BEYONCÉ
Beyoncé
De tempos em tempos um artista consegue quebrar as barreiras que prendem a indústria fonográfica. Ele simplesmente vai lá e muda as regras do jogo. Não apenas muda, mas destruí cada uma delas e as reconstrui a seu bel-prazer. Só que não é apenas uma revolução, mas é um renascimento. Um novo ciclo se inicia. Melhor: uma nova era. Senhoras e senhores, declaro aberta a Era Beyoncé.
Caso ninguém esteve em algum lugar entre Marte e Júpiter que não tinha wi-fi nos últimos dias você deve estar bem ciente do maior acontecimento do mundo da música nos últimos quinze anos. Vamos apenas recapitular: na madruga do dia 13 a Beyoncé resolveu lançar seu quinto CD. Simples assim, como eu e você decidimos ir ao mercado comprar pão e leite. Sem aviso prévio, sem divulgação, sem nenhum boato, sem nenhuma noticia, sem nenhum vazamento. Surpreendente é apenas eufemismo para descrever essa jogada. Todos foram pegos de surpresa: eu, você, a gravadora da cantora, todos os outros artistas, críticos, jornalistas, inimigas e a torcida do Flamengo e do Corinthians. Em uma época em que ser visto, falado, comentado, divulgado é a base do negócio e para o sucesso Bey nadou contra a maré. Não exatamente contra a maré, mas contra o tsunami da mesmice que dominou a música e a nós também. Você descrente pode perguntar "o que tem isso de inovador?". Tire a poeira da sua memória e tente lembrar qual artista com algum destaque tenha feito algo parecido? Em uma época que para qualquer trabalho relacionado com a música é preciso de divulgar datas, lançar preview, mostrar a arte da capa do single, lançar a música, disponibilizar a canção no iTunes, divulgar nas redes sociais, mandar para as rádios, lançar o lyric video, gravar o clipe, lançar preview do clipe, divulgar a canção em apresentações ao vivo em programas de TV ou/e entregas de prêmios, lançar clipe, entre outras mil coisas, sem contar a reza que tem de ser feita para a canção não "ser vazada", Beyoncé pulou todos esses estágios e pançou direto apenas o lançamento do álbum. Não apenas o CD de música, mas a cantora em busca da total emersão do público com a música, BEYONCÉ (nome estilizado do CD) é também um trabalho que prima também o visual. Acompanhando as 14 faixas foram lançados 17 videos clipes, um para cada música sendo, dois para intros e um bônus. O que isso diz sobre a Beyoncé?
Vamos destrinchar tudo isso: o primeiro aspecto é tentar imaginar como uma artista do porte da Beyoncé conseguiu gravar um álbum inteiro com todas as suas etapas sem vazar qualquer coisa sobre isso seja uma música ou mesmo uma noticia? Se isso não fosse sem precedentes, ela conseguiu gravar 17 clipes com produções primorosas, ecléticas, trabalhosas e grandiosas sem ninguém ficar sabendo. Houve noticias dos lugares em que houve as filmagens, mas nada que ligasse as gravações ao projeto. Imagine a quantidade de pessoas envolvidas em tudo isso que deve passar da primeira centena fácil. A logística por trás de tudo isso deve ter sido a mais perfeita que o mundo do entretenimento já testemunhou. Se bobear deve ser da história da propaganda. E nem falo da ideia em si, pois sem a sua a realização perfeita teria ido por água abaixo. O segundo aspecto a se analisar é que a cantora conseguiu se desenvencilhar das amarras que prendem a maioria dos artistas. Dona de si e da sua carreira, Beyoncé se deu o luxo de dispensar a ajuda da gravadora e todos os meios de divulgação para buscar uma conexão com sua arte e, por consequência, com o seu público. Isso tudo junto demonstra o nível que a cantora chegou em sua carreira perante a indústria fonográfica: ela não está no topo, mas bem acima de dele e de todos os outros artistas. Porém, nada disso seria realmente significante se o conteúdo não fosse relevante. E aí que Beyoncé se eleva e finca seus pés não apenas ao lado dos Deuses da música, mas no seu próprio lugar no Olimpo.
É até bem difícil começar a resenhar propriamente BEYONCÉ. Vamos apenas deixar uma coisa bem clara? O quinto álbum da carreira da Beyoncé não é a reinvenção da roda, mas é a construção da mesma da maneira mais perfeita que se pode imaginar. Sim, vou escrever de maneira bem clara e direta: BEYONCÉ é perfeito. Não apenas perfeito, mas também genial, sensacional, acachapante, poderoso, avassalador e todos os elogios que vocês estão acostumado a ler aqui no blog. Para a produção Bey chamou vários nomes conhecidos e consagrados como Timbaland,
Pharrel, Ammo, Ryan Tedder e até mesmo o Justin Timberlake, entre outros para criar o somo do álbum. Contudo, o maior destaque vai o até então desconhecidos Boots que praticamente faz a seu debut na produção do álbum em que tem a sua produção em nove das quatorze canções. Porém, não pensem vocês que essas escolhas resultam na elaboração de uma sonoridade já ouvida na carreira da Beyoncé, mas o resultado final é bem longe disso. Se não bastasse todo o ineditismo da forma de lançamento o álbum conta com a mais experimental sonoridade já feita por artista do porte da Beyoncé desde o Ray of Light da Madonna. Crua e ao mesmo tempo refinado. Poderosa ao mesmo tempo contida. Revolucionário e ao mesmo tempo respeitoso. Para a criação dessa viagem musical única e inesquecível a produção se fincou no R&B, pop e eletrônico e a partir disso foi criando uma sonoridade completamente visceral misturando outros estilos com novas e velhas texturas e batidas criando camadas ricas, mas que em certos momentos apenas parecem simples. A produção em cada faixa um trabalho primoroso em todos os sentido dando personalidade para cada uma. O resultado final é apoteótico e acima de qualquer expectativa ainda mais depois de ver cada um dos clipes. A intenção de criar uma experiência é alcançada de uma maneira que não dá para descrever. É preciso ser vivida.
Beyoncé e sua trupe de colaboradores/compositores também entregam o melhor do melhor em composições impressionantes e magistrais. Se você quer um álbum realmente que envolva um "conceito pessoal sobre o mundo do pop" de verdade, esse álbum é o BEYONCÉ. As faixas falam sobre a sua relação consigo mesma, com a fama, o seu relacionamento com o marido Jay-Z (os altos e baixos), a sua relação com o sexo, com amor, com a religião e com a recente maternidade. A maneira com que Beyoncé se abre aqui pode passar desapercebido para quem quer apenas a forma e não percebe do conteúdo. Estamos diante de uma cantora abrindo seu coração de verdade. Ao mesmo tempo, Bey nunca esteve tão sexual em suas letras, mas ao contrário de várias cantoras por aí ela consegue uma "fineza" ao falar de sexo. Tudo isso graças a competência em escrever cada letra sabendo como expressar sentimentos profundos de maneira primorosa e ao mesmo tempo entregando obras perfeitas no sentido da forma sabendo como usar as palavras, onde usa-las e porque usa-las para criar a melhor maneira de combinar com a produção não tradicional dada para o álbum. Para colocar a cereja em cima do bolo (só que uma cereja de dois quilos) Beyoncé está em estado de graça ao mostrar a total versatilidade de sua voz. Ela mostra todo o seu potencial como cantora em performances emocionantes ou a de interprete ao encarnar vários "personagens" como a sua persona rapper. Não há como negar ou comparar o poder da cantora.
Falar de faixa em especial aqui é injustiça com as outras, pois todas as quatorze canções são a definição de perfeição em forma de música. Além disso, como a própria cantora deseja, BEYONCÉ é um álbum para ser consumido no seu total músicas mais vídeos e não apenas uma ou outra canção. Para selar com chave de ouro cravejadas de diamantes, o trabalho está quebrando todos os recordes de vendas sendo apenas lançado no iTunes até agora e recebeu a melhores criticas da impressa especializada da sua carreira e a melhor para uma cantora do porte dela desde Confessions on a Dance Floor da Madonna. Não tenho medo que ao entregar o álbum da sua vida, Beyoncé não se coloca ao lado dos grandes como Michael Jackson, Madonna, Whitney Houston, The Beatles e outras lendas, mas se torna finalmente um deles. A partir de agora os outros artistas é que serão comparados e tentarão se igualar à Beyoncé. Nunca ultrapassar, apenas chegar perto. E que todos se curvem perante a Rainha Beyoncé! Que assim seja. Amém!
8 comentários:
Essa crítica: uma total hipérbole - por completa!- oriunda do amor de um fã! Decepcionante, supérflua, prescindível... Você altivou sua diva a patamares inabaláveis como se TODOS os outros artistas fossem lânguidos mortais diante da mesma. Redundantemente decepcionante, decepcionante... decepcionante!!!!!
Infelizmente tenho que concordar com o Pedro. Embora o álbum seja impressionante, o que mais impressiona não é a qualidade das faixas e dos vídeos e sim o susto que levamos e a jogada de marketing. Se esse álbum fosse premeditado e os clipes lançados separadamente não teria esse boom todo.
Ah, gente por favor, digo e repito: deixo meu lado fã do lado de fora do SoSingles. Se fosse assim não teria feito essa resenha:
http://sosingles.blogspot.com.br/2011/06/primeira-impressao.html
Além disso, dei a mesma ênfase quando resenhei artistas que nunca tinha ouvido falar como Frank Ocean e Kendrick Lamar. Além disso e dessa vez a maioria dos críticos estão tendo a mesma opinião. Repito: sou fã dela fora daqui. Aqui analiso como fã de boa música, e o álbum é o que é. E citando India. Arie: Don't be offended this is all my opinion
ain't nothing that I'm sayin law
Voltem sempre e obrigado!
Ahhh Jota, desculpa falar isso, mas a voz do fã falou muito mais alto nessa resenha :-) Não é algo ruim não, acho isso interessante pq ate mesmo quem sempre resenha com imparcialidade acaba gostando de uma ou outra cantora ou cantor. Gosto muito da Beyonce, sempre com musicas marcantes e grandes sucessos, mas esse álbum em especial, por mais autoral, intimista, pessoal... sei o tanto de coisas intimas que ela colocou... enfim, é um album com um mesmo ritmo, com uma mesma "vibe". Posso morder a lingua, mas nao tem uma misica que eu conseidere "comercial", que todo mundo vai decorar e se lembrar pra sempre, como "Single Ladies", por exemplo. Mas enfim, eu curti as musicas, mas para colocar enquanto dirijo e a musica simplesmente passa no rádio e não canto junto. As letras podem ser lindas de viver, mas não sei... tem alguma coisa que não curto muito... vamos dar um tempo para esse álbum..., como foi lançado de uma única vez, pode ser que tudo tbm seja consumido de uma única vez e passe... espero que não!
Parabéns pela resenha, Jota. Povo fica mordido mesmo. Falaram imparcialidade? Sério, sou formado em Jornalismo e trabalho na área. Nunca vi! Na música? Crítico brasileiro? Oops, pior ainda. Todo dia leio absurdos desses caras que fingem saber algo. Na real, vejo seu texto como algo de valor opinativo. Deu a informação do lançamento, como foi, explicou os fatos/acontecimentos e sua opinião.
As pessoas reclama pela forma que você elaborou o SEU texto, mas nunca pararam parar ler os críticos conceituados. Geralmente resenhas atacando a vida pessoal do músico em questão.
Opinião sobre o álbum: mudou o mercado. Se fosse ao modo tradicional como seria? Não posso responder. Não sou mãe Dinah. O tal projeto da cantora americana vem recebendo ótimas críticas e se encontra de maneira estável no itunes.
Mesma vibe? Acho que "vi" um visual álbum diferente.
Álbum completamente apático e sem apelo artístico, somente feito para vender. Achei a resenha tendenciosa. sendo que adoro o blog e visito sempre.
Caro Jota, provavelmente os do contra acima sao a favor de Miley Cyrus e outros lixos que tem "tentado surpreender", voce foi extremamente genial nos seus comentarios e nao sou fã da Beyonce, gosto das musicas dela e tal. Com esse feito, Beyonce (Sim Rainha), provou o que sabe fazer melhor: Musica, provou o que ela é: Uma Artista Completa, provou que tem o poder de inovar e nao copiar as mesmices que tem vindo por ai. AMEI SUA RESENHA E VIVA A BEYONCE.
O álbum é ótimo, mas não é pra tanto. Parabéns pelo blog!
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