25 de dezembro de 2022

Os Melhores Álbuns de 2022 - Parte I




30. Raving Dahlia
Sevdaliza


"Nascida no Teerã no Irã e criada desde os cinco anos nos Países Baixos, a cantora que já dois álbuns lançados apresenta no EP de seis canções uma percepção bastante única sobre a sonoridade, misturando synth-pop, art pop, R&B, indie pop/rock e eletrônico. Criativo, inesperado e climático, Sevdaliza nem sempre acerta na mosca cem por cento e, sinceramente, isso não é nenhum empecilho para o resultado ser menos excitante"


29. The Kick
Foxes


"Acredito que ao se tornar uma artista independente, Louisa Rose Allen, nome de nascimento da cantora, pode mostrar com liberdade todo o seu alcance sonoro, mesmo que o álbum seja uma colagem de estilos e gêneros já ouvidos várias vezes. O nome que vem primeiro a mente é o da Carly Rae Jepsen, especialmente o seu memorável Emotion. E esse é o único grande defeito do álbum: a falta de uma personalidade que seja definitivamente dessa nova Foxes. Fica fácil notar as similaridades em atmosfera, tom e ideias para construir a sonoridade de The Kick como sendo um clean, nostálgico e elegante mistura de electropop/synth-pop. O que realmente salva o álbum de não cair em ser uma pastiche é que a sua imensa qualidade de criativa que segue o caminho de “copia, mas faz direto”."

28. Decide
Djo


"Segundo álbum da carreira do artista, Decide é um maduro, elegante, inspirado e climático trabalho que mistura vários subgêneros do pop como, por exemplo, indie pop, psychedelic pop, indie pop, pop rock, synthpop e electropop em um homenagem/aceno/reconstrução/aceno para sonoridades dos anos oitenta e noventa. Essa descrição parece até que caberia para outros trabalhos recentes e, sinceramente, isso é até verdade em vários pontos. Todavia, existe uma sinceridade genuína no que o Djo entrega durante os deliciosos trinta e seis minutos de duração do álbum. Acredito que é apresentado aqui é a visão do que a geração Z (que Joe faz parte) pensa sobre essa sonoridade pop de forma sarcástica e levemente pedante, mas, felizmente, existe um verdadeiro amor e conhecimento pelo material emoldurado. Isso deixa o resultado com uma clima verdadeiro em que a superficialidade estética e substituída por uma noção de sinceridade sobre o que o mesmo quer apresentar ao não soar como uma parodia/piada."

27. Being Funny in a Foreign Language
The 1975


"Menor álbum da carreira da banda com apenas quarenta e três minutos em apenas onze faixas, o álbum tem a coprodução do onipresente Jack Antonoff e é desse fato que retirado parte das novas qualidades e parte do erro. A mão forte de Antonoff consegue refinar o resultado final para conseguir ter o mesmo apelo do começo ao fim, criando uma sonoridade extremamente coesa. Isso, porém, tira a qualidade da banda de criar um multifacetado jukebox atirando para todos os lados em buscar de um paraíso sonoro ideal que vale mais a pena a viagem que o destino. Existe, sim, resquícios dessa qualidade do The 1975, mas é diluída para entregar algo mais redondo e compactado. Entretanto, isso também não é um grande problema, pois fica mais fácil a deglutição do álbum como um todo, sendo que era quase impossível nos trabalhos anteriores. Sonoramente, o álbum também apresenta diferenças enquanto ainda caminha por velhos lugares."

26. CRASH
Charli XCX



"Enquanto os dois álbuns anteriores pendiam para um lado da balança entre o pop comercial e o pop experimental, CRASH fica exatamente no meio desse equilíbrio ao entregar um acessível, leve, requintado e inteligente trabalho de synth-pop/electropop. Com uma produção que é basicamente o quem é quem do atual cenário eletrônico/pop/indie (A. G. Cook, Digital Farm Animals, Ariel Rechtshaid, Oneohtrix Point Never, Ian Kirkpatrick, entre outros), o álbum é construído para as canções possam serem de fácil compreensão para qualquer público ao ter esse toque pop vendável e, ao mesmo tempo, adicionar uma camada brilhante o suficiente para continuar a fazer a Charli XCX um balsamo de originalidade nos pântanos da mesmice do atual cenário. O cuidado como cada pequeno detalhe dessa construção é colocado para que o resultado final seja sempre espetacular é impressionante. O single Good Ones é a prova cabal dessa característica da artista: “a formula para que Charli consiga sair do lugar comum em relação a massa é adicionar suas referências sonoras aqui e ali, criando uma batida encorpada, refinada e levemente sombria”. CRASH também não seria tão bom se não tivesse uma influencia tão bem estabelecida e costurada dos anos oitenta/noventa/dois mil."

25. Multitude
Stromae


"Depois de um hiato de nove anos, Stromae retorna com um álbum que faz uma gloriosa, edificante e suntuosa viagem pelos mais diversos gêneros mundiais para criar um álbum extremamente rico sonoramente. Sem soar pretencioso, mas, sim, curioso em entrar em novas terras, o artista busca inspiração nos mais diversos lugares como, por exemplo, sonoridades africanas, chinesas, portuguesas, brasileiras, francesas e do oriente médio para criar uma sonoridade única que vai se desenrolando com parte de um tapete sendo costurado com os mais diferentes tecidos. No final, entretanto, o resultado é apenas uma coesa e fluida peça que começa de uma forma e termina de outra sem nunca parece uma coleção de retalhos sem base ou forma. Com uma produção excecionalmente inteligente, Multitude é um trabalho marcante que deixa claro a vontade de Stromae de ser bem mais que apenas um hitmaker inusitado para ser um observador da música e da alma humana. E é nesse segundo ponto que o álbum encontra a sua força emocional."

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