Magna Carta... Holy Grail
Jay-Z
Nem o mais benevolente e sábio rei que já reinou sobre essas terras conseguiu reinar sem ter ao menos um momento de fraqueza. E assim é desde os tempos mais remotos e vai ser assim até os fins dos tempos. Não é diferente para os "reis da música". O último deles a entrar nessa lista é o "rei do hip hop" o rapper Jay-Z (agora se estiliza sem o hífen) que depois de uma discografia impecável entrega no seu décimo segundo álbum solo Magna Carta... Holy Grail o seu trabalho mais fraco.
Vamos deixar claro que quando eu falo do trabalho mais fraco é, principalmente, comparando com a própria discografia do Jay Z. Já que se compararmos com outros rappers, Magna Carta... Holy Grail ainda está bem acima da média. E ainda por cima o álbum está bem longe de ser considerado em qualquer categoria de flop comercial já que na semana de lançamento lançou mais de 500 mil cópias físicas marcando o 13° primeiro lugar de Jay-Z no topo da Billboard e mais de 1 milhão de cópias via download usando a parceria com a Samsung, um numero sem precedentes até hoje. Então, mesmo ainda não sendo o trabalho artístico que se esperava, Jay Z ainda tem nas mãos mais um sucesso.
Magna Carta... Holy Grail marca o primeiro trabalho de Jay Z que tem uma concepção mais "artística" dele. Além da união com a Samsung unindo o álbum com os novos veículos de comunicação, Magna Carta... tem tudo a atmosfera de não apenas mais um álbum de hip hop, mas um "manifesto" pessoal usando o hip hop hop como veículo de expressão. Liricamente, o álbum é bem construido seguindo uma linha de raciocínio coerente e bem amarradinha uma faixa com a outra. O que faltou aqui é aquilo que eu chamo de o fator "Z" que apenas o Jay Z pode trazer com toques de genialidade inspirados e inesperados que mostram a superioridade poética dele e da produção que o cerca. São composições boas, mas não chegam a empolgar como poderiam. Um bom exemplo disso é em Tom Ford uma boa música que faltou algo na sua elaboração final. A produção que ficou divida entre o Timbaland e Jerome "J-Roc" Harmon (com algumas produções adicionais de nomes como Mike Will Made It, The Dream, Swizz Beatz, Pharrell Williams e outros) elabora uma caprichada e refinada coleção de faixas. Infelizmente, tudo se perde na tentativa de criar uma sonoridade mais apurada que não é o suficiente poderosa para transcender os limites do CD. De certa maneira a produção restringe Jaz Z que entrega boas performances, mas em sua maioria contidas e em certos momentos em automáticas que não refletem o que ele pode fazer. Em algumas faixas, Jay Z conta com participações que conseguem "superar" o próprio rapper e por coincidência então entre as melhores do álbum: o carro chefe do álbum que também é o o primeiro single Holy Grail tem a participação do Justin Timberlake; a dramática Oceans tem Frank Ocean, e por fim; Part II (On The Run) com a esposa Beyoncé. Há também outros momentos interessantes no álbum como a divertida Somewhere in America (que faz uma critica à Miley Cyrus), a boa Heaven e a em tom de desabafo JAY Z Blue que o rapper fez para sua filha. Sim, Magna Carta... Holy Grail é o calcanhar de Aquiles de Jay Z, mas o cara tem tanto crédito que esse deslize não vai fazer sua coroa perder quase nenhum brilho, quanto mais destrui-lo como o gigante da mitologia.
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