12 de julho de 2018

Primeira Impressão

Expectations
Bebe Rexha


Imaginem vocês na feira/mercado vendo um pacote de morangos tão vermelhos, graúdos, maduros e apetitosos que a sua única atitude é levar o mesmo para casa e fazer a sua sobremesa favorita. Então, alguma coisa acontece na receita e a sua sobremesa dá muito errada, resultando no desperdício dos maravilhosos morangos. Essa sensação é a mesma que sinto sobre a carreira da Bebe Rexha e, principalmente, o seu primeiro álbum: o mediano e sem foco Expectations.

Bebe Rexha é uma artista pop talentosa, mas desde que começou a fazer sucesso parece que esse talento ficou no churrasco. Acredito que tentando encontrar o seu lugar ao sol, Bebe está procurando uma sonoridade que se "adapte" ao mercado. Só que essa tentativa, além de perder a essência que mostrou no ótimo EP I Don't Wanna Grow Up de 2015, a cantora está completamente desnorteada e sem nenhum foco. Esse problema reflete em Expectations, pois a cantora entrega um álbum pop/R&B bland, arrastado, sonolento e sem nenhum brilho ou destaque. O pior é que existe boas ideias aqui.

A primeira dela é tentar dar para Bebe Rexha uma áurea de anti-heroína pop, pois Expectations tem uma sonoridade pop mais sombria que combina com o tom confessional das letras. O grande problema aqui é que a produção dissipa essa ideia em uma produção morna, cheia de batidas repetitivas e segura demais que não se alinha com os ideais iniciais. Existe alguns momentos interessantes aqui e ali, mas não é suficiente para fazer Expectations um álbum realmente bom. Apesar de ter um tino estético para compor boas canções pop que conseguem unir uma honestidade cativante e refrões redondinhos, Bebe parece que não conseguiu repetir o mesmo feito em todas as faixas. Algumas tem boas letras, outras soam completamente fillers e outras são apenas chatas. Outro problema é que vocalmente a cantora é enterrada por o uso exagerado de efeitos, deixando a sua interessante voz robotizada em vários momentos. Todavia, Expectations tem alguns momentos que funcionam como é o caso de Ferrari e I'm a Mess. Outros momentos oks ficam por conta de 2 Souls on Fire e a balada Grace. Nada disso, porém, é capaz de salvar esse delicioso morando chamado Bebe Rexha de um desastre de sabor quase intragável.


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