Ne-Yo
O grande problema do novo álbum do cantor Ne-Yo é que era para ter sido uma Ferrari, mas acabou resultando em Fusca 69 que nunca foi reformado.
Non-Fiction é a tentativa de criar uma espécie de álbum conceitual em que Ne-Yo abre o seu coração sobre os seus problemas amorosos. Até que existe um esboço para essa vontade, pois, na maior parte do tempo, as faixas do álbum falam sobre amor em um tom bastante pessoal. Porém, tudo vai pelo ralo devido a vários erros cometidos no álbum impedindo que o conceito realmente seja alcançado. O primeiro deles e o mais grave é o fato de Non-Fiction ter quatro versões diferentes com músicas excluídas em alguns, ordens diferentes e novas versões. Por causa disso não há como ter uma linha clara de raciocínio durante o álbum fazendo perder a força que poder ter se fosse um trabalho "coeso" tendo apenas uma versão (o blog ouviu a versão deluxe internacional). Se isso não bastasse, a produção de Non-Fiction entrega um trabalho correto, mas bastante insípido, sem criatividade e pouca energia. Longe daquela figura de expoente do R&B moderno que foi no começo da carreira, Ne-Yo se tornou uma repetição de si mesmo em canções medianas e dependendo de expedientes batidos para fazer algum sucesso como a parceria com o rapper Pitbull em Time of Our Lives. Apesar disso, Ne-Yo ainda tem os seus momentos como na interessante Take You There que mostra um caminho sonoro que poderia ter sido seguido por todo o álbum em um R&B diferente, na delicada Good Morning/Gon’ Ride, na ousada e irônica She Said I'm Hood Tho e, por fim, a balada Come Over com uma pegada de R&B dos anos noventa. Outro grande problema é a que as composições em Non-Fiction tem as mesma temática sobre o amor e, às vezes, usando as mesmas palavras pregando uma visão romântica/feminista de butique/sensual. Felizmente, Ne-Yo sustenta bem todas as canções com boas performances, mas Non-Fiction se perde completamente em muita vontade de fazer algo sensacionalmente de vanguarda que acaba datado e "aos pedaços".
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