Olivia Rodrigo
É impossível não apontar a Olivia Rodrigo como o maior novo nome de 2021, pois a jovem de apenas dezoito anos é literalmente um fenômeno de vendas que tinha algum tempo que o mercado não via alguém alcançar logo no seu primeiro álbum. Todavia, a cantora não tem nada de novo em relação a sua persona artista, pois o público está diante do resultado de alguns fatores que já mostram a cara em outros momentos em outros rostos atrelados. Isso não quer dizer, porém, que o seu debut SOUR seja ruim, pois o álbum é surpreendente e, por vezes, desconcertante trabalho de uma verdadeira promessa.
Longe de qualquer revolução original, a produção comanda quase que exclusivamente por Dan Nigro entrega um dinâmico, comercial e requintado trabalho que mistura doses de pop, rock e punk que criam uma sonoridade relativamente excitante e abrangente o suficiente para dar para a jovem personalidade suficiente para se destacar na multidão. Bebendo na fonte que trouxe a Billie Eilish ao mesmo tempo que coloca os pés da influência da Ariana Grande, mas buscando influências da Avril Lavigne e toques de Gwen Stefani, SOUR acerta ao não se aprofundar sonoramente para não parecer demasiadamente pretencioso, mas também acerta na força colocada para conseguir ser excitante o suficiente e, principalmente, moderno. Rápido, rasteiro e completamente comercial, o álbum é uma ode e, ao mesmo tempo, uma peça importante para essa nova onda pop punk/pop teen/pop rock que vem crescendo nos últimos tempos. E isso fica bem claro logo no começo com a presença da divertidíssima pop punk Brutal que flerta com rock alternativo e o grunge com um verniz enérgico e radiofônico. Entretanto, SOUR só funciona ao final das contas devido ao imenso talento de Olivia Rodrigo.
Ao fazer parte primeiramente da série High School Musical: The Musical: The Series, a cantora já tinha demonstrado que tinha um talento admirável, mas é em SOUR que a jovem explode. Longe de ainda ser perfeita, Olivia entrega performances incríveis, tecnicamente competentes, versáteis e com uma entrega emocional por várias vezes devastadoras. O seu melhor momento fica por conta da ótima power balada Traitor, pois é aqui que o público pode ter uma noção bem claro das nuances de interpretação que a cantora possui, o seu delicado e cristalino timbre e uma tocante força que consegue ficar no limite perfeito entre o sentimental genuíno e o sentimentalismo exagerado. Sem perder a potencia e muito menos a personalidade, a cantora se transforma em uma diva pop rock para dar vida a para Deja Vu, “um prato cheio para a cantora mostrar versatilidade vocal em uma performance com texturas e nuances interessantes”. Enquanto Olivia brilha sem questionamento como um talento incontestável, SOUR encontra a seu ponto de desiquilíbrio em suas composições.
Na verdade, é na temática central do álbum que mora o problema. Construído como crônicas retiradas do diário de uma adolescente, o álbum fica dando voltas em apenas um tema: o coração quebrado de Olivia e o seu desejo de fazer o ex saber da sua dor. Não há nada de errado nisso, mas a cantora parece repetir exatamente a mesma estrutura básica do arrasa quarteirão Drivers License. Quando a canção foi lançada disse que o seu ponto alto era a composição, pois sabia “dosar o lado cool/teen com uma escrita inteligente consegue entregar um trabalho com um significado realmente profundo e tocante”. Entretanto, a mesma “sacada” é repetida em várias canções, deixando uma sensação de rodar, rodar e não sair do lugar. E como se SOUR fosse todo um álbum de várias You Oughta Know uma seguida da outra sem quase explorar outros sentimento associados com esse coração quebrado. Quando o álbum sai desse esquema, Olivia mostra potencial ainda maior como é o caso da devastadora Hope Ur OK que mostra outros problemas e dores enfrentado pelos jovens como, por exemplo, não ser aceito pela própria família. O que ajuda as composições é o fato de todas serem muito bem escritas, inteligentes e, principalmente, brutalmente honestas. Olivia pode até repetir o assunto, mas faz de uma maneira tão verdadeira e emocionalmente tocante que cria momentos impactantes como é a surpreendente Good 4 U. Nova voz de uma geração, Olivia Rodrigo ainda tem muito espaço para crescer artisticamente e como pessoa, deixando aberta a possibilidade clara de se transformar de um diva meteórica para uma verdadeira constelação.
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