um álbum bem melhor. O que realmente ajuda o trabalho a ganhar pontos valiosos é o que sempre foi um ponto fraco da Jennifer: a sua voz. Todos sabemos que a cantora nunca foi a melhor vocalista e sua voz é limitada, especialmente nos primeiros anos o que gerou várias polemicas sobre backvocais usados nas suas canções. Todavia, a cantora evolui e muito ao mostrar segurança e uma força aqui que nunca tinha aparecido em outros trabalhos e até mesmo ao vivo, ficando claro isso na maneira louvável que a mesma segura a power balada que dá nome ao álbum em This Is Me…Now e como deixa seu timbre preencher a delicada e emocional Broken Like Me. Quando todas as peças se encaixam, o álbum entrega o seu grande momento na ótima Can't Get Enough ao ser “uma simpática, divertida, dançante e com personalidade de sobra mistura de pop, dance, R&B e toques de reggae que consegue fazer a gente lembrar da sonoridade do álbum antecessor e, ao mesmo tempo, ser uma brisa de ar fresco. Bem produzida do começo ao fim, o single acerta no uso do sample de I'm Still in Love with You de Ellis que ficou famosa por ser usada como sample na canção de mesmo nome do Sean Paul. Existe esse ar de familiaridade na canção de J.Lo, mas o uso é tão acertado que dá aquele toque especial para a canção”. Sem quase repercutir comercialmente nem com a ajuda do filme conceito elogiado pela critica lançada ao mesmo This Is Me...Now flopou comercialmente. Todavia, o trabalho merece ser escutado por mostrar que a cantora ainda tem a vontade de fazer algo diferente, mesmo que não acerte o alvo.
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