13 de março de 2022

Primeira Impressão

The Kick
Foxes




Sempre acompanhei a carreira da Foxes desde o começo e, apesar de boas canções, a cantora nunca tinha entrega um álbum que pudesse estar realmente a altura do seu talento. Tenho a felicidade de dizer que em The Kick é finalmente o trabalho que revela plenamente o potencial da cantora de maneira radiante, encantadora e despretensiosa.

Acredito que ao se tornar uma artista independente, Louisa Rose Allen, nome de nascimento da cantora, pode mostrar com liberdade todo o seu alcance sonoro, mesmo que o álbum seja uma colagem de estilos e gêneros já ouvidos várias vezes. O nome que vem primeiro a mente é o da Carly Rae Jepsen, especialmente o seu memorável Emotion. E esse é o único grande defeito do álbum: a falta de uma personalidade que seja definitivamente dessa nova Foxes. Fica fácil notar as similaridades em atmosfera, tom e ideias para construir a sonoridade de The Kick como sendo um clean, nostálgico e elegante mistura de electropop/synth-pop. O que realmente salva o álbum de não cair em ser uma pastiche é que a sua imensa qualidade de criativa que segue o caminho de “copia, mas faz direto”. E devo admitir que The Kick faz muito bem direito durante todo a sua duração, especialmente na sua parte final.

Na verdade, as quatro últimas canções é que faz o The Kick ser o momento de transição da carreira da Foxes. Começa com a doce synth-pop sobre aceitação própria Forgive Yourself, passa por Gentleman e sua atmosfera dos anos 1980, continua em Sky Love com a sua vibe EDM/europop e termina na linda e tocante balada pop Too Much Colour. Poucos álbuns pop conseguem terminar com tamanha qualidade, conseguindo arrematar todas as pontas soltas de maneira tão requintada e inspirada. E tudo isso é sustentado pelo lindo e marcante timbre de Foxes que consegue impor a sua força vocal de maneira delicada e sempre muito envolvente. Apesar desse final sensacional, a melhor faixa do álbum é a maravilhosa Body Suit ao ser balada mid-tempo com um solo de sax que é parece saído de um estúdio de gravação em pleno 1986. Outra qualidade de The Kick é a escolha dos singles, pois todos deram o caminho para o que seria o álbum. “Uma mistura deliciosamente carismática de electropop, EDM e uma clara referência dos anos oitenta, Sister Ray tem um refinamento cristalino que consegue ser comercial e, ao mesmo tempo, ter toques de pura inspiração ao ser feito para “dançar e chora na discoteca””. Dance Magic “é uma synth-pop efervescente, doce e divertida que brilha pela forma como a produção entrega um produto redondo e honesto. Sem querer ser mais que apenas uma boa canção pop, o single consegue ter essa deliciosa vibe despretensiosa que deixa espaço para todas as qualidades do pop vim a tona”. E por fim a faixa que dá nome ao álbum The Kick é uma volta aos anos noventa em uma mistura de dance-pop com synthpop que não chega a explodir, mas é uma agradável surpresa. Longe de ser uma obra perfeita, o álbum é o resultado do trabalho de uma artista talentosa que não parece ter se contado de ser apenas mais um rosto na multidão.

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