Kali Uchis
O terceiro álbum da carreira da Kali Uchis, Red Moon In Venus, não apenas é a solidificação da cantora como uma das melhores artistas R&B da atualidade, mas, também, a celebração de tudo que a mesma vem construindo ao mesmo tempo que é a porta para um futuro glorioso.
Red Moon In Venus é luxuoso em todos os sentidos das palavras, pois, além de ser requintado, o trabalho é abundando em ideias, texturas, nuances, cores e sensações. Continuando a sua exploração/reconstrução no que seja o R&B, Kali entrega um ambicioso e extremamente bem conduzida mistura de neo-soul, indie R&B, psychedelic/pop soul que não é a reinvenção da roda, mas tem uma originalidade tão clara que se torna facilmente uma marca indiscutível da sonoridade da cantora. Ouvir qualquer faixa do álbum consegue despertar bem rápido essa sensação única de familiaridade especial que liga esse tipo de canção com a personalidade artista da cantora. E, queridos amigos, isso é algo realmente raro e merece ser celebrado, especialmente para uma arista com relativo bom tempo de carreira. As qualidades do álbum, felizmente, não param por aí.
Apesar de trabalho com um numero grande de produtores, Kali consegue manter uma coesão impressionante em relação a sonoridade, retirando de cada um as pitadas de ousadia necessárias para cada canção também terem as suas próprias personalidades ao transitar de maneira fluida entre pitadas de pop comercial, latin music, hip hop e o bom e velho pop. Nada que descaminhe o traçado que a sonoridade geral de Red Moon In Venus conduz desde o começo, mas elevando e texturizando as canções de maneira a se sustentaram sozinha. Com isso bem amarado de maneira a não deixar pontas soltas, tirando a última canção (Happy Now) que poderia ser bem melhor para fechar com chave de ouro, Kali tem espeço para adicionar camadas e camadas de sensualidade e graciosidade como o mais puro veludo, criando toda a atmosfera envolvente e iluminada do álbum que abraça quem escuta desde a primeira canção. E nada melhor que para abrir o álbum está a ótima I Wish You Roses ao ser “uma volta considerável a sonoridade do começo da carreira da cantora, mas sem perder o frescor e originalidade que a mesma sempre apresenta. Uma melódica, sensual, envolvente e aveludada mistura de R&B, pop e indie, a produção é de uma maturidade ímpar que dá para a canção uma atmosfera que consegue ser épica e, ao mesmo tempo, intimista”. Toda essa sensação continua com a presença da requintada All Mine em que a cantora parece criar o que seria a sua versão de uma canção da Mariah Carey com agudos surpreendentes. Moral Conscience também dá espaço para a cantora brincar com os vocais em uma canção madura e sóbria. E em Moonlight, Kali alcança todo o seu potencial comercial em uma canção simplesmente viciante. A canção também encapsula todo o estado de graça que se encontra a cantora em Red Moon In Venus.
Kali Uchis é uma das artistas atualmente de maior carisma. Não é apenas carisma, mas magnetismo natural, raro e completamente seu. E isso é algo que reflete plenamente em todas as canções, mas aqui se amplifica devido a trabalho impressionante da produção. Com todo o espaço para brilhar, a cantora carrega todo o álbum com uma graça e técnica que a coloca entre as melhores. E isso sem precisar de apresentar performance “gigantescas”, pois, assim com a vibe de Red Moon In Venus, o caminho escolhido é mais contido com uma sensualidade natural e uma fluidez impecável. Isso acontece até mesmo quando a mesmo emoldura alguém como é caso da sensacional Blue: uma suculenta R&B/neo-soul que poderia facilmente ser um trabalho da Sade nos anos oitenta com a sua batida influenciada pelo uk bass e o seu marcante saxofone. Apesar de ser uma referencia tão óbvia e marcante, Kali encontra o ponto ideal para deixar a sua envolvente personalidade fluir de maneira a dá para a cação a sua cara. E até mesmo quando a mesma divido os holofotes, a cantora brilha plenamente. Esse é o caso da contagiante Fantasy com participação do rapper e namorado Don Toliver. Apesar do artista funciona melhor que o esperado, a canção é toda para celebrar a presença brilhante da cantora em uma canção dançante que merece se tornar um viral. Outro ponto que a cantor continua a brilhar é a forma como fundi inglês e espanhol, mesmo que aqui tenha diminuído a pratica ao ser um álbum predominante em inglês. Quando isso acontece temos perolas com a dupla Como te Quiero Yo e Hasta Cuando. Red Moon In Venus é a prova que a Kali Uchis sempre será famosa. E isso é algo que realmente extraordinário.
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