Sevdaliza
Apesar de estruturalmente curto, um EP pode e deve mostrar com clareza toda o potencial que um artista em para entrega. E esse é o caso de Raving Dahlia da cantora Sevdaliza.
Nascida no Teerã no Irã e criada desde os cinco anos nos Países Baixos, a cantora que já dois álbuns lançados apresenta no EP de seis canções uma percepção bastante única sobre a sonoridade, misturando synth-pop, art pop, R&B, indie pop/rock e eletrônico. Criativo, inesperado e climático, Sevdaliza nem sempre acerta na mosca cem por cento e, sinceramente, isso não é nenhum empecilho para o resultado ser menos excitante. O trabalho começa com a contida e aveludada pop soul/art pop System. A batida da faixa é de uma doçura melancólica que vai entrando na cabeça aos poucos, conseguindo criar moradia própria de forma natural mesmo que a letra não seja a mais rica de todas. Em seguida, a cantora muda de foca e entrega em High Alone a densidade sombria de uma canção de rock alternativo com toques de indie pop. Lembrando os trabalhos do Radiohead, a faixa dá para a cantora essa áurea preciosa de ser capaz de facilmente mudar a chave mestre para alternar em estilo e gêneros diferentes sem se perder. E mesmo que a próxima canção perca certa qualidade, Sevdaliza continua a entrega uma canção bem acima da média.
Everything Is Everything é uma inesperada fusão de eletrônico com EDM que parece buscar inspiração na europop bem comercial que dominou as paradas mundiais na metade dos anos dois mil. O resultado é elevado devido a ótima construção instrumental e performance de Sevdaliza que, apesar de usar auto-tune, sabe se moldar o estilo da canção de forma incrível. Nem parece que essa cantora ouvida na faixa é a mesma das duas anteriores e, mesmo assim, ainda é possível notar a sua imensa persona em cada momento. E o seu momento vocal ainda estar por vim. Dando continuidade em Raving Dahlia, a faixa The Great Hope Design é uma daqueles trabalhos complexos que para notar toda a sua qualidade é preciso prestar atenção a cada detalhe. Melhor faixa do EP, a canção é uma pesada e áspera fusão de eletrônico, art pop e pinceladas de industrial que cria uma batida densa que termina pode até ser um pouco longa demais, mas que prende devido o impressionante trabalho da produção no arranjo. Além disso, a cantora entrega uma performance sensacional, elevando mais a minha percepção do seu alcance como cantora. Mudando de direção novamente, Human Flow é uma doce balada indie pop/R&B que dá espaço para a sempre incisiva lírica da cantora se mostrar em seu melhor momento. Finalizando o EP, Oh My God (Sleepnet X Sevdaliza Remix) é um remix interessante de uma canção previamente lançada pela artista que consegue mostrar que é possível fazer um remix que pode ser chamado assim e, também, entregar uma canção que consegue se sustentar por si, mesmo que não seja um acerto do começo ao fim. Raving Dahlia termina mostrando muito bem quem é a Sevdaliza como artista e isso é algo realmente revigorante, excitante e bastante raro.
notas
System: 8,1
High Alone: 8
Everything Is Everything: 7,7
The Great Hope Design: 8,2
Human Flow: 7,9
Oh My God (Sleepnet X Sevdaliza Remix): 7,8
Média Geral: 7,9
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