2 de fevereiro de 2016

Melhores Singles de 2015 - Parte V




Parte I
Parte II
Parte III
Parte IV



10. Yoga
Janelle Monáe & Jidenna


"Se Yoga é a canção mais comercial de Janelle e não tem o mesmo acabamento estético de outras canções dela, tudo é compensado pela excepcional produção e duas performances deliciosas. Apesar de seguir uma estrutura tradicional de "diva + rapper", a perfeita química entre Janelle e o rapper pouco conhecido Jidenna é a peça central para fazer Yoga funcionar: ambos carismáticos, revestidos de uma atmosfera "sexy sem ser vulgar" e com entregando ótimas performances. A participação ótima de Jidenna mostra que nem todos os versos de rappers em canções de cantoras são desnecessários, mas quando feitas de maneira correta viram partes realmente importantes da canção. A batida bastante cadenciada une o hip hop com o trap em uma atmosfera deliciosamente dançante, envolvente e, obviamente, sensual. Porém, ao contrário de muitas músicas com a alcunha de "comercial", Yoga é um trabalho com substancia de verdade e não apenas uma simples imitação. Alvo principal das criticas, a composição não é só extraordinária por colocar em evidência a defesa do "girl power", mas também por ser divertida e repleta de geniais referencias que vão de Tina Turner até ao Brasil."

9. You Don't Know
Jill Scott

"A música é uma devastadora, cruel, melancólica e sinceramente desconcertante crônica sobre o amor, ou melhor, a dor que o amor causa. Narrada pela visão feminina, You Don't Know fala sobre aquele amor que apenas causa sofrimento quando um dos envolvidos se entrega de uma forma tão profunda e intensa que se deixa levar pelas promessas vazias do outro e sempre acabando no "fundo do poço". Mesmo assim, a pessoa acaba voltando, pois ama de verdade e acredita que o outro pode mudar. Na canção, Jill afirma que quem nunca viveu isso não sabe o que é amor. Isso é um pouco radical, mas não podemos negar que essa é uma das vertentes do amor. Toda essa carga dramática encontra na performance visceral de Jill a interprete perfeita para fazer You Don't Know a canção perfeita para embalar os corações destruídos. Assim como uma das divas do soul como Aretha ou Nina, Jill é envolta em uma produção R&B/blues de primeira categoria em um arranjo tradicional, mas de uma força emocional poderosa. You Don't Know mostra que dor não apenas rima com amor, mas andam juntas de mãos dadas como amantes."

8. I Can Change
Brandon Flowers

"A canção começa como uma balada com um piano como base, mas aos poucos vai transformando-se em um pop rock dançante com generosas pitada de new have e synthpop. O resultado do arranjo é feito propositalmente para soar como épico e melodramático, mas que poderia cair no pretensioso ou em categoria que chamo de "brega ruim". Não é isso que acontece, pois a madura e forte produção de Ariel Rechtshaid mantém as rédeas da canção firmes e não deixa I Can Change soar como uma pastiche de uma canção saída dos anos '80. Assim como todo o álbum, o single também exala a atmosfera da sonoridade da década de oitenta com seus sintetizadores poderosos e seus riffes de guitarra eletrizantes. Felizmente, a canção se sobressai por não ser uma cópia, mas, na verdade, uma releitura/homenagem."


7. WTF (Where They From) [feat. Pharrell Williams]
Missy Elliott

"WTF (Where They From) é aquela porrada hip hop que apenas a rapper consegue fazer desde a sua estreia em 1997 com o icônico Supa Dupa Fly. Dessa vez, porém, Missy ganha o poderoso verniz do gabaritado Pharrell Williams em um das suas melhores produções nos últimos anos: a mistura sua personalidade com a da Missy cria uma explosão dançante com a união de hip hop, funk e R&B. A batida é insana e completamente viciante. Com uma composição certeira e inteligente apenas como as letras da Missy, a rapper entrega uma performance avassaladora ao lado do Pharrell. O ano pode ter centenas de coisas que foram ruins, mas a volta da Missy não foi uma delas."

6. The Blacker the Berry
Kendrick Lamar


"The Blacker the Berry é o segundo single do seu próximo e ainda sem nome álbum do rapper Kendrick Lamar . Depois do lançamento da interessante i que ganhou dois Grammys na última edição, Kendrick demonstra que não está para brincadeira ao entregar uma das melhores canções rap dos últimos tempos com uma mensagem atual e pontual sobre o racismo. A composição em The Blacker the Berry é direta, sem meias palavras, inteligente e, o mais importante, furiosamente verdadeira. Kendrick tece criticas ácidas sobre a hipocrisia da sociedade e as suas concepções do que é ser negro hoje em dia. O rapper entrega uma performance raivosa conseguindo expressar toda a raiva e a indignação de uma vida inteira vendo e sendo vitima de injustiça. Uma pena que a produção erra na sua introdução, pois The Blacker the Berry engrena quando começam os versos em uma batida "dura" e classuda aliando-se à um refrão cantando pelo cantor de dancehall Assassin. Mesmo lembrando o trabalho de Kanye West em Yeezus,The Blacker the Berry surge com uma urgência que mostra um pouco da efervescência social que está "cozinhando" ao redor do mundo. Só espero que isso realmente se concretize."

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