10 de julho de 2018

Primeira Impressão

High As Hope
Florence + The Machine





Um dos artistas mais importantes da história do SóSingles é o Florence + The Machine, sendo aclamado por mim desde o seu sensacional começo em Dog Days Are Over. Então, acredito que possa "desculpar" a banda por entregar o apenas bom High As Hope.

Antes de qualquer coisa é necessário começar a falar sobre o melhor ponto do álbum: a sensacional performance vocal de Florence Welsh. Diferente da maneira que se apresentou nos últimos álbuns, Florence está bem contida e suave, mas sem perder a força emocional que consegue transmitir com apenas algumas notas. O seu timbre único que exala uma coleção de sensações que vai da melancolia nua e crua até a esterilidade de uma aparição fantasmagoria é uma qualidade que não precisa de muito para se destacar, mas em High As Hope é possível apreciar em quase toda a sua glória ao ser elevada pela atmosfera minimalista e contida da produção. E é aqui que a banda dá uma deslizada.

Seguindo um caminho bem diferente da grandiosidade dos trabalhos anteriores, High As Hope é um trabalho que preza pela simplicidade sonora e pela delicadeza atmosférica para entregar o álbum mais intimista da banda. Isso é algo bom, pois mostra a vontade do Florence + The Machine de buscar novos caminhos. Em certos níveis, a produção geral aqui funciona por dois motivos: primeiro, mesmo mudando de estilo, a sonoridade da banda continua sendo de um refinamento impressionante ao ser um elegante indie rock/pop e, em segundo, assim como todos os seus trabalhos, a qualidade técnica de instrumentalização é algo muito acima da média. Entretanto, High As Hope não parece ter todos os seus pontos interligados e as suas arestas parecem que não foram polidas da melhor maneira. Faltou aquele toque de genialidade que a banda sempre mostrou, elevando as suas canções em algo fora de qualquer parâmetros atuais ao transitar entre o novo e o vintage como um verdadeiro barco em mares selvagens. Obviamente, essa sensação pode estar ligada diretamente com a mudança de sonoridade, mas, na verdade, esse é apenas um dos fatores que faz de High As Hope não dar a liga que merecia. 

Trabalho mais pessoal da banda, as faixas aqui refletem fortemente as reflexões de Welsh sobre a vida, mostrando o seu lado mais humano. Normalmente, quando um artista se deixa ver por inteiro dessa maneira sempre resulta em algo comovente, sincero, desconcertante e que gera uma empatia logo de cara. Em High As Hope isso acontece, mas também exala certa frieza das belas e inspiradas letras que mostram a cantora tentando entrar o seu lugar nesse complicado mundo. Essa percepção pode ser uma conclusão que apenas eu tenha chegado, mas não anula o fato que quando a banda rebuscou em imagens grandiosas envolvendo reis, rainhas, santos e metáforas sobre água de todos os tipos a assimilação e identificação com as letras pareceu bem mais orgânica. Apesar disso, o álbum ainda consegue emocionar em vários momentos como é o caso da singela e bela Sky Full of Song ou não melancólica The End of Love. O melhor momento, porém, fica por conta da interessante Hunger e a sua deliciosa batida. High As Hope é uma obra menor do Florence + The Machine que deve agradar uma parte dos fãs mais devotos. E a gente dá um voto de confiança para a banda para a próxima voltar a encontrar o melhor caminho. Seja qual for esse caminho.

Um comentário:

lucas lopes disse...

Que heresia!! Meu álbum favorito é Cerimonials, mas High as Hope está roubando o pódio. Tá perfeito. Me destrói. Hunger, Grace e The End of Love, sem palavras.