Conan Gray
O álbum Superache é exatamente como a atual estado da carreira de Conan Gray ao faltar várias arestas para serem aparadas, refinadas e finalizadas. E, apesar disso, o resultado é promissor ao percebermos que estamos diante de um possível próximo grande astro do pop.
Segundo álbum da carreira do jovem de apenas vinte e três anos, Superache é um redondo, requintado, maduro, muito bem produzido trabalho de pop que transita de forma tropega entre o indie pop, pop rock e o sad pop sem definir exatamente uma identidade mais profunda mesmo que seja esteticamente reluzente. Produzido por Dan Nigro, responsável pelo Sour da Olivia Rodrigo, o álbum tenta recriar quase a risca os mesmos truques que fez a cantora/atriz o novo nome da geração Z e que funciona em nível pratica e superficial ao dar para o álbum uma contemporaneidade de fácil assimilação e digestão para o seu público algo. Entretanto, a produção esquece que de calibrar suas ideias para se adequar melhor ao talento de Conan, pois várias faixas soam como parecendo um cover bem feito do que algo autoral, especialmente quando comparadas com as faixas que funcionam de verdade. E para isso acontecer parece que é preciso pender a sonoridade do cantor para algo com uma estética mais indie que tenham certas semelhanças com os trabalhos do Troye Sivan e do Harry Styles e verborragia da Taylor Swift, mas com uma adição bem grande de uma personalidade apenas sua. Isso é que faz da ótima Memories ser o melhor momento do álbum em que a “produção não necessariamente bebe diretamente de uma fonte, mas essa pop rock/indie pop parece querer mostrar profundidade e versatilidade de Conan para o mostrar como um artista maduro”. Outro ponto que precisa de evolução, mas que se mostra no caminho certo é a lírica apresentada em Superache.
Navegando acima da média pelas baladas de coração quebrados e amores jovens e dramáticos, o álbum apresenta em alguns momentos um compositor em processo claro de amadurecimento. Na verdade, o trabalho visto aqui é até superior tematicamente em relação ao da Olivia, pois mostra uma versatilidade de temas e desenvolvimentos inspirados. Em Family Line, o cantor relata de forma sincera e honestas as heranças emocionais vindas da sua família como, por exemplo, o habito de mentir como a mãe para sobreviver e a falta de contato com o pai e as marcas deixadas pela distância. E quando o mesmo intuito de escrita é usado para as canções sobre amor resulta em momentos inspirados como é o caso da melosa e melancólica Movies que funciona devido ao trabalho refinado de escrita: "We go to parties with people you know/ We're holding hands, but it's all just for show/ 'Cause Monday through Friday we both barely spoke”. Superache mostra que claramente Conan está em evolução vocal, encontrando a maneira de melhor usar a sua bela voz com a adição de nuances, texturas e cores para elevar o seu próprio material. Jigsaw mostra que o cantor não “esteja no seu melhor, mas o jovem entrega o seu melhor momento em uma performance certeira e sólida do começo ao fim”. Outros bons momentos do álbum ficam por conta da dançante eletropop Disaster, única produção do Cirkut no álbum, a linda entrega vocal na tocante Yours e o toque indie acústico de Footnote. Superache não é o álbum que fará o Conan Gray uma superestrela, mas é a base ideal para o processo de explosão de uma estrela em ascensão.
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