20 de outubro de 2016

Primeira Impressão

Joanne
Lady Gaga





Joanne, o tão aguardado quinto álbum da Lady Gaga, sofre de um mal muito raro nos dias de hoje: ótimas ideias, realização não tão boa. E olha que o álbum não é tão ruim assim, mas não está a altura do seu potencial e, muito menos, a expectativa gerada pelo retorno de GaGa a música.

Acredito que muitos deverão falar sobre a mudança da sonoridade da cantora que entrega em Joanne uma mistura de pop rock e country. Não é esse o caso do problema no álbum. Ao arriscar em novos caminhos, GaGa mostra que não tem medo de enfrentar os desafios de quase um recomeçar em sua carreira, procurando evoluir como a artista que sempre demonstrou ser. Ela não tem a responsabilidade de agradar a todos, mas não há como negar o talento da cantora. Além disso, se todos os artistas mantivessem a mesma sonoridade que os levaram ao sucesso existiria uma lista imensa de nomes que não seriam o que são como, por exemplo, David Bowie, Madonna, Michael Jackson, Beyoncé, Justin Timberlake, entre outros. Isso não é e nunca será um problema, na verdade é uma qualidade que deveríamos ver em mais artistas. Então, nessa parte Joanne é elogiável. Todavia, alguma coisa deu errado, resultado em um álbum apático e longe de representar todo o talento de GaGa.

A ideia de criar uma sonoridade pop rock/country para GaGa é interessante, ousada e, de certa um passo natural para ela que não é apenas uma cantora, pois essa sonoridade tem uma atmosfera muito mais orgânica e artística. Além disso, a cantora fez o dever de casa perfeitamente ao se reunir com nomes extremamente talentosos para a produção: Mark Ronson (dono do sucesso Uptown Funk e responsável por Back to Black Amy Winehouse), BloodPop (produtor com trabalhos ao lado de nomes como Madonna, Britney Spears, Justin Bieber, Grimes e vários outros), Jeff Bhasker (responsável por hits para nomes que vão da Beyoncé, passando pelo Kanye West e Fun e chegando a nomes como Lana Del Rey, fun. Drake, P!nk, entre outros) e Emile Haynie (Bruno Mars, Eminem, Lana Del Rey). Essa reunião de tantos talentos é um verdadeiro sopro de esperança na teoria, pois na prática o que ouvimos em Joanne é que a formula não deu liga.

Como eu já disse anteriormente, o álbum não é exatamente ruim, mas está bem longe do que poderia ter sido caso tivesse tudo dado certo. A sensação que o trabalho passa é que tudo não passa de versões demos que ainda irão passar por uma finalização para serem laçadas. Não é a parte técnica que estou me referindo, pois os arranjos criados para cada uma das faixas são trabalhos de qualidade. Acontece, porém, que as faixas soam como se tivessem faltado um verniz que pudessem ressaltar toda as ideias que cada um tem para chegar no "mundo real" de uma forma tão impactante como era esperado. Falta atitude. Falta força de criação. Falta rumo. Falta coesão. Falta acabamento. Falta as principais qualidades que GaGa mostrou nos outros álbuns. E não se engane: não é a questão de antes ela ter entregado pop. É a questão dela não ter sabido o que fazer com todas as suas influências escolhidas para Joanne.  O álbum, porém, tem os seus momentos sonoros, principalmente depois da sua metade que começa exatamente no single Perfect Illusion que consegue ejetar alguma animação ao álbum e, principalmente, dar uma direção para as outras canções. Não que as outras músicas são capazes de "salvar" o trabalho como um todo, mas ajuda a dar uma noção do que Joanne seria se tivesse dado certo.

Outro ponto de critica são as composições. Mesmo em ARTPOP que era até então o seu pior trabalho, GaGa sempre conseguiu entregar letras com um brilho indiscutivelmente próprio e de uma noção pop impecável. Aqui nada disso se mostra, deixando um ar confuso, apático e de uma falta de inspiração melancólica. O lado positivo é que, felizmente, GaGa entrega um tom bem intimo e pessoal o que ajuda algumas composições como é o caso da bonita Angel Down. Felizmente, Joanne não cai em um abismo pop sem volta devido a presença magnética da cantora que consegue entregar performances vocais bem acima da qualidade do álbum em si. A presença vocal de GaGa é como a Meryl Streep atuando em filme meia boca: o que vale é a presença das artistas e não exatamente o conteúdo do trabalho em si. Além das canções já citadas, outros momentos bons do ficam por conta da country pop/bluesgrass Sinner's Prayer, a balada contida Million Reasons, a divertida Come to Mama que tem uma boa influência soul e a indie pop Hey Girl com a presença de Florence Welch que termina como a melhor faixa do álbum. Joanne foi um tiro dado por GaGa no melhor momento, mas que, infelizmente, não acertou o alvo. Quem sabe na próxima era da sua carreira? 

3 comentários:

Unknown disse...

Não concordo com quase nada de sua resenha. Joanne mostra o amadurecimento da Gaga e, ao contrário do que foi dito, é o álbum mais coeso dela e rem, sem sombra de dúvidas, as melhores letras da carreira dela.
É melhor, em diversos aspectos, que o endeusado (e superestimado) Lemonade, por exemplo, até porque podemos realmente sentir a Gaga em todo o álbum. É um álbum fantástico e, certamente, o melhor da Gaga até agora. Pena que as pessoas não enxergam além do que a crítica e mídia pregam!

Devo dizer que sou fã e visitante assíduo do blog. Apenas não concordei com esse review.

PS: Quando sai o review do novo single do Little Mix, Shout Out To My Ex?

Igor Motta disse...

olha eu amei o álbum, achei bem orgânico e muito cheio de personalidade ela veio de um momento da carreira que o mundo disse que Ela precisava de um novo The Fame Monster , dai ela aparece com o Joanne. Para mim isso significa ser uma artista que luta pelo o que acredita. É só minha opinião. Amo o blog e quero te parabenizar pelo trabalho!! Abraços.

lucas lopes disse...

Não sou fã de Lady Gaga, acho superestimada ao máximo, mas sei de sua importância no atual cenário pop. Bom, detestei Perfect Illusion, mas, algo me dizia que o álbum era bom, baixei e me surpreendi. Joanne é um máximo! É o seu disco menos egocêntrico, megalomaníaco e esquizofrênico, achei bem coeso, mas nada espetacular.

Agora, dizer que o Lemonade é superestimado como o parceiro acima, é no mínimo burrice.