Bob The Drag Queen
Um dos meus programas favoritos é o RuPaul's Drag Race que assisto desde a primeira temporada em 2009. E é claro que tenho minhas participantes favoritas e uma delas é Bob The Drag Queen, vencedora da oitava temporada. Considerada uma das melhores que já passaram pelo reality, Bob vem construído uma carreira de sucesso que se expande para a música. Recentemente, a drag foi anunciada como opening act da turnê de celebração de quarenta anos da carreira de nada mais, nada menos da Madonna. Como suporte para essa tremenda conquista, Bob lançou o ótimo EP Gay Barz.
Quem conhece um pouco da carreira da drag sabe do seu imenso talento como rapper e em Gay Barz é demonstrado de maneira incontestável. Em cinco faixas, Bob entrega um elétrico, explosivo, poderoso e magnético fusão de rap, pop rap, R&B, eletrônico e hip hop que consegue deixar para trás vários artistas mainstream devido a inteligência sonora apresentada. E o grande trunfo é capacidade da produção pegar o que é tradicional do hip hop/rap que é historicamente gêneros com muita homofobia e adicionar uma carga de personalidade para descontruir em favor de criar uma celebração queer. E isso acontece logo de cara com Gay Barz (Cypher). Buscando inspiração em canções rap que tem um grande lineup de convidados, a faixa é uma áspera, pegajosa e pungente e forte que quebra expectativas ao seguir a risca o mesma cartilha da sua inspiração. Poderia ter um instrumental mais complexo, mas, sinceramente, o resultado é bem acima da média. As três faixas seguintes (Take My Picture, Bitch Like Me e Booty) seguem um padrão que mistura pop em canções feitas especialmente para seguir o padrão da cultura ballroom, sendo feitas para misturarem humor, citações pop e muito carão e vogue. E é nesses momentos que Bob brilha com seu carisma gigantesco e um senso de performance incrível. Entretanto, o EP termina no momento que alcance ápice na espetacular Black. Lembrando a estrutura de This Is America do Childish Gambino pela parte sonora e estética (o clipe é merecedor de ser visto), a faixa é uma energética, marcante e com uma lírica “tapa cara” sobre racismo, homofobia, transfobia, empoderamento negro e amor próprio com uma produção capaz de construir uma complexa instrumentalização em canção de cerca de três minutos. A ponte entoada por Basit é a suculenta e deliciosa cereja em cima do bolo que o deixa ainda mais sensacional. Gay Barz é uma EP rápido demais para que Bob The Drag Queen desenvolva todo o seu potencial, mas, sinceramente, mas é aperitivo extremamente delicioso.
notas
Gay Barz (Cypher) (featuring Kamera Tyme, Mikey Angelo, and Ocean Kelly): 7,7
Take My Picture: 7,5
Bitch Like Me: 7,6
Booty: 7,4
Black (featuring Basit and Ocean Kelly): 8,3
Média Geral: 7,7
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