20 de junho de 2016

Por Um Mundo Melhor

Change
Christina Aguilera

Vivemos em uma época aonde pesadas e densas nuvens pairam sobre a nossa sociedade. O massacre na boate em Orlando foi apenas mais um lembrete que a humanidade está caminhando para o lugar sombrio e que, talvez, não tenha volta. Ainda há tempo para acordarmos, mas precisamos agir o mais rápido possível. Esse é tema da canção Change da Christina Aguilera, lançada em homenagem as vitimas do atentado.

A canção não é exatamente o comeback da cantora ou muito menos a melhor dela, mas, felizmente, mostra que ainda existem bons sentimentos nesse insano mundo. A canção fala sobre a esperança em uma mudança que possa nos salvar. A composição é simples e eficiente, mas que não teria a mesma força se não fosse cantada por Aguilera. Mesmo em uma performance quase trivial, a cantora entrega emoção genuína sem muito esforço. Talvez com uma produção com mais tempo de trabalho poderia ter resultado em uma música mais completa e com uma sonoridade definida. Apesar disso, Change é um pequeno balsamo para nossos corações em tempos tão difíceis.
nota: 6,5

19 de junho de 2016

Um DJ Para Todas as Estações

Talk (feat. George Maple)
DJ Snake

Até o presente momento, o DJ/produtor francês DJ Snake tem sido conhecido pelo seu trabalho como colaborador. Seja como produtor da Lady GaGa no álbum Born This Way, remixando canções (AlunaGeorge) ou sendo featuring em canções (Diplo e Lil Jon). Com o lançamento do single Talk, quem sabe ele não consegue ter um sucesso dele próprio?

Mesmo com o bom desempenho da canção Middle do ano passado, DJ Snake ainda não fez exatamente um nome para si perante o grande público. Talk pode ser o perfeito veículo para ele realizar esse processo, apesar de não ser exatamente uma canção nova. O single usa os vocais da desconhecida George Maple na sua canção Talk Talk de 2014 para construir a nova canção. Com as mesmas influências de Lean On com a sonoridade "tropical" em primeiro plano misturado com a batida eletrônica, mas com uma pegada sexy devido aos vocais aveludados da cantora. Além disso, a composição é um acerto, pois sai do lugar comum ao ser uma delicada letra sobre sexo. Claro, DJ Snake ainda entrega músicas que possuem quase uma mesma forma, mas, felizmente, esse padrão tem funcionado até o momento. E, por isso, Talk tem todas as chances para ser um sucesso.
nota: 7

16 de junho de 2016

Suave Batidão

Staring at the Sun
Little Boots

Apesar de o nome sugestivo parecer de uma banda, Little Boots é na verdade de o pseudônimo da cantora/DJ britânica Victoria Christina Hesketh. Com uma carreira que já conta com três álbuns lançados, a cantora irá lançar um EP chamado After Hours, uma especie de continuação do seu último álbum Working Girl de 2015, que tem como single a boa Staring at the Sun.

Little Boots é dona de uma sonoridade eletrônica/eletropop interessante, pois não parte para o pancadão explicito e clichê. A cantora tem uma pegada bem mais leve para construir as suas batidas, criando uma atmosfera convidativa e orgânica. Em Staring at the Sun, Little Boots entrega uma canção sensual, radiofônica e divertida que poderia ter apenas uma duração menor para funcionar melhor. A composição é legal e tem uma inteligente atmosfera contemplativa, mesmo com um tema um pouco batido sobre encontrar a felicidade. Staring at the Sun é uma boa opção para quem cansou de ouvir as mesmas batidas eletrônicas, mas também não quer ir muito longe desse nicho.
nota: 7,5

15 de junho de 2016

Reviravoltas

Tears (feat. Louisa Johnson)
Clean Bandit

Sempre é bom ser surpreendido com algo completamente inesperado e que ajuda a quebrar expectativas anteriores. Ás vezes, porém, essa surpresa é tão intensa que ganha ares de reviravoltas de cair o queixo. 

A banda de música eletrônica britânica Clean Bandit que ganhou fama com o sucesso vencedor do Grammy Rather Be chamou Louisa Johnson, a última vencedora do The X Factor UK, para ser a voz na música Tears, primeiro single do novo álbum deles. A minha expectativa ao ouvir sobre a canção era quase nula, pois eu já tinha uma visão clara sobre o que poderia resultar essa união: o mais do mesmo de uma banda repetitiva com a união de um cantora que ainda precisa de muita experiência para tirar a sensação de ser apenas uma voz poderosa. Não posso negar que Tears tem essas características, mas as suas qualidades são bem maiores que os defeitos. 

O principal ponto de destaque na canção é maturidade de produção que Clean Bandit mostra em um trabalho sólido, muito bem construído e que deixa claro o crescimento deles. Ainda com o tônica de misturar música clássica e eletrônica, Clean Bandit entrega uma instrumentalização muito mais rica  e forte que os trabalhos anteriores, elevando a sua sonoridade. Claro, Tears ainda soa em algumas partes como um trabalho massificado e ainda é preciso a banda explorar novos limites dessa sonoridade. Tirando isso, Tears tem potencial para virar o mesmo sucesso que Rather Be e ajudar a recente carreira de Louisa Johnson. A jovem entrega uma performance extremamente eficiente e poderosa, mesmo que ainda falte a cantora aprender a como mostrar as nuances da sua voz para explorar melhor a canção e, não ser apenas, a dona de uma voz potente. Com uma composição bonita, Tears é uma das melhores surpresas do ano, ao menos para mim.
nota: 7,5

13 de junho de 2016

Isn't Working!

Nothing Is Promised
Mike Will Made It & Rihanna

A receita deveria resultar em uma grande música, mas não foi isso o que aconteceu com a parceria do produtor Mike Will Made It (produtor de Formation) com a Rihanna. O resultado foi a mediana Nothing Is Promised.

Tentando surfar no sucesso de Work, Nothing Is Promised é um trap music com uma batida que, na teoria, seria perfeita para tocar nas rádios americanas. Todavia, a produção de Mike se esqueceu de dar para a canção personalidade própria e qualquer coisa que a destacaria da multidão. Sem o carisma de Work ou a genialidade de Formation, Nothing Is Promised precisa confiar nos vocais de Rihanna para ter algum brilho, mas até isso parece prejudicado com a cantora em modo automático. Nothing Is Promised não funcionou em nenhum nível.
nota: 5,5

11 de junho de 2016

Coisas da Inglaterra

Cry (feat. Take That)
Sigma

Como eu já falei várias vezes aqui no blog, a Inglaterra tem um mercado fonográfico bem curioso, para não dizer outra coisa. Apenas lá que existe mercado para as boy bands e grupos de instrumentalistas de sucesso que não possuem cantores. Então, nada mais normal que a união dos dois em uma música: Cry da dupla Sigma com a participação do Take That, o ex-grupo do Robbie Williams (agora um trio de tiozões).

Sigma é um duo que segue a chamada drum e bass que é uma derivação da música eletrônica inglesa que tem como base uma batida bem marcante e uma construção bem rica e diversificada. Infelizmente, o grande problema dessa sonoridade é sustentar uma música na sua totalidade. Como já tinham mostrando em singles anteriores, o duo faz uma ótima base para Cry com uma atmosfera pomposa e muito marcante. Entretanto, a canção perde folego na sua segunda metade e a produção fica repetitiva. Mesmo assim, Cry tem um resultado final acima da média com a ajuda dos bons vocais do Take That. mostrando que os tiozões ainda são relevantes artisticamente. Por fim, a composição é interessante, mas com uma falsa profundidade para inglês ver. E é exatamente para isso mesmo a existência desses artistas.
nota: 7 

7 de junho de 2016

Antes Tarde do Que Nunca - Grandes Álbuns

Tapestry
Carole King

Infelizmente, nem todos os grandes álbuns conseguem manter a mesma relevância na mente das pessoas com o passar dos anos, apesar da importância que possa ter para a história da música. Um desses álbuns é o clássico Tapestry da Carole King. E a importância do trabalho foi crucial para a música nos anos setenta e, por consequência, para os dias atuais.

5 de junho de 2016

A Materialização da Vergonha Alheia

Me Too
Meghan Trainor

Ouvir Me Too, segundo single do álbum Thank You da Meghan Trainor, é extremamente divertido, mas não pelos motivos certos. 

A canção é uma verdadeira pérola da vergonha alheia em todos os níveis, principalmente o da sua ridiculamente engraçada e egocêntrica sobre amar quem você é. A ideia é até boa e bem intencionada, não há como mentir. Entretanto, fica muito complicado em ouvir "Se eu fosse você, eu também ia querer ser eu / Eu também ia querer ser eu / Eu também ia querer ser eu" e não ficar vermelho de vergonha alheia pelo nível de "poesia" na canção. Não que era esperado algo genial, mas era para ser algo tão ruim como apresentado aqui. A produção também é um desastre com a tentativa de misturar pop com rap que resulta em uma mistureba clichê, mas que, de alguma forma, funciona para virar single. Meghan Trainor fica perdida nessa loucura em performance esquizofrênica e pouco inspirada que tem como ponto baixo a sua tentativa de ser uma rapper no refrão. Se Me Too não for a materialização da expressão de vergonha alheia, não sei o que é de verdade.
nota: 4

3 de junho de 2016

Era Uma Vez Um Produtor

Don't You Need Somebody (feat. Enrique Iglesias, R. City, Serayah & Shaggy)
RedOne

Ele foi o responsável por ajuda na ascensão da carreira da Lady Gaga, além de ter sido o produtor de dezenas de sucessos para outros artistas. Apesar disso, Nadir Khayat, mais conhecido como RedOne, está um pouco sumido do cenário musical nos últimos anos. Todavia, isso parece que irá mudar nos próximos messes quando o produtor voltará a trabalhar com a GaGa. Além disso, RedOne lançou recentemente o seu primeiro single solo intitulado Don't You Need Somebody.

Como vocês podem ter notado que a canção tem quase o mesmo tanto de featuring que a Beyoncé tem de Grammys. Esse fato ajuda a tirar qualquer personalidade vocal da canção, deixando acentuado a chuva de maneirismo do rapper/cantor jamaicano Shaggy que, aparentemente, ressurgiu do limbo. Além disso, Don't You Need Somebody é uma produção tão preguiçosa de RedOne que mistura reggae e música latina para criar uma cruza repetitiva e completamente esquecível. O nível da composição é de espantar: a falta de criatividade resulta em uma coleção de lugares comuns e um refrão tão longo que parece não ter fim. Com esse retorno, RedOne não deve o recolocar no topo do mundo musical. Agora é esperar os novos trabalhos com GaGa.
nota: 3,5