20 de dezembro de 2019

Primeira Impressão

Lover
Taylor Swift



É impossível negar que ao chegar seu sétimo álbum, a Taylor Swift é a maior estrela pop da atualidade. Não a melhor, mas a maior em questão de números e alcance de seu sucesso nos Estados Unidos e mundo afora. E, sinceramente, a cantora vem evoluindo sistematicamente em qualidade, conseguindo firmar o seu nome com uma consistente e bem produzida exemplo de diva pop para a nova geração. Entretanto, a cantora precisa ainda aparar algumas arestas soltas que ficam claras com o resultado do bom Lover.

A maior aresta que precisa ser aparada é o fato da cantora não saber exatamente qual lado do pop que a mesma melhor se encaixa, pois Lover transita de forma irregular entre um electropop comercial um electropop com um pegada mais artística. Ambos os lado são produzidos de maneira exemplar pela própria cantora e pelo Jack Antonoff, mas é claro que a cantora funciona bem melhor quando está entoando canções com pegadas mais indie. Essa característica pode ser até devido a estética de Antonoff, conhecido por trabalhar com artistas pop mais alternativos. Isso não diminui, porém, o fato da Taylor soar muito melhor como uma cantora pop/indie pop do que apenas pop. Isso fica bem claro com o desempenho dos dois primeiros singles do álbum: ME!You Need To Calm Down. Além de serem dois dos momentos mais fracos do álbum, nenhuma das canções realmente parece funcionar na sua proposta de ser uma versão mais comercial da cantora. Na verdade, nenhuma das canções com essa característica dentro de álbum parece realmente preencher essa lacuna de fato, apesar de serem melhores que as canções citadas. E é que a "indie Taylor" parece encontrar o seu espaço e ajudar a fazer de Lover um trabalho acima da média.

Mostrando maturidade artística e um senso estético refinado, Taylor entrega canções indie pop/pop/electropop elegantes, revigorantes e com uma produção clean e com personalidade. Na minha opinião, não são trabalhos geniais, mas são canções muito bem pensadas e produzidas que apresenta uma honestidade cativante. Ao contrário dos trabalhos anteriores em que, na minha visão, tinham uma pretensiosidade irritante, Lover apresenta uma sonoridade mais orgânica, fluida e com uma noção sonora mais arredondada. Repito: não é perfeito e, sim, animador. Até mesmo as canções menos interessantes apresentam tais qualidades, mas são naquelas que venho referindo com as da "indie Taylor" que o resultado é bem mais visível. O grande momento do álbum e aquele que melhor expressa todas as qualidades do álbum é a ótima faixa The Archer que, apesar de parece um trabalho da Carly Rae Jepsen, consegue se sobressair devido a sua melodia delicadamente melancólica. Apesar do teor da canção, Lover de forma geral é o álbum mais feliz e romântica da cantora.

Deixando as suas queixas românticas de lado, Taylor mostra toda a sua felicidade em letras fofas, inteligentes e com uma noção clara de como escrever canções pop como poucas. Madura e completamente dona de seu oficio, a cantora entrega boas composições, equilibrando bem momentos de pura inspiração com momentos feitos para simplesmente virarem "chiclete" na boca do público. A faixa que dá nome álbum mostra com clareza essa qualidade da cantora: Lover é uma tocante e romântica indie folk/country pop que tem a capacidade de apresentar versos inspirados como em Swear to be overdramatic and true to my lover/ And you'll save all your dirtiest jokes for me e, ao mesmo tempo, entregar um refrão redondo e de fácil memorização. Ainda não foi dessa vez que a cantora entregou uma letra genial. Felizmente, o resultado final é bem amarrado do começo ao fim, não apresentando nenhuma grande lacuna. Outro problema que precisa ser levantado é que Lover é muito longo com as suas dezoito faixas e uma hora de duração que, assim como o trabalho da Lana Dey Rey, teria um melhor resultado com uma versão mais enxuta. Outros bons momentos do álbum ficam por conta de Miss Americana & The Heartbreak Prince e a sua vibe The Killers, a volta ao country com a tocante Soon You'll Get Better e a empoderada The Man, a melhor canção comercial do álbum. Mesmo com os problemas citados, Lover é um bom álbum pop que ajuda a Taylor Swift a continua a sua dominação no gênero e, para a minha surpresa, dá mais um passo para na evolução artística.  

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