14 de janeiro de 2025

O Melhores Singles de 2024 - Parte IV



Parte I

20. Texas Hold 'Em
Beyoncé


"Texas Hold 'Em é o outro lado do country: a celebração. Ao ser mais pop e animada, a canção é divertida, dançante e tem aquela vibe que dá vontade de dançar quadrilha vestida de marca importadas e de salto alto. Não tem mesmo impacto de 16 Carriages, mas nem é para ter já que a sua missão é apenas fazer a gente sacudir o esqueleto. Uma coisa que é preciso notar aqui é o cuidado com a composição para Texas Hold 'Em. O country vive uma epidemia de sucesso mainstream que repetem os mesmos clichês nesse tipo de canção ao relatarem sobre a vida de uma pessoa do interior que vem normalmente de artistas masculinos. Aqui, porém, Beyoncé mostra que é possível falar sobre essa vida de maneira madura, criativa e profunda."

19. Saturn
SZA



"Apesar de não apresentar nada muito diferente, a produção entrega uma canção com profundidade emocional tocante, um instrumental rico e uma atmosfera que consegue equilibrar o lado comercial com precisão. Ainda é uma música comercial, mas tem essa energia magistral de estarmos ouvindo todo o potencial da SZA. E isso fica ainda melhor com a fantástica performance da artista que injeta ainda mais sentimento na ótima composição sobre passar por uma crise existencial sobre o seu lugar no mundo."

18.Good Luck, Babe!
Chappell Roan


"A canção é uma excitante, adorável, melancólica, sentimental e dançante synthpop com uma dose bem vinda de indie pop/rock que a dá não apenas a única personalidade, mas também toda a sua impressionante atmosfera que transita em perfeitamente em um veio atemporal entre ser vintage, nostálgico e moderninho. E isso nem é o grande trunfo da canção, pois Good Luck, Babe! é uma slow burn que vai encontrar o seu imenso ápice ao chegar na sua ponte final em que temos uma mudança instrumental e de atmosfera que, apesar de não alterar a cadencia da canção, dá para o trabalho uma força devastadora."

17. Russian Roulette
Porter Robinson


"A grande qualidade da canção é a sua inesperada mudança rítmica na parte final da canção em que saímos de uma batida electropop para uma emocional e sentimental parte pop rock/emo-pop para logo depois mudar novamente para uma parte mais eletrônica e trance que termina a faixa de maneira inesperada e genial. A ponte entre as partes é de uma fluidez impressionante e que faz a gente fica desconcertado ao escutar pela primeira, notando o quanto as mudanças fazem sentido perante ao teor da canção e o como a temática é trabalhada ao longo da canção. Russian Roulette muda o foco das duas canções já citadas para ser bem mais intima aos sentimentos do Robinson em relação a sua arte e como a mídia e o público a percebem, tentando encontrar o real sentido para ser um artista e, também, viver."

16. Floating On A Moment
Beth Gibbons


"Bem longe de ser a para todos os públicos, Floating On A Moment é uma soturna, melancólica, densa e deslumbrante mistura de psychedelic/chamber pop com pinceladas incríveis de art rock e baroque pop. E, queridos leitores, a canção é uma verdadeira aula de como fazer uma slow burn que vai aos poucos grudando na nossa mente para não soltar mais com a sua atmosfera sufocante e de uma força constante e devastadora. A parte final em que surge um coral de vozes infantis é o ponto algo ao arrematar a canção de maneira inesperada."

15. Disease
Lady Gaga


"A canção é praticamente um milagre em forma de música, pois faz a cantora simplesmente voltar com tudo aos tempos áureos sem soar datada ou/e pretenciosa e com a mesma qualidade. E qual é esse tempo áureo que estou falando: a era The Fame Monster/Born This Way. Disease é uma amalgama perfeito da sonoridade dark pop/electropop que a GaGa entregou nessa época, entregando uma força épica e monstruosa que particularmente sentia falta na sua sonoridade. Densa, dançante, épica e explosiva, a canção tem também essa noção de não ser apenas uma peça nostálgica, mas, sim, mostrar evolução clara e definida da sonoridade da cantora sendo que fica claro que a canção é uma continuação natural do que ela já fez ao invés de ser uma desesperada tentativa de voltar no tempo para voltar ser relevante."

14. The Invisible Man
Maruja


"Com um pouco mais seis minutos, a canção é uma torrente impiedosa, épica, magistral e grandiosa de uma mistura de post-punk, art rock, jazz e rock progressivo que pode até ser familiar, mas é feito de uma tão espetacular e com uma personalidade distinta que a torna um trabalho único e refrescante. Existe um cuidado para que o impressionante instrumental não se perca em uma cacofonia sem sentido, mas que também não tenha restrições ou amarras para onde ir ou, principalmente, como chegar nesse lugar sonoro impressionante e deslumbrante."

13. Satellite Business 2.0
Sampha & Little Simz


"Uma espécie de remix de uma faixa que funcionou como intro no álbum Lahai do ano passado. O resultado desse aprofundamento na produção é a criação de uma espetacular e deslumbrante canção que apenas corrobora com o já presente sentimento que o Sampha é um gênio. Satellite Business 2.0 é estigada ao seu total potencial ao ter a sua batida inspirada de R&B alternativo com eletrônica, neo-soul e hip hop incrementada de maneira a conseguir criar uma nova canção sem perder a essência da original."

12. Butterfly Net
Caroline Polachek & Weyes Blood


"Melhor canção de Desire, I Want to Turn Into You, a canção ganha essa nova versão para o relançamento do álbum. E, queridos leitores, que momento espetacular é esse de poder ouvir essa nova versão. A canção não segue a cartilha de remixes/duetos devido a ter uma nova instrumentalização que incrementa dramaticidade e força para a já belíssima melodia original. Uma atmosfera angelical/etérea é pincelada por toda a canção sem fazer a mesma perder suas qualidades originais ao ser “épica e ter um tom intimo sem fazer nenhuma das suas facetas serem perdidas em nenhum grau”. Todavia, o grande trunfo dessa versão de Butterfly Ne é a presença magistral de Weyes Blood que combina a sua voz aveludada com o brilhantismo da performance de Polachek para criar mágica em forma de música."

11. Alibi
Sevdaliza, Pabllo Vittar & Yseult


"Na teoria, a canção não deveria funcionar, pois mistura ao mesmo tempo funk brasileiro, latin pop, alt pop e reggaeton. Todavia, a produção da própria Sevdaliza ao lado de Mathias Janmaat consegue ligar todas as pontas com uma mestria genial ao criar uma fusão tão perfeita entre todos os gêneros usados que faz de Alibi uma das canções pop mais interessantes dos últimos tempos. Extremamente marcante, explosiva, épica e com um toque comercial que em nenhum momento a transformar em nada massificada, a canção ainda conta com a presença de quatro idiomas diferentes sendo usado: o inglês da Sevdaliza, o português da Pabllo, o francês da Yseult e o espanhol do refrão que faz referência a canção Rosa de Magín Díaz. Isso poderia soar como uma torre de Babel sem nexo, mas a maneira como é construída a transforma em um trabalho fluido e coeso. Na verdade, essas mudanças sonoras das entonações são um dos pontos fortes da canção já que dá são texturas ricas e bem pensadas. E o que fecha o pacote são as performances classudas e poderosas das três artistas, especialmente a da Pabllo que usa seu tom mais grave de maneira inesperada e incrível."

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