Conchita Wurst
Não é um trabalho original ou revolucionário, mas o primeiro álbum da drag queen austríaca Conchita Wurst é um delicioso e carismático exercício de entrega no que o pop tem de mais clichê, exagerado e tradicional.
Conchita tem como carro chefe a canção vencedora do Eurovision de 2014, Rise Like a Phoenix. E a sonoridade do álbum não muda muito em relação a música: pop adulto com uma atmosfera tradicional que lembra grandes divas como, por exemplo, Shirley Bassey e de diva mais contemporâneas como a Leona Lewis. O que isso significa de fato? Simples: os arranjos são grandiosos, propositalmente acima do tom, e beirando ao cafona. Caminhando nessa linha tão tênue entre o entretenimento e o exageradamente brega, a produção acerta no tom do álbum que é ajuda pela inclusão de uma mistura de eletrônico misturado com a noção de que o álbum é uma especie de homenagem/cópia desse estilo sem cair na chacota e nem levando-se realmente a sério. Esse é o caso de Where Have All the Good Men Gone que não tem medo de parecer um tema de um filme de James Bond, mas que, na realidade, seria o tema de um filme de parodia o James Bond. Outro segredo para que o álbum funcionar é o fato de que Conchita (o seu nome real é Thomas "Tom" Neuwirth) é realmente uma ótima cantora. Dona de uma voz que desbanca boa parte do mainstream pop atualmente, Conchita encarna com perfeição o papel de diva old fashion entregando ótimas performances ao longo do álbum como é o caso da inspirada You Are Unstoppable com a sua composição de auto-ajuda. Esse é outro ponto de destaque em Conchita: bastante convencional em suas letras, mas com uma deliberada e bem feita vontade de passar lições sobre superação e positividade. Além das músicas já citadas, outros bons momentos do álbum são Put That Fire Out, Out of Body Experience, Other Side of Me e Heroes. Conchita consegue ser um trabalho convencionalmente bem feito e bem vindo em um momento que os vários artistas precisam inovar a todo o momento.
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