29 de abril de 2018

As 100 Melhores Músicas Que Você Não Deve Conhecer

O cenário musical brasileiro está intrinsecamente ligado com o mundo televisivo. Em especial, as novelas foram responsáveis pelo sucesso de centenas de músicas ao serem temas recorrentes em folhetins de grande sucesso. Apesar de atualmente as novelas terem perdido parte do seu papel de fenômeno cultural de massa, as novelas continuam a exercer esse papel de vitrine musical para várias músicas de cantores consagrados ou novatos. Em 9 de Dezembro de 2000 aconteceu um verdadeiro momento histórico na nossa TV, mas que seria completamente diferente caso não tivesse essa música de hoje no especial como tema de fundo. O especial de hoje de As 100 Melhores Músicas Que Você Não Deve Conhecer irá falar sobre...




28 de abril de 2018

A Falta de Saber Lidar

One Kiss
Calvin Harris & Dua Lipa

Calvin Harris é o DJ/produtor de maior força no pop nos últimos tempos, trabalhando com uma quantidade grade dos nomes que estão dentro do livro de quem é quem da música comercial. Entretanto, tirando alguns momentos, Calvin ainda não sabe como usar o melhor dos seus contatinhos como comprova a mediana One Kiss com a estrela em ascensão Dua Lipa.

O single, provável primeiro do próximo álbum de Calvin, é um bem concebido e preguiçosamente produzido deep house comercial que não usa a sua principal qualidade a seu favor: capaz de entregar performances classudas e diferentes do resto nicho pop, Dua Lipa está tão morna como sopa depois de esfriar meia hora. Lá está o seu timbre aveludado meio Cher/meio cantora indie/meio cantora dos anos oitenta, mas isso não é o bastante para melhor a batida regular e linear que Calvin deu para a canção. Comercial, sim, mas sem nenhuma graça verdadeira. Já ouvimos essa batida centenas de vezes em outras canções. O que ajuda, além da voz de Dua, é o fato da qualidade técnica da canção sempre ser acima da média nas produções desse tipo. Falta, então, Calvin Harris aprender a lidar não só apenas com o talento dele, mas, principalmente, com daqueles que com ele trabalha seja quem for.
nota: 6

26 de abril de 2018

Mudanças no Céu de Florence

Sky Full Of Song
Florence + The Machine

Meio que do nada começaram a sair lançamentos de vários nomes importantes quase de uma vez só. O que teve menos destaque, mas que precisar ser descoberto pelos mais desavisados é a volta do Florence + The Machine que prepara o lançamento do quarto álbum da banda (High As Hope). O primeiro single é singela e emocionante Sky Full Of Song.

Para quem conhece um pouco da sonoridade da banda liderada pela Florence Welch irá achar bem diferente Sky Full Of Song, mesma que a canção tenha as características únicas da banda. A canção é a canção menos rebuscada e grandiosa da carreira da banda até comparando com as baladas que a banda já lançou como, por exemplo, St JudeWish That You Were Here. Sky Full Of Song é uma bela balada indie pop que se construí em uma instrumentalização contida, quase linear e de uma beleza simples. A atmosfera resultada é de uma fragilidade emocional quase tocável que tem na inconfundível poderosa voz de Florence a sua perfeita interprete. Entretanto, a canção parece não ir aos lugares que merecia ir, ficando meio perdida na sua própria realização. Esse defeito é ainda mais sentido quando prestamos atenção na sua composição que cria uma coleção de belas e comoventes imagens para falar sobre a sensação de solidão que bate quando a gente não tem certeza das pessoas a nossa volta e as suas verdadeiras intenções. Felizmente, Sky Full Of Song é um trabalho com a qualidade estética do Florence + The Machine e tudo termina muito bem.
nota: 8

25 de abril de 2018

La Creme Drake

Nice For What
Drake

De tempos em tempos, o Drake decide lançar uma música que excede qualquer expectativa. Dessa vez, a escolhida é a impressionante Nice For What.

Nice For What poderia ganhar no lugar comum ao ser mais uma hip hop/trap/bounce no mar de canções com as mesmas características. Entretanto, a produção é de uma maestria tão grande que o single se torna um verdadeiro artesanato musical. A construção dessa milagrosa batida dançante é feita através de introduções de ideias preciosas e com acabamento de luxo, sendo a principal delas a utilização do sample de Ex-Factor da Lauryn Hill como principal base e, também, o refrão central. Além disso, a inclusão do lendário rapper Big Freedia com algumas frases, aquele mesmo do clipe de Formation, e a batida meticulosamente refinada vai criando uma canção tão interessante quanto as suas ideias. Algo que é difícil de ouvir em várias canções do Drake. Aqui, porém, o rapper realmente se supera em todos os quesito, entregando uma performance sólida e esbanjando seu carisma nato. E a composição também é acima da média, mesmo não sendo liricamente genial, Nice For What é uma bem-vinda canção de empoderamento feminino ao "narrar" a história de milhões de mulheres que batalham todo dia para pagar as contas e sobreviver e, nos finais de semana, apenas querem sair para se divertir. Nice For What é um do melhores momentos da carreira do Drake e pode ser o começo de uma nova era para o rapper. Veremos.
nota: 8,5

24 de abril de 2018

A Falsa Rasa

No Tears Left to Cry
Ariana Grande

Acredito que poucos realmente acreditaram que aquela jovem de rabo de cavalo que tinha ganhado fama em programas voltados para o público teen iria se transformar em uma das artistas pop mais sólidas e interessantes da atualidade. Então, Ariana Grande é a prova viva da sua imprevisibilidade do pop ao conquistar um espaço cada vez maior no mainstream musical, mas mostrando uma qualidade surpreendente como é o caso do seu novo single No Tears Left to Cry.

Primeiro trabalho dela lançado depois do atentado em seu show em Manchester no ano passado, No Tears Left to Cry é um inesperado dance pop com uma mensagem positiva e relevante com produção de Max Martin e Ilya, mesma dupla pro trás da melhor canção da cantora I'm Into You. Apesar de não ter a mesma qualidade, No Tears Left to Cry está longe de ser uma canção pop comum, pois a sua construção guarda algumas "quebras" de expectativas ao ter uma dinâmica diferenciada na criação da sua batida. Lembrando muito a sonoridade dos anos noventa em que se ainda experimentava o dance pop com gêneros como o R&B e o hip hop, a canção tem uma excelente atmosfera elegante em uma batida madura e longe de chiches bobos, lindamente tecida em nuances melódicas e fugindo de qualquer comparação com outras canções atualmente no topo das paradas, mesmo que muitos irão dizer ao contrário. Todavia, esse é o diferencial de No Tears Left to Cry ao parecer menos profunda do que é realmente. Entregando uma performance vocal linda em que é ressaltada o beleza do seu timbre, mostrando o quanto diferente é uma canção dance pop que tem como destaque o vocal e, não, somente a batida, Ariana Grande canta de forma inspirada sobre não desistir e o mundo melhor que deve estar por vim. Longe de ser a melhor canção de Ariana, pois falta um grande momento de transição o que deixa a canção um pouco linear, No Tears Left to Cry é um momento de constatação da sua evolução artística e o começo da sua maturidade na carreira.
nota: 7,5 

23 de abril de 2018

2 Por 1 - Nicki Minaj

Chun-Li
Barbie Tingz
Nicki Minaj

Parece que finalmente a Nicki Minaj irá fazer a sua volta a música de forma concreta depois de ensaiar no ano passado, mas sem maiores repercussões. Dessa, porém, Nicki terá uma concorrente a altura com a Cardi B, mas pelos dois primeiros singles do seu próximo álbum já lançados Onika está pronta para a batalha.

As duas canções mostram que Nicki pode está preparando um álbum cru na sua essência, mirando diretamente na sonoridade hip hop/rap dos meados dos anos oitenta e começo dos anos noventa com influência de house music de raiz. Ambas possuem resultados semelhantes, apesar de produções diferentes, ajudando a corroborar essa minha teoria. Entretanto, o resultado entra as duas diferem um pouco, pois Chun-Li é levemente melhor que Barbie Tingz.

Chun-Li é um maduro e eficiente hip hop com uma atmosfera tensa e uma batida radiofônica. Não é o tipo de primeiro single arrasa quarteirão que a rapper normalmente lança, mas é o começo promissor e diferente. Sem precisar de nenhuma participação especial, Nicki entrega uma performance que apenas ela poderia segurar com mudanças de entonação, sotaques e de com um flow impecável. Disparando a sua metralhadora contra os haters online, construindo uma composição cirúrgica e cheia de boas sacadas como, por exemplo, o nome retirado da famosa personagem do game Street Fight. Já Barbie Tingz perde força na sonoridade menos pungente, mas tem uma ótima influência dos anos oitenta com a mistura promissora de hip hop e electropop. Além disso, a composição tem uma pegada mais carismática e uma estrutura comercial apurada, ressaltando o poder de Nicki e relevando que a mesma está pronta para o ataque. Um bom começo para o retorno de Nicki Minaj.
Chun-Li: 7,5
Barbie Tingz: 7

21 de abril de 2018

A Garota Gênio Problema

Anna Wintour
Azealia Banks*

Durante um bom tempo "bani" a Azealia Banks daqui do blog devido as suas extremamente questionáveis "opiniões" sobre uma gama de assuntos. Entretanto, depois de analisar bem, decide dar uma nova chance a rapper, pois se o blog sempre deu uma chance para o Kanye West durante todos esses anos, por que não dá para a Azealia? Além do mais, a rapper é um dos grandes talentos surgidos na última década como fica comprovado no sensacional single Anna Wintour.

Para quem se lembra do maior sucesso da rapper, a genial 212 de 2012, pode ter uma ideia sobre o que é Anna Wintour, nome dado em homenagem a editora chefe da Vogue americana. A canção é uma espetacular e sem comparações EDM/rap que faz uma verdadeira homenagem a sonoridade do começo dos anos '90. Energética, explosiva e com uma batida avassaladora, Anna Wintour é o que a rapper saber fazer melhor com canções que poderiam acabar clichês ou datadas. Uma batida elegante e produzida a perfeição não teria o mesmo impacto sem a presença marcante de Azealia. O tamanho da sua personalidade, digamos, áspera e difícil está na mesmo proporção do seu gigantesco talento como artística, pois em Anna Wintour entrega na mesma medida de genialidade a parte cantada como a parte do rap, mostrando o quanto genial Azealia Banks pode ser quando se foca apenas na sua música. Vamos esperar para ver se a rapper não irá trocar os pés pelas mãos, pois paciência tem limite até para pessoas de talento fora do comum.
nota: 8,5

* A resenha foi escrita antes da noticia do estrupo sofrido pela artista. Espero de coração que tudo fique bem com Azealia Banks.

20 de abril de 2018

O Maravilhoso Rosa

Pynk (feat. Grimes)
Janelle Monáe

Tenho a leve impressão que a Janelle Monáe está bem disposta a entregar o melhor álbum do ano com Dirty Computer. Depois de dois incríveis primeiros singles, agora é a vez de ela impressionar com a inusitada Pynk.

Pynk continua a linha de empoderamento dos singles anteriores ao ser uma maravilhosa e deliciosa ode ao poder da vagina e, também, da cor rosa. Apesar da estranheza que os assuntos podem causar no primeiro momento, Pynk funciona de uma maneira irrepreensível devido a inteligência criativa de Janelle e o seus parceiros ao entregar uma leve, carismática e audaciosa letra sobre o poder da mulher, ressaltando a ligação com a sexualidade, amor próprio e força da cor rosa que é encontrado em lugares simbólicos. Além dessa linha temática, Janelle Monáe mostra aqui que está disposta em dar para o álbum um cara completamente diferente dos seus álbuns anteriores, pois Pynk é completamente diferente das anteriores.

Entregando uma sonoridade que transita entre o art pop e o R&B com toques de rock, eletrônico, indie e funk, Pynk é uma canção de raríssima produção, pois quebra qualquer expectativa que poderíamos ter com uma canção da Janelle. Minimalista quando precisa, explosiva nos momentos certos. Sexy na medida certa, mas recheada de uma sexualidade latente e deliciosa. Envolvente em sua batida gostosa de ouvir e, ao mesmo tempo, fora de qualquer lugar de segurança em uma construção audaciosa e única. Pynk é um trabalho tão extraordinário que fica difícil de achar adjetivos para elogiar as suas qualidades sonoras. Para corresponder a altura da produção, Janelle Monáe entrega outra performance impressionante cheia de nuances e com uma habilidade de mudar de estilo de tirar o chapéu. O único defeito da canção é dar um espaço reduzido para a presença da ótima Grimes, transformando a sua participação em quase uma backvocal de luxo. Esse problema, porém, não compromete de fato Pynk, pois estamos diante de uma das músicas mais surpreendente dos últimos tempos. 
nota: 8,5

A Boa e Velha Carrie

Cry Pretty
Carrie Underwood


Carrie Underwood irá passar por um momento de recomeço na sua carreira. Não que a cantora tenha passado por problemas nessa área, mas ela está volta aos trabalhos depois de um gravíssimo acidente que a deixou seriamente machucada. Para marcar esse retorno, a cantora lançou a ótima canção Cry Pretty, mostrando que continua sendo a boa e velha Carrie.

Cry Pretty é uma sólida e poderosa balada country pop/rock que tem com melhor atributo o imenso talento vocal de Carrie. Uma das melhores vocalistas do country de todos os tempos, Carrie tem em mãos a canção perfeita para mostrar o seu grande alcance, mas, também, todas as nuances que a sua voz é capaz em uma interpretação emocionante. A composição é outro acerto: emocionante na medida certa e forte sem precisar ser exagerada, a letra fala sobre se deixar se emocionar quando for preciso na vida, revelando um pouco do que a cantora passou no último ano. Poucas cantoras poderiam entregar uma performance tão técnica e com a mesma carga emocional como a Carrie Underwood faz em Cry Pretty. Que bom que ela está de volta, ótima como sempre.
nota: 8

17 de abril de 2018

Antes Tarde do Que Nunca - Votação

A próxima votação para decidir qual será o álbum no Antes Tarde do Que Nunca terá um tema que liga todos os álbuns: Primeiros Álbuns. Todas as opções são os primeiros álbuns lançados ou/e primeiros álbuns lançados por uma gravadora desses artistas e/ou primeiros álbuns solos. Dessa vez, porém, os dois primeiros colocados serão resenhados. Qual serão o álbuns escolhidos? Votem!!!



1. The Fame - Lady GaGa
2. Justified - Justin Timberlake
3. The Miseducation Of Lauryn Hill - Lauryn Hill
4. Whitney Houston - Whitney Houston
5. Tidal - Fiona Apple
6. Fearless - Jazmine Sullivan
7. Alright, Still - Lily Allen
8. Jagged Little Pill - Alanis Morissette
9. Parachutes - Coldplay

15 de abril de 2018

Antes Tarde do Que Nunca - Versão Single

Torn
Natalie Imbruglia

Para quem é da época pré-internet deve lembrar bem o quanto era difícil ter informações sobre os artistas internacionais quando os mesmo faziam sucesso aqui no Brasil. Mais difícil ainda era saber as traduções das canções que tocavam na rádio. Quem não tinha acesso a MTV, não ouvia rádio que tinha algum programa que fazia traduções "ao vivo" ou não tinha condições de pagar um bom cursinho de idiomas ficava a ver navios, o que era uma grande parte da população na verdade. Então, devido a esse não conhecimento, as músicas que a gente ouvia em outro idioma ganhavam a nossa própria interpretação, principalmente de acordo com a sonoridade da canção, isto é, se a canção era pop deveria falar sobre algo feliz e despretensioso ou se a canção era uma balada deveria falar de amor. Tempos passaram e a gente finalmente descobriu com a ajuda da informática que muitas das músicas que a gente achava que significava certa coisa era na realidade algo completamente diferente. Para mim, o caso mais curioso dessa descoberta foi o mega sucesso Torn da Natalie Imbruglia.

Escolhida como primeiro single do álbum debut da australiana, Torn é na verdade uma regravação de uma canção de 1993 que já tinha ganhado duas regravações até "cair" no colo de Natalie em 1997. O sucesso da versão da cantora foi tanto que a ajudou a ganhar três indicações ao Grammy, incluindo de o de Melhor Novo Artista, vendeu cerca de quatro milhões de cópias e ajudou a definir a cara musical do final dos anos noventa. Obviamente, o sucesso atingiu o Brasil, virando sucesso nas rádios e também na MTV com seu clipe. Todavia, quem ouvia os melódicos acodes dessa soft pop/rock e a voz doce de Natalie poderia imaginar que a canção era uma sentimental e romântica canção de amor. Ledo engano, pois anos depois ao ler e traduzir a composição descubro que a Torn é sobre uma separação devastadora e algumas das suas possíveis consequências.

Ouvindo a versão de Natalie sem saber a letra ou a sua tradução, o ouvinte tem a clara impressão que está diante de uma canção romântica otimista, pois a sua produção dá para essa versão uma atmosfera leve, melódica e quase acústica que transmite uma sensação boa e até reconfortante com a batida perfeita de uma mistura de pop com soft rock. Essa sonoridade criada para Torn não combina em nada com a sua letra, mas que de algum forma é o grande trunfo da produção. A canção narra a desilusão amorosa que a narradora passa depois de acreditar que teria encontrado o homem perfeito, mas que percebeu que era na verdade o famoso "macho embuste". Esse tipo de letra é comum e vários artistas já entregaram canções com essas características. Todavia, a carga emocional na letra de Torn esconde momentos realmente fortes, principalmente no seu refrão:

Eu estou totalmente sem fé
É assim como eu me sinto
Eu estou com frio e envergonhada
Deitada nua no chão
Ilusão nunca se transformou
Em algo real
Eu estou bem acordada e eu posso ver
O céu perfeito está despedaçado
Você está um pouco atrasado
Eu já estou despedaçada

Durante algum tempo surgiram rumores que a canção seria sobre um suicídio, mas que foram refutadas posteriormente. De qualquer, a imagem criada é de uma força que não estamos acostumados em canções pop e, talvez, isso tenha ajudado o sucesso de Torn. Lindamente interpretada pela delicada voz da cantora, Torn é uma das canções que melhor definem até que ponto o pop pode ser profundo sem precisar perder a suas características externa. E, por isso, a canção é o melhor exemplo das aparências enganam de verdade.
nota: 8,5

14 de abril de 2018

2 Por 1 - Shawn Mendes

In My Blood
Lost in Japan
Shawn Mendes

Aos poucos e de forma exemplar, Shawn Mendes vem conquistando o seu lugar ao Sol entre os principais nomes jovens do pop mundial. Crescendo e amadurecendo diante dos olhos do grande público, o cantor está preparando para lançar o terceiro álbum e lançou os dois primeiros singles: In My Blood e Lost in Japan.

In My Blood é, sem dúvida nenhum, a canção mais madura da carreira do jovem cantor. O principal motivo disso é o fato da sua composição falar de assuntos sérios na nossa sociedade: depressão e ansiedade. A canção é como um pedido de ajuda de alguém que não quer se entregar, mas que precisa de ajuda para superar esse problema que são mais comuns que a maioria das pessoas acreditam. Emocionante, bem escrita e completamente fora do lugar comum, In My Blood também é a canção mais bem acabada da carreira de Shawn, sendo uma eficiente e forte power balada pop rock que combina perfeitamente com a composição. Um trabalho que pode soar surpreendente para aqueles que não acompanharam a carreira do cantor desde o começo, mas que, na verdade, é apenas o resultado da sua evolução. Menos inspirada, mas mostrando outro lado de Shawn está a simpática Lost in Japan.

Deixando o seu lado mais pop  fluir, Lost in Japan é uma gostosinha dance pop/pop rock que lembre alguns trabalhos do Justin Timberlake no começo da sua carreira solo. Sem precisa se preocupar com uma interpretação sisuda e dramática, Shawn entrega vocais cheios de cadência e sensuais, mas comedidos e sem maiores estripulias o que combina com a batida redondinha. A composição é outro momento bem feitinho com um refrão cativante. O erro aqui é não deixa a canção crescer nos seus momentos finais, restringindo a instrumentalização ao mesmo nível que toda a canção. Esse problema, na verdade, é ainda o maior problema de Shawn: não deixar as suas músicas muito limitadas dentro das suas próprias sonoridades. Tirando isso, Shawn Mendes é o melhor artista masculino do pop nos últimos cinco anos e a sua evolução comprova o seu status. 
notas
In My Blood: 7,5
Lost in Japan: 7

12 de abril de 2018

New Faces Apresenta: Arlissa

Hearts Ain't Gonna Lie (feat. Jonas Blue)
Arlissa

O hype da critica pode ser um verdadeiro combustível para ajudar um artista a começar a conquistar o público e, por consequência, fazer sucesso comercial. Entretanto, nem sempre isso é suficiente para ajudar bons artistas a decolarem como é caso da britânica Arlissa.

Listada por várias publicações britânicas como uma das cantoras novatas mais promissoras, Arlissa vem desde 2012 tentando estourar nas paradas sem conseguir muito sucesso. Além disso, Arlissa já trabalhou com vários nomes importantes da música britânica e, até mesmo, o rapper lendário Nas, mas nada parece fazer efeito real. Nem mesmo a boa Hearts Ain't Gonna Lie parece que irá fazer Arlissa decolar de vez.

Com a participação do DJ/produtor Jonas Blue, Hearts Ain't Gonna Lie é uma forte, interessante e bonita indie pop/eletropop/R&B que tem um resultado bem acima da média. Uma batida clean, dançante e com uma pegada diferente teria tudo para cair no gosto do público, mas, infelizmente, não foi descoberta. Boa parte da singularidade da canção vem da presença marcante e única da voz potente de Arlissa que dá para a canção um toque sentimental que ajuda a canção a ter ainda mais personalidade. Espero que a cantora encontre o caminho do sucesso, pois seria uma lastima o público perder esse potencial.
nota: 7,5

Top 25 - Rihanna


11 de abril de 2018

Remix Padrão

Pray (feat. Logic)
Sam Smith

Nos últimos anos surgiu uma mania de lançar canções como singles que levam o titulo de "versão remix" em relação ao que ouvimos no álbum. Na minha época, quando um artista lançava algum remix era sempre uma versão completamente diferente da original, normalmente produzida por um DJ/produtor de música eletrônica. Atualmente basta adicionar um rapper para uma canção chamar de remix. Esse é caso de Pray do Logic.

Particularmente, eu não escolheria a canção como single, pois, apesar de boa, a canção não tem tanta força comercial como outras no álbum. Talvez por isso é foi feita essa nova versão para ser laçada para dar um up vendável para a canção. O problema é que a participação de Logic atrapalha o resultado final. Na verdade, não é a presença dele em si, mas como ele foi adicionado na canção, deixando a sensação que o rapper é do "dono" da música e não ao contrário. O motivo é que os versos de Logic foram colocados no começo e no meio, particularmente o do meio é o responsável por tirar da canção original a sua melhor parte: o ótimo e forte segundo verso em que entra a presença do coral. Não que a performance de Logic ou a sua performance seja ruim, mas não suprime a parte tirada de Pray. No restante, a canção é uma boa e emocionante gospel/pop em que Sam fala sobre os tempos difíceis em que passamos e como podemos lidar atrás da fé e, não, a religião. O escolha não é um erro gravíssimo, mas poderia ser melhor executado.
nota
Versão Original: 7,5
Versão Remix: 6,5

10 de abril de 2018

A Diva Pop Que O Brasil Realmente Merece

Ginga (feat. Rincon Sapiência)
IZA

Para mim não existe mais dúvidas: IZA é a melhor artista pop que surgiu na última década no Brasil. Apesar de não obtido ainda o verdadeiro sucesso comercial que merece, IZA continua a colocar no bolso suas "rivais" com o lançamento de singles simplesmente incríveis. Depois da aula dada em Pesadão, a cantora lança outro grande acerto com a deliciosa Ginga.

Ginga é a quase perfeição pop brasileiro ao saber ser exatamente a medida certa entre pop comercial influenciado pelo estilo de fora com a sonoridade ouvida no Brasil. A estrutura básica da canção é idêntica as canções de divas pop com participação de rapper que ouvimos todo o momento. Além disso, IZA é a artista pop que melhor saber entrega refrões grudentos, mas que tem substância de verdade sem ser apenas repetições de palavras. Isso já seria algo muito bom, mas IZA é muito mais que apenas uma estrutura bem feita: Ginga é uma sensacional mistura de pop, hip hop e batidas que remetem claramente a sonoridade afro-brasileira/africana, principalmente aquela ouvida em terreiros de Umbanda e Candomblé. O resultado é puro brilhantismo artístico e de um brilho que apenas é ofuscado pela presença de IZA. Uma pena, porém, que a cantora tem menos espaço que deveria, deixando espaços para a ótima participação do rapper  Rincon Sapiência. Seria mais interessante uma harmonia maior como aconteceu em Pesadão, mas o clipe de cair o queixo faz a gente esquecer desse menor problema. Em meio a tanto barulho por nada, IZA é a verdadeira explosão pop que o mainstream brasileiro estava esperando há tempos.
nota: 7,5