Pabllo Vittar
É interessante notar que a Pabllo Vittar nunca será a pacificadora na nação em relação a atual música brasileira, mas conseguiu encontrar qual a sonoridade que funciona para a sua carreira e, principalmente, quem é seu público. E é sem reinventar a roda que a drag entrega em 111, seu terceiro álbum, o trabalho que melhor traduz a sua maturidade artística e, por consequência, o seu momento até o momento.
Descartável e, ao mesmo tempo, extremamente divertido, 111 é a síntese de toda a qualidade na sonoridade da Pabllo, sendo envernizado em despretensão reluzente e comercial. Com apenas nove faixas e menos de vinte e cinco minutos, o álbum é metralhadora de gêneros que vai de latin pop até brega funk, passando por gospel e electropop até chegar no axé e funk que não quer dizer muita coisa ou ter lá muito coesão, mas consegue envolver pelas música rápidas, rasteiras e com apelo viciante no máximo. A melhor qualidade da produção não é saber o que funciona melhor para Pabllo e, sim, a qualidade técnica que o álbum possui ao fazer das canções trabalho completos e com cara de canções realmente acabas. Dá para perceber que as canções foram trabalhos com tempo, cuidado e inteligência para não soarem como demos inacabadas. Gostando ou não, a drag evoluiu vocalmente e não tem medo de usar a sua voz para dar personalidade para as canções como é o caso da inusitada gospel pancadão Rajadão. Quando a mesma sustenta no carisma as suas performances, o álbum apresenta momentos como as divertidas Parabéns e Tímida ao lado da estrela latina Thalía. O melhor momento, porém, fica por conta das canções que representam a Pabllo: a parceria com Charlie XCX em Flash Pose e a prazer culposo Amor de Que. Sem precisar agradar a quem não gosta, Pabllo Vittar vai construindo a sua carreira com as suas próprias regras e conquistando feitos que muitos diziam que não seria possível.
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