3 de março de 2024

Primeira Impressão

Girl With No Face
Allie X



O terceiro álbum da Allie X, Girl With No Face, não é perfeito, mas no final é um verdadeiro triunfo. E isso é possível devido ao fato da artista não fazer nenhuma concessão, entregando um álbum único, cativante e de uma personalidade irresistível.

Sem nenhum tipo de amarra visível que a prenda a conceitos fixos sobre pop, mas sem perder o rumo do que faz o gênero ser tão especial, Allie X entrega um refinadíssimo trabalho de synthpop, glam rock, new wave e electropop que consegue encontrar o lugar ideal entre a nostalgia e a originalidade. E isso é alcançado devido a uma produção corajosa da própria cantora que consegue referenciar sem copiar, reinventar sem desrespeitar, divertir sem perder o senso artístico e ser inteligente sem ser pretencioso. E, queridos leitores, esse é um trabalho gigantesco para se alcançar, pois qualquer tropeço mais forte poderia ser um tiro no pé. Isso não acontece devido a determinação que Allie X em criar uma obra coesa, limpa, focada e de um fator viciante altíssimo. O problema que Girl With No Face tem para não ser ainda melhor é o seu não aprofundamento no clima inicial.

Apesar de atmosférico e alinhado perfeitamente com essa essência dos anos oitenta de uma sonoridade que passeia pelo mainstream até o alternativo, o álbum parece um pouco contido na maneira como aborda essa sua proposta. Acredito que a melhor definição para a minha a sensação ao ouvir o álbum completo é que ao invés de meter o pé na porta até derruba-la, Allie X bate vigorosamente até alguém atender e assim poder entrar. Os dois métodos dão certo no final, mas entrar com tudo faz uma diferença considerável para a impressão que se alcança no final. Tirando isso, Girl With No Face é irresistível do começo ao fim, mas existem alguns momentos de pura magia. E um desse momentos é a sensacional Black Eye ao ser “uma dark synth-pop mistura com post-disco que emoldura os anos oitenta de maneira a ficar na linha entre a nostalgia e a parodia. E é exatamente isso que acontece, pois Black Eye termina deliciosa, sombria, cativante e totalmente dentro da sua intenção. Acredito que o grande trunfo da canção é deixar suas ideias serem trabalhadas em uma canção de mais de quatro minutos em que o clímax vai sendo talhado de maneira cuidadosa a todos os detalhes. Allie X entrega uma performance espetacular como quase uma versão musical de Elvira, A Rainha das Trevas”. Outro momento no mesmo calibre é a canção que abre o trabalho: a excepcional Weird World. Outros momentos importantes do álbum ficam por conta da corajosa Off with Her Tits por ser “estranha, madura, viciante e deslumbrante synthpop que parece ter saído diretamente dos anos oitenta, reluzindo neon e com um toque sombrio delicioso. Sonoramente, a canção é um bom exemplo de não precisa reinventar a roda, mas, sim, injetar criatividade e inteligência para criar algo refrescante e excitante”, a aveludada Galina e, por fim, a eletrizante e ácida You Slept On Me. Com Girl With No Face, Allie X coloca o nível do pop no alto logo no começo de 2024 sendo um sopro de personalidade verdadeira e excitante.


2 comentários:

Anônimo disse...

Cadê a review do Eternal Sunshineeee

Jota disse...

Em breve sai a resenha do álbum da Ariana