Lady Gaga
Ao completar dez anos seu lançamento, o Born This Way se consolida exatamente como tinha previsto ao seu lançamento: um dos maiores blockbusters pop de todos os tempos. Não é o melhor, mas, sim, um dos trabalhos mais gigantescos da história da cultura pop capaz de resistir ao tempo devido ao seu impacto original e alguns momentos de pura genialidade da cantora. Uma das formas para comemorar da GaGa foi chamar alguns artistas LGBTQIA+ ou ligados intimamente ao movimento para recriar algumas faixas. Ao contrário que algumas pessoas acharam sobre o resultado, BORN THIS WAY THE TENTH ANNIVERSARY é uma ótima comemoração do álbum, contendo alguns momentos tão bons quanto os originais.
Da mesma maneira que aconteceu com o Future Nostalgia: The Moonlight Edition, uma parte do público rejeita o trabalho “apêndice” da Gaga por não entender o seu verdadeiro proposito, querendo ver algo completamente diferente e que se assemelhe com as fantasias pop que passam por suas cabeças. E qual o verdadeiro proposito de BORN THIS WAY THE TENTH ANNIVERSARY? Além de celebrar, as canções propõem mostrar a longevidade e versatilidade da maioria das faixas do álbum ao serem revistadas por artistas com visões diferentes da GaGa e seus colaborados a dez anos atrás. E tudo começa de uma maneira que não poderia ser melhor com a presença da deusa Kylie Minougue recriando Marry the Night que consegue criar “uma sensacional e deslumbre roupagem dance-pop/disco pop que consegue ser a perfeita mistura da sonoridade base Kylie com a versão original da GaGa. Colocando uma dose cavalar da personalidade da australiana sem perder a essência original, a produção consegue criar uma canção que funciona sozinha para quem nunca ouviu a versão da GaGa em algum mundo paralelo. Em uma performance avassaladora, Kylie domina Marry The Night como se fosse seu projeto ao criar a sua própria visão sobre a poderosa composição. Longe da aspereza que tinha forte influência do rock entregado pela GaGa, Kylie parece se colocar como a deusa pop que está entrando no mundo profano da noite e vivendo como ser fosse uma mortal”. Logo em seguida surge a versão mais diferente de todas.
“Big Freedia não é o primeiro nome que vem na menta para reimaginar uma canção como Judas, mas o resultado é o tipo que a gente não sabia que precisava. Na minha opinião, o segundo single do álbum é a canção mais controversa sonoramente dessa era da GaGa. Uma electropop com uma batida extremamente marcada e cadenciada que beira em alguns momentos o irritante que usa uma metáfora do cristianismo para falar sobre uma relação tóxica, Judas entra na categoria de ame-a ou odeia-a. Nas mãos de Big Freedia, a canção parece encontrar o seu ponto de equilíbrio devido as mudanças sonoras feitas que casam perfeitamente com a estética explosiva da sonoridade do rapper. Misturando de maneira sabia e refinada, electropop, bouce music e rap, a versão de Judas ganha contornos bem mais brilhantes que a versão original. A grande qualidade, porém, dessa reimaginação é a presença avassaladora de Big Freedia que nos seu estilo “large than life” ocupa cada espaço da produção que quase faz a gente esquecer que a canção não é dele de verdade”. Apesar do ótimo começo, o “apêndice” tem o seu pior momento com a versão de Highway Unicorn (Road to Love).
Vamos aos fatos: a versão original de Highway Unicorn (Road to Love) já não era tão boa. E a super grupo The Highwomen ao lado das cantoras Brittney Spencer e Madeline Edwards tenta fazer o possível ao transformar a canção em um country rock que fica até interessante, mas não consegue melhorar o material original apenas mediano. Quem se sair bem melhor é o ator/cantor Bem Platt com a sua sensacional interpretação de You and I. Menos pop rock e mais balada pop com toques de musical, a versão se beneficia do timbre límpido de Ben e a sua capacidade de interpretar cada nota de forma emocionante, dando personalidade suficiente para que a sua versão seja realmente acima da média. Não é uma interpretação que possa agradar a fãs mais xiitas de GaGa, mas é possível ver o carinho que o protagonista de Dear Evan Hansen pelo material que fica difícil para mim não achar o trabalho realmente excecional. Outra canção que ganhou uma versão realmente elogiável é o já clássico The Edge of Glory pelas mãos de Olly Alexander (Years & Years). Ao entregar um direto electropop com pegada dos anos oitenta, a nova verão se assemelha perfeitamente com um remix, deixando o trabalho com um irresistível verniz despretensioso e, ao mesmo tempo, respeitoso do original. E, por fim, BORN THIS WAY THE TENTH ANNIVERSARY termina com a versão country de Born This Way pela voz do Orville Peck. E aí que a hipocrisia de alguns fãs chega no limite ao criticarem o estilo country na canção, sendo que a própria GaGa tinha lançado uma versão assim quando o álbum foi lançado. Ou seja: a nova versão é apenas uma repaginação do que a própria cantora tinha feito. Na voz grave de Orville, Born This Way (The Country Road Version) ganha contornos mais tradicionais, sendo quebrado pela mensagem de igualdade da letra. Se parte do público da GaGa não fosse tão chato poderia perceber a carta de amor que essas canções são para a cantora e o seu incontestável talento.
notas
Marry the Night (by Kylie Minogue): 8
Judas (by Big Freedia): 8Highway Unicorn (Road to Love) (by The Highwomen featuring Brittney Spencer and Madeline Edwards): 6
You and I (by Ben Platt): 8,5
The Edge of Glory (by Years & Years): 8
Born This Way (The Country Road Version) (by Orville Peck): 8
Média Geral: 7,7
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