New Faces Apresenta: Megan Thee Stallion

Hot Girl Summer (feat. Nicki Minaj & Ty Dolla $ign)

Megan Thee Stallion

Apesar de apresentar vários nomes de sucesso, o rap/hip hop sempre foi um gênero difícil para artistas femininas alcançarem um espaço sob o Sol. Parece que apenas há espaço para uma ou duas alcançarem o sucesso mainstream ao mesmo tempo. É por isso que é muito bom perceber que o mercado pode está se abrindo e deixando que outras artistas possam alcançar os topos das paradas, ampliando o cenário musical para essas artistas. A mais nova a conquistar o mercado é a rapper Megan Thee Stallion.

Apesar de já ter lançado alguns EP's e uma mixtape que alcançou o décimo lugar da Billboard, a rapper de Chicago finalmente está fazendo barulho com o grande público com o lançamento do single Hot Girl Summer. Inspirado por uma hashtag que a mesma criou no seu Twitter que significa, basicamente, se divertir sem pedir desculpas por viver, a canção é um bom veículo para a elevação da carreira de Megan, mas parece que ainda está longe de ser o seu melhor. O grande problema aqui é a sua simpática e até divertida batida, mas que devido a sua instrumentalização linear faz com que quem ouve a canção se canse da mesma rapidamente. Sem nenhum momento de explosão e poucas nuances, Hot Girl Summer se torna um rap com toques de trap e dance-pop apático que é salvo pelas presenças dos artistas envolvidos. Claro, Megan é a estrela maior, mostrando que tem carisma e talento para ser tornar um grande nome. Além disso, a presença equilibrada da Nicki Minaj é uma boa contribuição para a canção, mas o ponto alto de Hot Girl Summer é o seu ótimo refrão entoado pelo rapper Ty Dolla $ign. Ainda é cedo para dizer com certeza que Megan Thee Stallion irá estourar de verdade, mas é possível que estejamos vendo a nova era para as mulheres no rap/hip hop. Aguardemos.
nota: 6,5

Cara Alessia

Ready
Alessia Cara

Alessia Cara é uma das jovens artistas surgidas nos últimos anos que mais acredito ter o potencial de construir uma carreira sólida e longeva, mas para tanto é necessário a mesma encontrar o seu caminho. E isso fica bem claro na mediana Ready.

Conhecida por uma sonoridade refinada R&B com toques de pop, Alessia Cara decidi apostar totalmente no pop com Ready. Uma mistura de pop com reggae é criada para a canção, mas que não consegue ter nenhuma faísca de personalidade mesmo que seja fofa. E isso é um grande problema devido a cantora ter uma imensa personalidade nas suas composições e aqui não é diferente. A canção tem uma madura, inteligente e com uma construção elogiável composição sobre esperar o amadurecimento emocional de alguém para poder se envolver romanticamente. Uma que a letra, apesar de ser o melhor da canção, acaba perdida na falta de rumo da sonoridade da cantora. Cara Alessia, não perca seu tempo tentando se encaixar no que pode ser comercial e, sim, invista na sua visão única que vinha mostrando. Grato.
nota: 6

Okzinho

Louquinho
Jão

Novo queridinho do pop nacional, Jão mostra que ainda precisa comer bastante arroz com feijão para amadurecer a sua sonoridade. Louquinho é o tipo de canção apenas passável.

Louquinho é uma mistura de pop, MPB e toques de brega que para funcionar de vez deveria ter um estofo sonoro bem mais elaborado. A canção parece não saber muito em qual nicho se estabelecer e também não sabe fundir as suas influências que a deixa sem quase personalidade. Não é um trabalho ruim, mas falta pimenta e uma visão mais apurada. A composição é até legal e tem seus momentos, deixando um gosto que parece que não querer se aprofundar nas suas próprias ideias. O bom de Louquinho é a presença de Jão que entrega uma performance bem pensada e com uma sensualidade levemente estranha que dá a entender que o mesmo tem mais para entregar. Falta só a música certa.
nota: 6,5

Pequenos Erros

Small Talk
Katy Perry

Depois de ser "aquela com a melhor música pop que deveria ter sido um sucesso de 2019", Katy Perry conquista outro título no ano ao ser "aquela que poderia ter tido duas canções pop perfeitas em 2019" com o lançamento da imperfeita, mas boa, Small Talk.

Small Talk é uma boa canção pop. Melhor que os trabalhos ouvidos no último trabalho da cantora, mas inferior e um pouco decepcionante em comparação a ótima Never Really Over. O grande problema aqui são os pequenos problemas ao longo da sua duração. Com produção e co-autoria do Charlie Puth, Small Talk é um divertido e redondo synth-pop que não alcança o seu verdadeiro potencial ao adicionar ideias que não casam como, por exemplo, a mudança de batida entre os primeiros versos e o resto da canção, a adição de efeitos sonoros dispensáveis e o seu clímax final pouco inspirado. Apesar de pequenos defeitos quando se analisados no quadro geral, Small Talk fica presos nessas amarras e não deixa a canção brilhar como poderia e, sejamos sinceros, deveria. Ainda mais quando se olharmos o trabalho refinado, maduro e com um delicioso toque de sarcasmo da composição sobre a estranheza da convivência depois do fim de um relacionamento e a boa performance da Katy. Pequenos erros que não explicam o flop da canção. Uma pena.
nota: 7

A Pequena Grande Revolução da Lizzo

Truth Hurts
Lizzo

Apesar já ter uma carreira com alguns anos de estrada, a Lizzo finalmente está acontecendo perante o mainstream com o lançamento do aclamado Cuz I Love You. E esse sucesso é mais representativo que pode parecer.

Muito mais que o fato de Truth Hurts ter lançado a canção e 2017 e apenas agora a mesma está fazendo sucesso é compreender que só da cantora está fazendo sucesso já algo revolucionário. Negra, fora dos padrões físicos e dona de empoderamento contagiante e sem medo de ser "barulhento", Lizzo provavelmente não tinha espaço dentro do mainstream a alguns anos atrás devido exatamente a essas características. A sua ascensão mostra que a indústria fonográfica e, claro, parte da sociedade está mudando ao poucos, abrindo espaço para todos aqueles que não tinham voz ativa possam conquistá-la. Imagina que importante deve ser para uma jovem menina negra fora dos padrões se ver representada na figura poderosa da Lizzo? Isso é algo que não tem preço. E acredito que Truth Hurts é um hino de empoderamento perfeito para essa revolução.

Truth Hurts é uma canção que, apesar de tratar de uma temática sobre relacionamento, é, na verdade, sobre a mulher se empoderar. Ao descrever como se livrou daquele encosto em forma de boy, Lizzo afirma e confirma que a melhor coisa para uma mulher não cair nessas ciladas é a mulher acreditar que ela é realmente bem mais interessante, poderosa, bonita e dona de si que os outros podem pensar. O melhor de Truth Hurts não tenta passar essa mensagem de forma clichê e repetitiva, mas de uma forma divertida, ácida e cheia de frases que deveriam virar mantras para a vida como, por exemplo, I just took a DNA test, turns out/ I'm 100% that bitch. A performance de Lizzo também é fantástica, misturando estilos e cheia de nuances que apenas agregam para a canção. O ponto fraco da canção é a sua produção que mistura hip hop com trap e pop de forma bem feita e até original, mas que demora a conseguir engrenar na cabeça de quem escuta. Não é, porém, um grande problema no final das contas, pois Truth Hurts é muito mais importante que qualquer pequena defeitinho técnico.

nota: 8

Send To Robin Immediately

Ever Again
Robyn

Alguns artistas parecem serem perfeitos para uma emergência. Por exemplo, quando não existe nada de interessante acontecendo no pop está na hora de recorrer a Robyn para escutar algo de qualidade. Até quando a canção é um pouco aquém do potencial da cantora como é o caso da simpática Ever Again.

Ever Again não é a melhor da canção da Robyn ou mesmo a melhor saída do álbum Honey, mas é uma ótima canção dentro das suas características. Primeiramente, a canção mostra que não é preciso fazer um batidão para criar uma canção dançante, pois o single é um delicioso slow burn synth-pop misturado com electropop e bubblegum pop envernizado com uma leva influência dos anos oitenta que deixa a canção com um toque quase de genialidade. Em segundo, Robyn dá outro ótimo de como dar profundidade a uma canção pop através da composição ao ser um revigorante reflexão sobre dar a volta por cima depois de ter o seu coração quebrado. Ever Again não é de longe uma música perfeita, mas é perfeita para quem está com saudade de um bom pop.
nota: 7,5

O Cara Errado

bad guy (Remix)
Billie Eilish & Justin Bieber

A nova onda dos artistas é relançar uma canção em versão remix que, na verdade, não tem nada de remix para ajudar nas vendas. Ás vezes funciona, mas ás vezes dá muito errado como é o caso da versão de bad guy da Billie Eilish ao lado do Justin Bieber.

Provavelmente, a canção que melhor representa a personalidade artística da cantora, bad guy é uma estranha, divertida, ácida, dançante, bem produzida e, apesar do sucesso comercial, nada mainstream electropop com elementos de eletrônico que funciona devido a ser exatamente um trabalho esculpido para a Billie Eilish. A sua pitoresca forma de entoar e a composição de artista millennial que dá uma virada na mesa na forma como lida com o famoso "boy lixo" encaixam perfeitamente com o que esperamos da cantora, mas com uma qualidade surpreendente. Entretanto, a versão remix com Justin Bieber não tem nada haver com nada. Apesar de ser o ídolo da cantora e ser fofo que a mesma possa realizar esse sonho, a parceria não funciona em vários níveis diferentes. O principal motivo é que Bieber não acrescenta nada em um verso péssimo que deixa bem claro que foi apenas feito para a canção ganhar mais buzz para a canção nas paradas. Sinceramente, a nova versão é tão desnecessária que ajuda a canção a aparecer, por enquanto, na lista de melhores e piores canções do ano. Feito impressionante para uma novata.
nota
Versão Original: 7,5
Versão Remix: 4,5

Dê Uma Chance Para a Alma

Lonely Night
ALMA

Acredito que muitos fãs do pop estão perdendo tempo não dando espaço para descobrir o talento da finlandesa ALMA. E uma boa oportunidade é com a canção Lonely Night.

Apesar de não ter a mesma engenhosidade do single anterior da cantora, Lonely Night é um refrescante sopro de ar fresco em meio a massificação do electropop que alcança o topo das paradas nos últimos tempo. A produção acerta ao construir uma batida que consegue ser divertida e dançante e, ao mesmo tempo, passar sempre melancolia que a sua composição exala. Não é genial, mas tem uma qualidade artística louvável. Todavia, o que realmente faz de Lonely Night ser digna de ser descoberta é a sua já citada letra que fala de forma tocante sobre os desprazeres de ser rejeitado por alguém que se ama. A canção ganha ainda mais nuances ao ser sobre uma história de duas meninas, ajudando a amplificar a percepção que artistas LGBTQ+ estão cada vez mais oportunidades para contar as suas histórias. Como a cereja em cima do bolo, a performance madura, sutil e, por vezes, triste de Alma completa o pacote. E a única que peço é dê uma chance para a Alma. Acredito que valha a pena.

nota: 7,5

Incasável

Boyfriend
Ariana Grande & Social House

Sem mesmo deixar o seu último álbum "esfriar", Ariana Grande está de volta com um novo single que pode ou não ser o primeiro de um novo álbum. E, apesar da overdose da sua imagem, é necessária que a cantora está na sua melhor fase artística, pois Boyfriend é outro grande acerto na sua discografia.

Boyfriend não se difere muito da sonoridade de thank u, next, mas apresenta algumas nuances muito bem vindas e bem elaboradas. Resumidamente, a canção é um delicioso e redondinho R&B que sabe como ter personalidade e, ao mesmo tempo, ser comercial. O que muda aqui em relação aos últimos trabalhos da cantora é a que a batida tem toques pop bem mais visíveis, deixando a canção com uma atmosfera mais "animadinha" . Dá até para mexer os pezinhos de leve. Outro ponto de diferença é que a canção apresenta uma letra romântica, indo na direção oposta do que estávamos ouvindo. A cantora não deixa de entregar uma composição cheia de pitadas ácidas e uma escrita madura. A principal qualidade de Boyfriend é, porém, as performances de Ariana e a obvia química dela com o duo desconhecido Social House (especial com o Mikey que interpreta o seu interesse romântico no clipe). Acredito que a cantora possa tirar algum tempo de férias e descanar a imagem, mas se continuar entregando boas canções como essa pode esticar o período de trabalho mais um tempo.
nota: 7,5

Taylor Meets Carly

The Archer
Taylor Swift

Depois de dois lançamentos questionáveis, a Taylor Swift finalmente prova o motivo de ser a força pop que se tornou nos últimos tempos com o lançamento da ótima The Archer. Pena que é um single promocional.

Produzido pelo Jack Antonoff, The Archer é uma elegante e madura synth-pop mid-tempo com toques de dream pop e indie pop com influência dos anos '80 que soa perigosamente parecida com os trabalhos da Carly Rae Jepsen. É tão parecido que fica fácil ouvir a voz da Carly entoando a canção, principalmente nos primeiros versos. Curiosamente, essa característica também ajuda a canção a se sobressair em relação aos outros singles lançados pela cantora recentemente. O melhor da canção é a sua ótima composição em que Taylor faz uma melancolia reflexão sobre se sentir solitária devido a não conseguir se conectar com alguém, resultando em uma das melhores letras que a cantora já entregou. Mesmo sendo quase uma canção da Carly Rae Jepsen, Taylor Swift acertou na mosca em The Archer. Só faltou lançar como um single.

nota: 7,5

A Elevação da Pabllo

Flash Pose
Pabllo Vittar & Charli XCX

Em apenas dois minutos e meio de duração, Flash Pose já nasceu como uma das melhores canções da carreira da Pabllo Vittar. E mais: uma das melhores faixas pop do ano.

Flash Pose é uma divertida e muito bem acabada electropop que lembra a sonoridade de canções eletrônicas mainstream dos anos '90 e começo dos dois mil, principalmente aquelas voltadas ao público LGBTQ+. Despretensiosa, divertida e com um refrão rápido e rasteiro, o primeiro single do novo álbum da drag parece não ser apenas a confirmação do seu status como ícone pop e, sim, a elevação da personalidade artística para um outro nível. Com uma performance sensacional, Pabllo ainda pode contar com o imenso carisma da presença da Charli XCX que consegue brilhar sem ofuscar a sua anfitriã. O único problema ainda é a falta de estofo devido a "falta de letra", pois Flash Pose é tipo de canção que tem a capacidade de ter mais substância. De qualquer forma, a canção é melhor que encomenda, como diria a minha mãe, e dá para a Pabllo um novo horizonte de possibilidades. Esperar para ver.
nota: 7,5

As 100 Melhores Músicas Que Você Não Deve Conhecer

Existem milhões de canções que tem como principal objetivo passar uma mensagem de otimismo e positividade para quem está escutando. Normalmente, essas canções tendem a cair em um pieguismo misturado com todos os clichês possíveis na busca de fazer o público se emocionar, identificar e se inspirar com as palavras de motivação. O que é raro é encontrar esse tipo de canção que tenha a capacidade ter essa a mesma intenção e conseguir transcender essas características ao entregar uma canção sonoramente de qualidade. O As 100 Melhores Músicas Que Você Não Deve Conhecer não irá só falar de uma canção que se encaixa nesses requisitos, mas, como também, uma das maiores músicas de rock de todos os tempos. E essa canção é o perfeito exemplo de música...