Pure Heroine
Lorde
Devo admitir que deixar passar o lançamento do debut por preguiça. Nem liguei muito para Pure Heroine já que até então Lorde era para mim apenas mais uma cantora desconhecida que tinha um sucesso de verão. Todavia, ao longo dos meses a novata da Nova Zelândia de apenas dezessete anos foi crescendo no mundo artístico seja pelo sucesso alcançado pelo single Royals, seja pelos elogios de boa parte da critica especializada ou pela sua metralhadora de polêmicas que é a sua boca soltando farpas para todos os lados. Não importando qual o motivo o fato é que Lorde se tornou relevante e saber se ela é isso tudo o que falam. Então, qual é o meu veredicto? Lorde é e não é essa artista toda.
Pure Heroine é um álbum bom. Não chega aos pés do que vários críticos falaram por aí, mas está bem longe de um fiasco como de cantoras já estabelecidas que lançaram trabalhos esse ano. O grande problema em Pure Heroine é que estamos diante de uma artista em construção seja pela pouca idade ou pelo pouco tempo de carreira. Só que o cerne do que pode ser a artista Lorde está inserido e punge a todo instante. A característica mais refinada é a faceta compositora. Ao lado do produtor de Joel Little, Lorde consegue criar uma personalidade própria e com características impressionantes usando uma acidez e vivacidade avassaladora. Em todas as canções podemos ver uma artista tentando confrontar e questionar o mundo que a rodeia. Esse fato ao lado do talento nas construções metafóricas inteligentes faz com que a cantora se torna um dos maiores potenciais surgidos nos últimos tempos. O grande problema aqui é que a temática de Pure Heroine parece girar em círculos sobre o mesmo tema (as delicias e desprazeres da classe média baixa e a insustentável leveza da fama) falando as mesmas coisas só que de maneiras diferentes. São maneiras interessantes, mas são cansativas. Comparar os vocais dela com os da Lana Del Rey e em menor grau com a Adele é até aceitável já que em vários momentos podemos ouvir as similaridades, mas temos que dar o credito positivo, pois a cantora busca a sua própria verdade em performances estilizadas. Só que tudo parece tão linear já que ela repete os mesmos cacoetes usando o mesmo "tom" na sua interpretação em vários momentos. Lorde precisa aprender a ser mais versátil modulando sua voz assim como a sua interpretação. Assim também é a produção de Pure Heroine: a base da sonoridade de Lorde é o que se chama de art pop misturada como hip hop e eletrônico. A intenção é boa e o resultado em alguns momentos é surpreendente como em Team, Ribs, Buzzcut Season e até mesmo no single Royals. Contudo, a falta de variedade na construção das músicas faz com que muitas faixas soem parecidas sem se destacarem por si mesmas. Faltou uma visão mais apurada para a produção elevar a sonoridade de Lorde para outro patamar como fez o Florence + the Machine que, guardada as devidas as diferenças, segue o mesmo estilo só que foi além do óbvio. Lorde tem tudo para se tornar a artista que ela parece ser ou que muito acham que ela é. O tempo dirá.
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