30 de dezembro de 2019

Single do Ano


A nova enquete para escolha do Single do Ano será entre dois sucessos surpreendentes de 2019: o arrasa quarteirão de Old Town Road do Lil Nas X com a participação do Billy Ray Cyrus contra a balada Someone You Loved do britânico Lewis Capaldi. Votem!



27 de dezembro de 2019

O Gato Subiu no Telhado

Beautiful Ghosts
Taylor Swift

Existem desastres. Existem tragédias. Existem cataclismas. E agora existe Cats. Adaptação filmográfica do popular e aclamado musical da Broadway vem recebendo as críticas mais negativas do anos, sendo já considerado como um dos piores filmes não só do ano, mas de toda a década. Grande parte das críticas aponta a direção e a escolha de transformar os atores em híbridos e gatos com ser humano em criaturas quase dantescas como os principais motivos do fiasco, mas isso não impede que respingue nos atores envolvidos. E uma das vítimas é a Taylor Swift que, apesar de uma participação pequena, viu as suas chances de concorrer ao Oscar com Beautiful Ghosts reduzida a nenhuma após a canção ser eliminada na última etapa antes das indicações. E olha que a canção nem é tão ruim.

Escrita pela própria Taylor ao lado de Andrew Lloyd Webber, lendário produtor da Broadway e criado do musical, Beautiful Ghosts é um triste balada sobre ser abandonada e viver só, lembrando que o musical é sobre gatos vivendo nas ruas de Londres. Muito bem escritas e com passagens realmente bonitas, a canção funciona bem como um equilibrado hibrido de canção para musical com uma boa canção pop. Acontece que a canção não tem o mesmo impacto que as principais canções do musical, especialmente a mundialmente conhecida Memory que na versão para o cinema é interpretada de maneira magistral pela Jennifer Hudson. Faltou uma força emocional que, apesar da boa performance, Taylor parece não conseguir alcançar de forma ideal, ficando nítido no agudo final que soa como se a cantora estivesse forçando todo que tem para chegar na nota. Isso é algo que não deveria acontecer, pois em um musical os atores precisam cantar de forma tão natural como se estivessem falando normalmente. Se o filme fosse ao menos mediano, Beautiful Ghosts teria alguma chance de concorrer ao Oscar, mas agora tudo foi apenas uma ilusão. 
nota: 7

Dona Alanis

Reasons I Drink
Alanis Morissette

Quando lançou o seu premiado e, agora, clássico Jagged Little Pill, Alanis Morissette tinha apenas vinte anos de idade. Quase vinte cinco anos depois, a canadense prepara para lançar o seu nono álbum e como primeiro single foi lançada a canção Reasons I Drink. A canção deixa claro que estamos lidando como uma "senhora" de quarenta e cinco anos, mas que mantem várias qualidades daquela jovem de anos atrás.

Reasons I Drink deixa claro que estamos diante de uma mulher madura que trocou parte da raiva dos seus vinte e poucos anos em uma versão contemplativa da sua personalidade artística. A canção é uma ácida e honesta visão de uma artista que chega a um ponto da vida que não precisa dar mais explicação sobre o que deixa de faz ou deixa fazer. Cansada e sem saco, Alanis discorre um pouco dos seus maus hábitos que ajudam a compensar os problemas da sua vida sem se lamentar ou fazer julgamentos. E aí que encontramos a antiga Alanis ao ter medo de expor sentimentos profundos sem ter medo do julgamento das outras pessoas, ajudando a identificação de quem está passando por isso. O tropeço de Reasons I Drink que não deixa a canção chegar muito perto da antiga Alanis é a produção da canção. Apesar de ser um bom pop/rock contemporâneo, a instrumentalização parece demais como um trabalho da Sara Bareilles, especialmente os primeiros segundos. Sinceramente, a semelhança parece beirar ao plágio, mas, felizmente, ao longo da sua execução Reasons I Drink a canção ganha uma outra pegada. Apesar disso, a canção é a melhor da cantora em anos e prova que a Dona Alanis ainda tem muito para dizer.
nota: 7,5

25 de dezembro de 2019

Single do Ano - Votação

Demorou, mas saiu! A tradicional lista de melhores do ano aqui no blog começa como sempre com a escolha dos principais sucessos do anos. Single do Ano é uma votação para escolher qual foi a maior música do ano. Independente da qualidade ou outra qualificador como aclamação pela crítica ou mesmo qual foi o ano de lançamento, mas, sim, qual a canção que realmente foi a cara de 2019. O primeiro duelo para escolha das finalista começa com a disputa entre o sucesso surpresa de bad guy da novata Billie Eilish contra o retorno triunfal da Lady GaGa ao lado do Bradley Cooper em Shallow. Votem!


Feliz Natal


22 de dezembro de 2019

O Raio Que Não Caiu no Mesmo Lugar

Fall On Me
A Great Big World & Christina Aguilera

Dono de um dos maiores sucesso surpresa da década com Say Something, A Great Big World ao lado da Christina Aguilera repete a parceria de forma menos sucedida com Fall On Me.

A canção repete basicamente a mesma canção, mas com algumas pequenas mudanças. A primeira e, felizmente, a melhor é o fato da Aguilera ter mais espaço do que teve na canção anterior já que era quase uma backvocal de extra luxo. Dessa vez, a cantora parece ser a protagonista ao entrega uma performance vocal ótima ao entoar alguns versos sozinha e dominando a parte do dueto. Outra mudança é a progressão da canção que vai crescendo mais rapidamente para o seu clímax. Do mais, Fall On Me repete o mesmo esquema ao ser uma balada pop ao piano romântica com uma letra emocionante. O grande problema da canção recaí sobre esse último, pois a composição aqui é, apesar de boa, bem menos impactante e um pouco forçada em alguns momentos. Uma pena o raio não ter caído no mesmo lugar mais uma vez.
nota: 7

2 Por 1 - The Weeknd

Blinding Lights
Heartless
The Weeknd

Um dos poucos artistas masculinos que ainda se preocupam com a forma e o conteúdo da sua carreira dentro do pop internacional, o The Weeknd começa uma nova era da sua com o lançamento de duas canções que anunciam o que pode ser outro trunfo na carreira do cantor: Blinding Lights e Heartless.

A melhor das duas é sem nenhuma dúvida a deliciosa Blinding Lights. Claramente, um aceno vigoroso para os anos oitenta, a canção é uma fusão estilosa de synthpop com toques de electropop em atmosfera melancólica e levemente sombria. Pense na trilha de Strange Thing encontra as pistas de dança lá por volta de 1985, pois Blinding Lights é exatamente essa "cria" que nasce desse encontro. Um trabalho realmente sensacional. Menos inspirada está a produção de Heartless ao ser uma boa, mas comum mistura de hip hop com electrop e R&B. E mesmo tendo nuances que esse tipo de canção com outros artistas não possuem, o single ainda soa com um trabalho que poderia render muito mais ao ser trabalhado. Além disso, a composição não tem a mesma finesse que a de Blinding Lights, principalmente no seu duvidoso primeiro verso. O que realmente salva com louvar Heartless é a ótima performance de The Weeknd, criando personalidade para a canção. The Weeknd deixa claro mais um vez que é dos melhores nomes do pop masculino sem precisar ser perfeito. 
notas
Blinding Lights: 8
Heartless: 7

19 de dezembro de 2019

2 Por 1 - Coldplay

Orphans
Arabesque
Coldplay

Coldplay é o tipo de banda que já deveria ter "acabado", mas que continua a esticar o derradeiro momento até a última gota de criatividade for sugada. Enquanto isso não acontece, a banda parece que ainda tem alguma coisa restando no tanque como demonstra os singles Orphans e Arabesque.

Orphans é, sem dúvida nenhuma, a melhor das duas canções lançadas como primeiros singles do álbum Everyday Life. Misturando de forma eficiente uma batida de rock alternativo com uma deliciosa pegada synthpop, o single deixa claro que a banda ainda é capaz de produzir canções realmente interessantes sem perder a sua essência. É muito dessa essência é vista na boa, inteligente e levemente pretensiosa composição que funciona melhor do que esperado ao equilibrar bem o lado inteligentão e o lado mais mundano da música pop. Apesar de aumentar o volume dos seus hábitos irritantes em Arabesque, a banda ainda consegue acerta ao entregar uma épica e muito bem instrumentalizada indie rock com leves toques de jazz aqui e ali para criar uma canção com personalidade bem definida. A composição quase minimalista e, ao mesmo tempo, pretensiosa é um erro que não afeta tanto no resultado final devido também ao curioso verso em francês. Agora é esperar e ver até quando o Coldplay irá segura o canto do cisne, mas, por enquanto, a banda ainda está rendendo.
notas
Orphans: 7,5
Arabesque: 6,5

La Pequeña Gran Revolución da Rosalía

A Palé
ROSALÍA

A história da música pop vive de grandes e pequenos marcos que a ajudam a modelar a sua trajetória. Acredito de verdade que um pequeno, mas importante, marco é o sucesso comercial e de crítica da ROSALÍA. Sem precisar gravar nenhuma música em inglês e construindo um estilo completamente seu, a espanhola vem galgando um espaço que normalmente é reservado para cantora que se deixam "corromper" pelo massificado. E a mesma vem colhendo frutos e, principalmente, continua a sua construção de sonoridade como mostra o lançamento de A Palé.

A canção deixa bem claro que a espanhola está cada vez mais se aprofundando no avant-pop/experimental pop para conseguir elevar a sua sonoridade de raízes espanholas. Não é um trabalho que possa se dizer de fácil assimilação para o público geral e, francamente, A Palé também é meio difícil até para quem curte a cantora, mas a canção é uma pequena pérola devido a pequenos detalhes como, por exemplo, a quebra de expectativa da sua introdução com o resto da canção e a sua construção de imagem com uma história complexa. Acredito que o principal fator do sucesso da cantora é não se preocupar em fazer algo que agrade a gregos e troianos, mas, sim, algo que agrade a própria cantora para depois fazer o público gravitar em torno. E essa é outra pequena grande revolução da Rosalía.
nota: 7

17 de dezembro de 2019

Prova de Fogo Precoce

everything i wanted
Billie Eilish

Apenas começando a sua carreira, Billie Eilish irá enfrentar um dos maiores desafios para uma estreante de forma precoce: o segundo álbum. Ainda colhendo frutos generosos de WHEN WE ALL FALL ASLEEP, WHERE DO WE GO?, a jovem lançou o primeiro e auspicioso single do novo trabalho: a delicada everything i wanted.

everything i wanted consegue mostrar uma nova faceta da cantora sem precisar, porém, mudar a sonoridade que está fazendo a Billie Eilish a nova sensação do pop. O que a cantora muda em relação aos seus singles anteriores é que podemos ver um lado bem vulneral e intimista da cantora ao relatar os seus problemas com depressão, a sua fama recém adquirida e o seu relacionamento com o seu irmão/produtor. Contida, emocionante do seu jeito e muito bem escrita, everything i wanted é um trabalho que dá para o público uma nova visão sobre o potencial da cantora. Sonoramente, a canção não muda muito do electropop low profile que aqui quase se torna uma baladinha. Não é ainda um trabalho para realmente agradar a todos, mas Billie Eilish está em um caminho acertado para a sua evolução como artista.
nota: 7

Uma Surpresa Não Tão Surpreendente

Faith (feat. Mr. Probz)
Galantis & Dolly Parton

Quando esbarrei em uma parceria do duo eletrônico sueco Galantis com a lenda vida do country Dolly Parton fiquei bastante surpreendido. Após pensar um pouco sobre a carreira da Dolly, a minha surpresa foi diminuindo até quase não existir, pois, apesar de ser um dos nomes mais importantes do country da história, Dolly faz também parte da cultura pop devido a diversos fatores como, por exemplo, a sua participações em filmes de sucesso e o seu flerte com a música pop em diversos momentos. E, claro, a sua imagem que se tornou algo icônico. Apesar disso, ainda restou certa surpresa devido ao teor sonoro que ouvido em Faith.

Faith é uma boa dance-pop/EDM que ganha pontos positivos e consegue se sobressair devido a participação da Dolly. Mesmo com uma produção vocal que quase utiliza efeitos demais, Dolly esbanja carisma em doses cavalares, elevando a canção de forma elegante e original. Claro, ainda é estranho ver a cantora em canção como Faith, mas a esquisitice parece funcionar a favor da canção ao injetar um sopro de ar fresco. O outro vocalista, Mr Probz, cumpre bem o seu papel, mas meio que desaparece no resultado final. Outro acerto foi fazer de Faith uma versão remix/reconstrução/nova versão de Have a Little Faith in Me de 1987 do roqueiro John Hiatt que atualiza a canção sem perder a sua essência original. Poderia ser melhor? Sim, mas Faith é um trabalho surpreendente divertido, carismática e bem vindo para mostrar para um novo público quem é a lenda da Dolly Parton.
nota: 7

16 de dezembro de 2019

Brasil Exportação

Ela É do Tipo (feat. Drake) [Remix]
Kevin O Chris

Não sou o maior fã do funk brasileira, mas não posso negar o espaço que o mesmo tem na nossa cultura e na vida de milhares de pessoas ao redor de todo o país. E é por isso que saber que o mesmo está voltando a ter alguma importância com artistas internacionais. O caso mais recente é a parceria do funkeiro Kevin O Chris com o rapper Drake para o remix de Ela É do Tipo.

É preciso dizer que a canção não irá ser o trabalho que mudará a percepção do atual funk como gênero musical, mas é trabalho surpreendentemente mediano. O grande mérito da canção é unir de forma bem feita o estilo do Drake com o funk do Kevin O Chris sem comprometer nenhum dos dois, criando em Ela É do Tipo um protótipo que poderia funcionar em plena força com uma produção melhor. Claro, a canção ainda sofre da mediocridade temática e lirica que o funk passa, mas, felizmente, o verso do Drake é razoável. Ainda é cedo para afirmar cem por cento que esse pode ser o começo de uma exportação sonora, mas é bom ver que de alguma forma o Brasil ainda está relevante para a música pop lá fora. Poderia só ser bem melhor.
nota: 6,5

Estranho Miguel

Funeral
Miguel

Acredito que o Miguel seja um dos cantores de R&B mais subestimados e que deveria ter o mesmo sucesso comercial que nomes como Bruno Mars e Ed Sheeran. Apesar dessa minha crença não consigo entender o que deu na cabeça do Miguel para entregar uma canção como Funeral.

Uma funesta mistura de eletrônico com R&B que resulta em uma canção estranha (no mal sentido), mal trabalhada, sem graça e quase irritante com a sua batida metalizada. Sinceramente, não consigo ter a noção exata sobre qual o motivo que um artista que já entregou canções como Adorn tem a capacidade de entregar algo tão ruim como Funeral. E a ruindade não para na produção, pois a composição é vulgar e, em certos momentos, vergonhosa. Apenas a performance de Miguel se pode elogiar de fato, mas com cautela já que algumas escolhas de produção vocal são questionáveis. Espero que isso não continua a ser uma constante na carreira do cantor.
nota: 4,5