Ariana Grande
Consolidada como um dos maiores nomes da cultura pop da atualidade, a Ariana Grande fez um hiato da música de cerca de três anos e meio. Apesar disso, a cantora não exatamente sumiu do mapa já que esteve envolvida em outros projetos como ser jurado do The Voice e as gravações da aguardada adaptação de Wicked. Além disso, Ariana se viu envolta a polemicas devido ao fim do seu casamento e um tumultuado novo relacionamento. E isso tudo é refletido em eternal sunshine, o seu aguardado sétimo álbum da carreira. A boa notícia é que existe uma melhora considerável em relação ao decepcionante Positions, mas ainda é um trabalho aquém que a artista tem a capacidade de entregar.
Acredito que a melhor definição para o trabalho é que Ariana pode ser um furacão, mas entrega uma brisa apenas suave. É boa essa brisa? Sim, pois é refrescante, delicada e, quando estamos precisando, nos proporciona bons momentos. Entretanto, Ariana é uma artista tão talentosa e que imprimi uma personalidade única e gigantesca que precisa e merece um material que esteja na mesma sintonia e, principalmente, nível. E esse não é o caso de eternal sunshine, especialmente devido a maneira como é conduzido a produção. Nem é possível culpar outros por esse resultado já que a cantora é coautora de todo álbum ao lado de nomes como Max Martin, Ilya Salmanzadeh, entre outros. Então, o caminho escolhido aqui tem a total aprovação da artista, deixando um pouquinho pior os seus defeitos. O grande problema aqui não está na sua forma e, sim, na estética da sua atmosfera.
Sonoramente, o álbum é um direto, lindamente produzido, coeso, azeitado e cativante trabalho de synth-pop que vai tendo costuras largas e reluzentes de R&B contemporâneo, dance-pop, disco e trap. E isso é feito de maneira tecnicamente perfeita, pois consegue agregar novas camadas para a sonoridade da Ariana enquanto mantem certa familiaridade com que já ouvimos da cantora. Tenho que admitir que particularmente gosto da sonoridade apresentada aqui ao ser uma reconfortante e acolhedora que mistura muito bem uma base sólida e familiar. eternal sunshine é um álbum que faz a gente gostar de ouvir sem tem muito o que pensar. Todavia, quando presto um pouco mais atenção é fácil notar que o álbum não vai além do que se propõe a fazer. Na verdade, a produção aumenta o nível de segurança a potencia máxima ao dar uma estética com tons pasteis, leves e contidos. Tudo parece esterilizado para não desandar sem correr nenhum risco. E nem precisaria de experimentar pesadamente, mas, sim, sair desse lugar preexistente e dar umas pinceladas de ousadia aqui e ali. Até o mesmo o conceito do álbum é levado de maneira a ser uma “quase” crônica sobre o mesmo tema (fim de relacionamento e o começo de outro) que tem como referência ao filme Brilho Eterno de uma Mente sem Lembranças. A melhor representação do que estou falando está em apenas uma canção: We Can't Be Friends (Wait for Your Love).
Quando comecei a escutar o segundo single, a impressão era que a batida contida e climática dos versos iniciais iria dar espaço para uma explosão synth-pop. Isso até acontece, mas é uma explosão comedida, linear e fofa que deixa certo ar de faltar algo. Até gosto dessa quebra de expectativa, pois o resultado é cativante e um dos melhores do álbum. O que acontece é que era possível adicionar muito mais força e manter a mesma intenção. Ariana já fiz isso alguns anos com a sensacional Into You. Existe, porém, um verdadeiro raio de luz que atinge eternal sunshine e consegue elevar de maneira considerável o resultado de todas as canções: a presença da Ariana. Sem dúvida nenhuma, a cantora é uma das maiores vozes do cenário que surgiu nos últimos vinte anos, mas não é apenas sobre poder e alcance vocal. O que a cantora mostra todo o potencial e versatilidade ao preencher todos momentos com seu timbre aveludado, rico, encorpado e cristalino adicionando personalidade verdadeira para o álbum. Poderia ter ainda mais força? Sim, mas Ariana segue apenas o fluxo do que é construído. Com poucos momentos destaques puros além do já citado, eternal sunshine se destaque com o sucesso de Yes, And? ao ser “uma requentada, divertida, elegante e fácil de viciar fusão de dance-pop, house e post-disco que tem estampado a sua personalidade de maneira impecável. O grande trunfo de Yes, And? é que a sua produção, assinada pela cantora ao de Max Martin e Ilya Salmanzadeh, cria uma batida que é leve, direta e extremamente comercial, mas que devido a adição da suas influencias não se torna dispensável” e The Boy Is Mine que ao usar o sample da canção de mesmo nome da Brandy e Monica consegue dar uma cor inusitada e bem vida para o resultado final. eternal sunshine coloca Ariana Grande no caminho certo artisticamente, mas ainda está longe de ser a grandiosidade sonora que a artista tem a capacidade de entregar.
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