29 de junho de 2025

Primeira Impressão

Idols
YUNGBLUD





Ao terminar a resenha do álbum anterior do Yungblud, afirmei que o artista era um dos meus “melhores prazeres culposos do ano”. Todavia, três anos depois, não posso dizer o mesmo sobre Idols, pois o artista entrega um trabalho verdadeiro e excitante, que se consolida como um dos melhores do ano.

O quarto álbum da carreira do britânico não é apenas uma evolução sonora, mas também um amadurecimento no entendimento de quem é Yungblud como artista e pessoa. É interessante observar essa transformação que ocorre de um álbum para o outro em apenas três anos. Isso evidencia que esse artista sempre esteve lá, pronto para ser descoberto e explorado, mas ainda preso a amarras que agora começam a ser cortadas. Embora ainda existam arestas a serem aparadas, o salto qualitativo e estético é significativo, perceptível e impressionante. Uma das principais razões para isso é o entendimento mais afinado e preciso de sua sonoridade.

Ao trabalhar exclusivamente com Matt Schwartz — produtor que já havia colaborado em faixas de trabalhos anteriores —, Yungblud não apenas encontra coesão, mas também um parceiro que compreende perfeitamente todo o seu potencial e sabe como explorá-lo de forma a elevar o material. A maior e melhor decisão foi adicionar ao pop rock, punk e pós-punk já apresentados anteriormente uma carga intensa e bem trabalhada de britpop, rock alternativo, rock operático e indie rock. Essas adições conferem substância e profundidade à sonoridade do cantor, criando uma base sólida para uma identidade musical surpreendente, intrigante e concreta.

Compreendo que, para quem escuta o álbum pela primeira vez, a sonoridade possa parecer superficial ou plastificada. No entanto, quem deixa os preconceitos de lado e se atenta aos detalhes percebe facilmente toda a força genuína de Idols. Essa força já se evidencia na primeira faixa: Hello Heaven, Hello.

Melhor canção do álbum, a melhor da carreira do cantor e uma das melhores de 2025, o single é "uma inspirada, épica, refinada e madura fusão de art rock e britpop, com influências de glam rock e pós-grunge, apresentando uma estrutura épica e um instrumental impressionante. Quase como duas canções unidas por um fio sonoro claro, Hello Heaven, Hello funciona perfeitamente do início ao fim, graças à condução magistral de uma produção que entende a essência de Yungblud e, ao mesmo tempo, a aprofunda de maneira inteligente e impactante". Essa introdução já é suficiente para convencer até os céticos de que estamos diante de um artista em evolução, mesmo que ainda existam alguns pontos a serem ajustados.

Embora o restante de Idols não alcance o mesmo nível da faixa de abertura, o álbum continua a mostrar o caminho certo para o artista, com vários momentos inspirados. Esses momentos são enriquecidos pela excepcional performance vocal de Yungblud, que entrega uma força emocional impressionante em cada faixa, demonstrando alcance vocal e versatilidade A rouquidão moderada no timbre de sua voz é um destaque, pois confere gravidade e melancolia nos momentos certos. Um exemplo disso é a emocionante Zombie, em que o cantor "entrega uma performance visceral que eleva a composição ao nível ideal, destacando toda a sua significância."

Liricamente, Idols ainda carece de refinamento estético e temático para posicionar Yungblud em um novo patamar criativo. No entanto, o álbum apresenta composições sinceras, emocionais e bem estruturadas, com uma visão cativante. Um bom exemplo é Lovesick Lullaby, que "se encaixa perfeitamente na atmosfera da canção, transmitindo toda a descontração genuína de sua batida". Outros momentos de destaque incluem a magnética The Greatest Parade, a emocionante e épica Change e, por fim, a sofisticada Ghosts.

Idols não é um álbum perfeito, mas é o veículo ideal — e excitante — para a transição da carreira de Yungblud.



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