Foxes
Sempre achei a britânica Foxes uma artista interessante, mas, infelizmente, toda vez que a cantora lançava um álbum algo se perdia nessa ligação devido aos resultados aquém do esperado de Glorious de 2014 e All I Need de 2016. Entretanto, a maturidade conquista no hiato de cinco anos longe da música parece ser o tempero que faltava para a cantora realmente conquistar a minha total atenção. E isso fica comprovado no bom EP Friends in The Corner.
Acredito que o principal fato para a melhoria da sonoridade da cantora seja a fluidez harmônica que o trabalho apresenta do começo ao fim. É possível perceber que, mesmo ainda tendo falhas, a produção dá para Foxes o material ideal para a mesmo ter a capacidade de explorar suas ideias. Longe de ser exatamente original, Friends in The Corner tem um frescor reconfortante que ajuda a compreender melhor quem é a artista. E logo de cara surge o melhor momento do trabalho: Friends in the Corner. “A cantora mostra que está inspirada com essa electropop mid-tempo que flerta com a cadencia de uma balada e resulta em um trabalho realmente elogiável. Com uma produção iluminada e que acerta no tom melancólico, Friends in the Corner narra de forma tocante a força que uma amizade pode ter na vida de uma pessoa e, principalmente, o que o seu fim pode causar.” Longo em seguida, a qualidade sonora decaí um pouco, mas Kathleen ajuda a deixar claro outro fator importante da qualidade do EP: o lado pessoal.
Friends in the Corner é um trabalho que se mostra o mais autoral que a cantora já entregou ao ser recheado de crônicas intimas e de uma delicadeza que transita entre a felicidade alcançada com o tempo e a melancolia de sentimentos que ainda causam dor. Entrando nessas duas categorias, a já citada Kathleen narra as dores das feridas causadas por outras pessoas e os ensinamentos que de alguém querido (nesse caso, acredito que seja a sua avó). Sonoramente, a canção é uma electropop mid-tempo bem feita, mas que perde força ao desperdiçar a força da tocante composição em uma batida que não chega a decolar. Em seguida, o EP volta a acerta com a curiosa Love Not Loving You. “O grande mote do single é ser uma mistureba de referências pop em apenas uma canção ao juntar em um caldeirão o dance-pop com new wave que encontra a sonoridade da Kylie Minogue com a da Carly Rae Jepsen e uns toques da Cyndi Lauper e uma pitada da Taylor Swift”. Em Hollywood, a produção acerta no tom sentimental para dar vida a essa triste declaração sobre enfrentar problemas emocionais, conseguindo colocar texturas que tiram a impressão de ser apenas mais uma balada com base de piano. E a performance contida e realmente tocante de Foxes é a cereja em cima do bolo. Uma pena que a parte final perca o folego ao repetir erros repetidos.
Woman é uma confissão realmente forte sobre se sentir preso na própria mente e nos que as pessoas dizem sobre a gente para aos poucos ir descobrir a nossa força interior. Entretanto, a produção não entrega mais que uma sólida balada pop com base de piano que já ouvimos várias vezes. Felizmente, a força da interpretação da cantora consegue dar sentido a faixa dentro do trabalho. Friends in the Corner termina com a otimista Courage que se perde devido a não ter nada que a separe de outras canções do gênero, mesmo que seja bem produzida. Antes dessas duas canções, porém, o EP mostra a base que a Foxes precisa continuar explorando para encontrar o seu lugar próprio: Dance é uma canção com uma estrutura encorpada e decisões que adicionam substância para o resultado final, criando uma épica, esquisita e cativante electropop misturando estilos e referencias. Longe de ser o trabalho perfeito, o EP pode ser a virada da Foxes para trilhar um caminho realmente brilhante.
notasFriends in the Corner: 8
Kathleen: 7
Love Not Loving You: 7,5
Hollywood: 7,5
Dance: 7,5
Woman: 7
Courage: 7
Média Geral: 7,3
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