11 de dezembro de 2022

Primeira Impressão

Being Funny in a Foreign Language
The 1975



Uma das bandas de maior sucesso surgidas nos últimos tempos, o The 1975 são um verdadeiro gosto adquirido que nem sempre dividir opiniões. Em Being Funny in a Foreign Language, quinto álbum da carreira deles, dá uma guinada na sonoridade ao ser o mais acessível em questão de duração e sonoridade sem perder a excêntrica personalidade da banda. Uma pena, porém, que certo brilho foi ofuscado no processo.

Menor álbum da carreira da banda com apenas quarenta e três minutos em apenas onze faixas, o álbum tem a coprodução do onipresente Jack Antonoff e é desse fato que retirado parte das novas qualidades e parte do erro. A mão forte de Antonoff consegue refinar o resultado final para conseguir ter o mesmo apelo do começo ao fim, criando uma sonoridade extremamente coesa. Isso, porém, tira a qualidade da banda de criar um multifacetado jukebox atirando para todos os lados em buscar de um paraíso sonoro ideal que vale mais a pena a viagem que o destino. Existe, sim, resquícios dessa qualidade do The 1975, mas é diluída para entregar algo mais redondo e compactado. Entretanto, isso também não é um grande problema, pois fica mais fácil a deglutição do álbum como um todo, sendo que era quase impossível nos trabalhos anteriores. Sonoramente, o álbum também apresenta diferenças enquanto ainda caminha por velhos lugares.

Being Funny in a Foreign Language é o direcionamento da banda para uma batida mais soft rock, new wave, indie rock sem perder o toque synthpop que é tradição da banda desde o começo. Acredito que esteticamente seja o trabalho mais adulto da banda até o momento, mostrando uma clara evolução na construção de canções que especialmente podem ser creditadas como fillers. E a adição da visão Antonoff consegue criar uma interessante mistura que, felizmente, não pende para algo que o produtor já tenha feito. Na verdade, acredito que o trabalho da banda com o produtor possa ter sido o catalizador para que a banda fosse buscar novos horizontes, sendo refletindo principalmente nas ousadas instrumentalizações. E um dos melhore momentos do álbum ressalta exatamente isso: Happiness tem personalidade suficiente para se destacar dentro da discografia da banda, especialmente devido a sua sensacional instrumentalização que alcança o ápice na parte final em que tem espaço para brilhar sozinha”. Existe outro detalhe importante em relação a Being Funny in a Foreign Language que é diminuição da grandiosidade instrumental que a banda sempre entregou, deixando as canções contidas e ainda extremante bem arranjadas. Em Part of the Band, “provavelmente a canção mais diferente deles até o momento, o single é uma mistura esquisita, mas bem construída e surpreendente de indie rock, folk pop e toques de art pop que gera um resultado inesperado e realmente refrescante para a sonoridade da banda. Ao contrário da pomposidade das canções que estamos acostumados vindo da banda, a canção apresenta uma aspereza e uma certa economia instrumental que consegue criar uma expectativa bem diferente para o álbum”. O que não mudou em nada é a presença cavalar e completamente divisível do vocalista Matty Healy.

Vocalista, produtor e principal compositor, Matty é a principal peça da banda que cria esse clima de “amor ou ódio” e, sinceramente, isso é o que dá o tempero para o The 1975. Em Being Funny in a Foreign Language, o artista continua a colocar a sua marca de forma contundente, especialmente nas composições. E esse quesito continua a surpreender ao ser uma mistura de pretensiosidade, emoção, honestidade, reflexões e doses de certas vergonhas alheias aqui e acolá. E isso está presente no volume máximo na ótima abre-alas The 1975 (voltando a tradição de nomear a primeira música como nome da banda) em que a letra parece fazer uma mea-culpa dos erros de Matty do passado, mas, ao mesmo, tempo aponto o dedo para as novas gerações. Felizmente, Matty também saber ser simplesmente romântico ao entregar a balada com base de piano All I Need To Hear em que o mesmo clama que precisa apenas de alguém dizer que o ama. Simples e eficiente, mas com os toques da personalidade que o artista exala como, por exemplo, no verso “Oh, I don't care if you're insincere”. Outro bom exemplo dessa pegada é a lindinha e fofa Oh Caroline em que refrão é tão direto que realmente convence: “Oh-oh, Caroline/ I wanna get it right this time/ 'Cause you're always on my mind”. Outros bons momentos do álbum ficam por conta da dançante new wave/pop rock Looking for Somebody (To Love), About You que parece uma canção do Coldplay se eles ainda fizessem esse tipo de música e, por fim, a faixa que encerra o álbum When We Are TogetherBeing Funny in a Foreign Language tem as qualidades de um álbum The 1975 envolvido por uma nova roupa que mostra também novos caminhos para a banda. Não é o seu melhor, mas é um trabalho ainda digno de elogios sinceros.

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