Antes Tarde do Que Nunca - Grandes Álbuns

Tapestry
Carole King

Infelizmente, nem todos os grandes álbuns conseguem manter a mesma relevância na mente das pessoas com o passar dos anos, apesar da importância que possa ter para a história da música. Um desses álbuns é o clássico Tapestry da Carole King. E a importância do trabalho foi crucial para a música nos anos setenta e, por consequência, para os dias atuais.

Breve História Sobre a Tapeçaria de Carole

Era o começo dos anos setenta. A música tinha sido alterada definitivamente com o aparecimento de quatro jovens britânicos que tinham surgiram na década anterior. Havia um verdadeiro burburinho em torno da geração que estava por vim que seria a geração da revolução. Entretanto, o lugar da mulher nessa revolução ainda era nula e ainda estava muito limitada de uma maneira geral. O melhor exemplo é a premiação mais importante da música: o Grammy. Criado em 1959, o prêmio tem a sua maior categoria a premiação de Álbum do Ano e até 1971 apenas quatro mulheres tinham sido indicadas ao prêmio de maneira individual e apenas duas foram vencedoras: Ella Fitzgerald (1959), Judy Garland (1962, vencedora), Barbra Streisand (vencedora em 1964 e indicada em 1965, 1966 e 1967) e Vikki Carr (1968). Além disso, essas cantoras eram interpretes, into é, não escreviam as suas canções, apenas interpretavam grandes trabalhos do cancioneiro americano. Isso mudou com o aparecimento de jovem cantora de nome Carole King e a sua vitória em 1972.

Antes de ser uma cantora, Carole é uma compositora. E uma compositora simplesmente genial. Essa sua faceta já tinha sido revelada anos antes quando ela co-escreveu uma das maiores canções de todos os tempos: (You Make Me Feel Like) A Natural Woman que ficou imortalizada na voz de Aretha Franklin. Apenas por essa canção, Carole já tinha o seu lugar marcado na música. Todavia, ela lança em 1971 o álbum que iria a eternizar: Tapestry. Mesmo com o fiasco comercial do seu álbum debut (Writer de 1970), o novo trabalho se transformou em um gigantesco sucesso de vendas com mais de 25 milhões de cópias mundialmente, sendo o álbum feminino mais vendido de todos os tempos durante vinte anos e, também, uma das maiores vendagens no geral até hoje. Porém, não é só por isso que o álbum é um verdadeiro clássico influenciador de várias gerações que a sucedeu : dez das doze faixas foram compostas por ela sozinha ou em parceria. Carole King não foi apenas uma desbravadora dentro da indústria musical, mas como também estabeleceu vários parâmetros para o rock/pop rock dali para frente. Tapestry se transformou em um marco importantíssimo e precisa ser redescoberto com urgência.

Pequenos Grandes Sentimentos

O grande talento de Carole como compositora é fazer de sentimentos "simples" em crônicas sensíveis e tocantes. A sua habilidade de expressar esses sentimentos é devido ao seu distinto talento em construir letras de entendimento descomplicadas, delicadas e tocantes, mas sem soar simplistas ou clichês. Tapestry é uma obra que beira a ingenuidade genuína, refletindo a mente de uma jovem em pleno amadurecimento. Ao mesmo tempo, porém, a força de reflexão por trás das letras mostra o talento nato da cantora em elevar esses sentimentos, transformando em trabalhos profundos e, ao mesmo tempo, acessíveis ao público em geral. Um perfeito exemplo disso é a clássica You've Got A Friend em que a cantora faz a definitiva e arrasadora declaração de amizade. Emocionante, sincera e de uma simplicidade desconcertante, a faixa foi a vencedora do Grammy de Canção do Ano e ganhou outra versão clássica na voz do amigo de Carole, a outra lenda James Taylor. Por falar em regravações, Tapestry guarda alguns momentos históricos: Carole faz a sua versão para (You Make Me Feel Like) A Natural Woman e, também, para Will You Love Me Tomorrow da girl banda The Shirelles composta por ela anos antes.

Voz e Piano: Uma Nova Era

Longe de ter uma voz que se comparava as grandes cantoras da época como, por exemplo, Barbra Streisand e Roberta Flack, Carole King mostrava uma voz bem mais contida, muitas vezes imperfeita, mas que tinha como principal marca a qualidade em saber como contar uma história. Essa característica seria extremamente importante para toda uma geração de artistas seguintes que se consagraram como "singer/songwriter", mas sem precisar ter uma voz avassaladora e se tendo como base a interpretação das emoções expressas nas letras das músicas. Tendo isso em mente, observar Carole interpretar músicas como Way Over Yonder e o seu toque gospel, Where You Lead e Beautiful é uma verdadeira aula e um tour de force inspiradíssimo. Outra grande característica da sonoridade da cantora é a sua instrumentalização que usa o piano como a sua principal base. Não só a base, mas toda a sua personalidade artística de Carole é sustentada pelo seu talento como pianista. Infelizmente, com o passar de mais de quarenta anos, Tapestry perdeu um pouco do brilho que deveria ter para quem o ouviu lá em 1971. Entretanto, o álbum ainda matem toda a sua força de criação, mostrando o talento de uma artista que deve ser descoberta pelas novas geração. E, claro, virar inspiração.