25 de abril de 2019

Primeira Impressão

PUNK
CHAI


Durante um pouco mais de meia hora, eu fui levado em uma rápida e explosiva viagem que, sinceramente, não consegui entender quase nada do que estava realmente acontecendo. O mais surpreendente é que foi uma das experiências mais divertidas que tive nos últimos tempos, pois ouvir um álbum de punk pop/dance-punk de uma banda feminina japonesa é algo que a gente só vive se deixar as portas totalmente abertas. E é assim que descobri o ótimo PUNK da banda CHAI.

Formando por quatro jovens japonesas (Yuki, Yuna e as irmãs gêmeas Mana e Kana), é sonoramente exatamente o que descrevi no parágrafo acima, mas com características que quebram algumas expectativas. Longe de seguirem o "dress code" de como o punk/punk pop é visto no ocidente, as meninas parecem ter saído de uma anime japonês alternativo para garotas com roupas despojadas que agregam a explosão de cor da cultura pop japonesa. Na verdade, explicar o estilo das meninas é meio complicado, pois é melhor ver para entender:



Com essa ideia sobre o que se trata a banda fica mais fácil entender o que é um álbum inteiro delas. Ouvir PUNK é uma experiência única e paradoxal, pois ao mesmo tempo em que você se questiona "o que está acontecendo?" surge uma afirmação depois de um tempo que diz "poxa, eu acho que estou me divertindo" e termina com "isso foi uma tremenda insanidade prazerosa".

O principal ponto que faz a audição do álbum essa confusão mental é que, obviamente, as composições são praticamente tudo em japonês. E, infelizmente, o meu japonês se limite ao "arigatō". Esse é um fato que ajuda a criar um muro entre quem ouve e o álbum, mas, felizmente, não é algo intransponível. Sem encontrar uma tradução oficial ou de confiança paras letras de PUNK, o melhor orientador foi as palavras/frases soltas em inglês que pipocam aqui e lá e algumas resenhas de críticos especialistas que deram uma boa ideia sobre as temáticas. Resumidamente, as letras têm diretas mensagens feministas, de aceitação própria e de empoderamento, envernizadas com entusiásticas tintas florescentes que parecem ressaltar o lado pop da banda. Novamente, não entender o que realmente está sendo falando em cada faixa é um problema, mas o CHAI prova que boas canções devem ter a capacidade de se transporem as barreiras de linguagens e deixarem a sua musicalidade falar mais alto. E é isso exatamente que o álbum entrega.

A melhor definição para a sonoridade do trabalho seria uma explosão de punk pop/dance-punk com  indie pop, pop rock, post-disco e doses de eletrônico e, principalmente, bubblegum pop. E quando escreve explosão é exatamente isso que as meninas entregam desde o começo: uma sucessão de detonações sonoras com instrumentalizações barulhentas e que beiram o irritante. Felizmente, o exagero sonoro aqui funciona devido a um carisma quase sobrenatural que o CHAI parece possuir, provavelmente devido a personalidade de "awkward girls" que não devem se encaixarem nem no mainstream pop oriental e muito menos do nosso lado. Ficando nesse meio do caminho, a banda parece ter a liberdade de explorar, experimentar e, ao que parece, se divertirem bem mais que a média de outros artistas. Isso fica bem claro na melhor canção do álbum, pois I'm me é uma viciante, cativante, esquisita, divertidíssima e deliciosa dance-pop/punk. Outro ponto que faz o álbum funcionar é a sua excelente parte técnica instrumental, pois qualquer deslize de qualidade poderia resultar em um desequilíbrio que comprometeria ao deixar "escapar" o exagero sonoro que a banda carrega. Além disso, a fofa e, claro, estranha presença vocal da interprete Mana acompanhada por interessantes efeitos vocais são ideias para conseguir embalar das as canções já que vibram exatamente na mesma personalidade. Outros momentos que momentos que precisam ser mencionados é a hiperativa e estrondosa CHOOSE GO!, a fofinha e menos explosiva Wintime e a estilosa Fashionista que tem um toque de Blondie em Heart of Glass. PUNK é um álbum insanamente delicioso e divertido que deixa a gente rodando de uma alegria efusiva. E, acredito, que seja essa a intenção das meninas do CHAI.


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