Bebe Rexha
Bebe Rexha é uma artista talentosa e isso é um fato. E é por isso que ouvir Better Mistakes, o seu segundo álbum, passa uma sensação de alivio, pois a artista finalmente tem algo decente para trabalhar. Especialmente quando comparado com o ruim Expectations de 2018. Entretanto, a cantora parece ainda presa em uma teria que a impossibilita de chegar em um patamar que a tire do apenas bem intencionado.
Seria difícil a cantora entregar algo pior que o seu debut que denominei como “um álbum pop/R&B bland, arrastado, sonolento e sem nenhum brilho ou destaque”. Possível até poderia ser, mas, felizmente, Better Mistakes dá um upgrade na sonoridade geral de Bebe ao conseguir balancear o lado sombrio com a parte comercial de forma equilibrada, especialmente durante a parte inicial do álbum. Na verdade, as primeiras canções dão a impressão que o trabalho irar manter a mesma pegada genérica, mas divertida, durante toda a sua duração. As cinco canções que abrem o álbum apresentam momentos realmente interessantes em uma jukebox pop bem feita e com produção acima da média. Break My Heart Myself com a bateria de Travis Barker é a perfeita tradução do que chamo de pop dark: batida viciante e composição madura sobre os problemas mentais da cantora. Quase beirando uma pop rock/punk, a faixa dá o tom para a boa power balada pop rock Sabotage que mostra o quanto interessante a escrita de Bebe pode ser ao entregar uma honesta e comovente crônica sobre auto destruição.
Trust Fall continua nesse mesmo território ao narrar os problemas em confiar nas pessoas em uma electrpop/R&B gostosinha e direta. Cheia de personalidade e com ideias que realmente são aproveitadas de forma ideal como, por exemplo, o refrão sussurrado, Better Mistakes, faixa que dá nome ao álbum, é uma boa electropop/country que vem na coloca do hit Old Town Road. Finalizando a sequencia inicial inspirada está a divertidíssima Sacrifice que “longe de ser o suprassumo do pop, o single é uma decente, carismática e envolvente dance-pop/electropop que entrega tudo lindamente redondinho. Apesar de uma batida clichê, especialmente no seu refrão, a produção consegue entregar uma batida clean e sem maiores surtos farofentos”. O problema do álbum começa quando essa crescente é interrompida pelas decisões escolhidas para o resto do álbum.
Recheado de participações de rapper que não tem química com a cantora ou não fazem nada para acrescentar nas canções que participam, o resto de Better Mistakes é recheado de canções comerciais dentro do atual cenário mainstream que sofrem para tentarem serem acima da média, mas terminam como apenas dispensáveis. As únicas canções que funcionam aqui são o single Baby, I'm Jealous com a Doja Cat ao ser “uma surpreendente e divertida mistura bem azeitada de pop com soul, R&B e hip hop que surpreende devido a sua refinada produção” e a parceria com Rick Ross em Amore devido principalmente ao uso do sample do clássico That's Amore. Outro problema é uso exagerado de auto-tune que sai da zona de suporte para incrementar as performances para dar para a voz de Bebe um timbre quase metálico e nada natural. Apesar do resultado poder ter sido bem melhor, Better Mistakes é para a Bebe Rexha uma evolução realmente importante que espero seja continuada nos próximos álbuns.
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