Mariah Carey
O décimo quarto álbum da carreira da Mariah Carey é o seu retorno ao mundo da música na sua melhor forma desde o seu último retorno em 2005 com The Emancipation of Mimi. Porém, o novo trabalho não tem (aparentemente) nenhuma canção que se destaca que podemos dizer: "Essa vai ser um imenso sucesso!". Só que Me. I Am Mariah… é um álbum tão coeso e sólido como The Emancipation. O trabalho também não vai ser o arrasa quarteirões em termos de vendagens como o retorno anterior. Todavia, Me. I Am Mariah…The Elusive Chanteuse mostra uma Mariah renovada sem perder a sua identidade original. Sendo assim, Mariah Carey entrega o seu melhor trabalho em anos com uma dignidade ímpar.
Se não podemos esperar uma revolução na sonoridade de MC, Me. I Am Mariah…The Elusive Chanteuse é um trabalho certeiro no que a cantora sabe fazer de melhor: R&B/pop com a sua personalidade incrustada do começo ao fim. O que faz o CD ganhar pontos positivos, entretanto, além do competente time de produtores que, liderados por Mariah, tem nomes como Hit-Boy, Jermaine Dupri, Bryan-Michael Cox e Q-Tip, é o fato de mesmo respeitando o DNA de Carey foi possível adicionar nuances novas em sua sonoridade. São nesses momentos que o álbum ganha vida de maneira inspiradora com o flerte com R&B mais moderninho e com o dance pop. Não é por menos que vem dessas misturas os melhores momentos do álbum: o single #Beautiful ao lado do cantor Miguel e You Don't Know What To Do com o rapper Wale em que Mariah faz um excepcional dance com forte influência de funk/disco music dos anos setenta. Só que Mariah não seria Mariah sem entregar seus momentos que a fizeram quem é. Com a produção fazendo um trabalho eficiente em quase todos os momentos, Me. I Am Mariah… mostra que a cantora ainda é a diva que sempre foi, talvez menos potente, mas, com a força emocional intacta. Logo de cara tem a boa balada pop/gospel Cry. Por falar em gospel, esse deve ser o trabalho mais orientando nessa direção: além da canção já citada, tem ainda a legal Camouflage e Heavenly (No Ways Tired / Can't Give Up Now), gospel do começo ao fim. Repito o que já foi escrito: Me. I Am Mariah…The Elusive Chanteuse é um trabalho sólido que traz o melhor da cantora a tona. Todavia, há certos momentos não tão bons, ou melhor, momentos não tão sólidos. O pior deles é a regravação de One More Try do George Michael. Ótima música que é transformada em uma arrastada faixa com influência gospel. Outros momentos são: a bem intencionada, mas fraca Dedicated com o rapper Nas que pretende ser uma homenagem ao "passado" só que não tem a força que deveria ter e o confuso single You're Mine (Eternal) que parece perdido dentro do álbum.
Outro positivo é a atuação vocal de Mariah: mesmo sem nenhum momento grandiosamente inesquecível, a cantora está contida em performances equilibradas e bem produzidas. Claro, ainda podemos ouvir os velhos (e as vezes, bons) maneirismos em vários momentos que devem deixar fãs da cantora com arrepios na espinha. O que não mudou e continua sendo uma coisa que ainda gera criticas são as composições vindas de MC. As faixas em Me. I Am Mariah…The Elusive Chanteuse são escritas com cuidado e são trabalhos bons, mas que não avançam no esquema romântico água com açúcar e/ou diva cantando com rapper. Uma decisão questionável é colocar na versão deluxe duas canções de Memoirs of an Imperfect Angel apenas adicionando participações especiais de nomes consagrados da música. Enquanto a adição de Mary J. Blige melhora It's a Wrap, R.Kelly não faz justiça a Betcha Gon' Know. Mesmo com essa escolha, Me. I Am Mariah…The Elusive Chanteuse tem outros momentos que compensam como a bonita "parceria" com o casal de gêmeos da cantora em Supernatural, a irônica e dançante Meteorite e a The Art of Letting Go. Parafraseando Beyoncé em Ghost: talvez Mariah Carey não vá fazer dinheiro com Me. I Am Mariah…The Elusive Chanteuse. Bem, o que importa é que Mariah entrou um trabalho com qualidade verdadeira. E isso é o que importa, não é?
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