Lily Allen
O mundo pop na música é um complexo emaranhado de cordas de diferentes tamanhos, cores e, o mais importante, resistências. Tudo isso sustenta boa parte da indústria fonográfica atual e garante o "leite" de milhares de crianças. Mesmo com a existência de uma variedade imensa de tipos de cordas que compõem essa teia há sempre uma corda tão especifica que sua falta é uma perde quase irreparável. Uma dessas cordas é a que representa a inglesa Lily Allen. E o que me faz pensar dessa maneira? Simples: Allen voltou de um período sabático com o álbum Sheezus mostrando que continua a mesma. Ou seja: continua sendo sensacional.
Cinco anos depois do lançamento do seu segundo álbum (It's Not Me, It's You de 2009), Allen resolveu lançar seu terceiro trabalho quase que para provar que ela é ainda é necessária para o mundo da música, em especial para o competitivo e barulhento pop. A principal razão para isso é que até pode existir igual, mas não nenhuma compositora no atual pop tão boa como Lily Allen.
Em Sheezus, Lily demonstra que não perdeu nada do seu distinto olhar sobre tudo e todos. Allen ficou conhecida por saber como discorrer sobre um assunto de maneira extremamente critica e ácida sem perder em nenhum momento o tom irônico e engraçado que marcou ela em seus primeiros trabalhos. Basicamente, as composições em seu novo trabalho se dividem em dois temas: reflexões sobre sua vida particular e sobre a fama. Nesse segundo quesito, Lily se coloca de duas maneiras: como uma simples observadora e como sendo parte dessa "instituição". É nessa parte que a cantora faz as suas melhores e mais pungente criticas ao falar sobre o atual cenário do mundo das celebridades & CIA, sobre o obsessivo fascínio da mídia e do público, a exposição, as trocas de valores e até mesmo sobre si mesma. Sempre direta do começo ao fim sem mandar recados "escondidos", Allen mantém outra grande qualidade em suas composições: toda critica não parece algo forçado, mas soa natural, principalmente, com a ajuda do seu sempre humor refinado. E Allen não espera muito para começar a "descer a lenha": a abertura já têm a mortal faixa Sheezus (resenha a seguir) que além de reapresentar a cantora ao mundo da música faz analise sobre o atual mundo das divas pop. E ela continua seu desfile com Insincerely Yours um soco no estômago sobre o vicio em saber da vida dos famosos e com um toque pessoal desconcertante. Claro, ainda tem a sensacional Hand Out Here que se destaca como a melhor faixa de Sheezus. Com os cinco anos "fora" sendo esposa e mãe, Allen também pode ter tempo para poder analisar a vida normal de uma pessoa como na boa Life for Me que mostra as delicias de ser mãe e dona de casa, na declaração para marido em L8 Cmmr e nas deliciosas As Long as I Got You e Close Your Eyes. Resumidamente: não importa qual seja o objeto de sua critica, Lily entregou o seu doce veneno feito para deliciar quem estava com abstinência. A cantora Lily Allen continua com sua deliciosa voz e completamente carismática com seu sotaque britânico compensando pela falta de alcance e, ás vezes, a falta de versatilidade. O que há para ser critica em Sheezus é que a cantora ao lado dos produtores (principalmente Greg Kurstin) não se arriscam na sonoridade. Novamente, Allen faz novamente um seguro e bem amarrado pop/synthpop, mas que não passa disso mesmo com algumas influências diferentes. Mesmo assim, Sheezus é um álbum que precisa ser ouvido, pois é a luz que brilha no fim do túnel da mesmice e da falta de personalidade que assola o pop e a música de uma maneira geral. E Lily Allen faça o favor de não sumir por muito tempo que precisamos de você!
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