25 de setembro de 2022

Primeira Impressão

Traumazine
Megan Thee Stallion




Megan Thee Stallion é uma força da natureza. A rapper que estourou com o hit Hot Girl Summer e se estabeleceu como uma força artística e comercial com o imenso sucesso de Savage que lhe redeu dois Grammys não pode ser para todos os gostos, mas, sinceramente, quem precisa de uma unanimidade quando se tem uma artista tão carismática como a rapper. E, apesar de ainda não estar no seu ápice, a rapper entrega no segundo álbum da carreira, Traumazine, um trabalho bem melhor que poderia ter esperado ao refinar a sua sonoridade.

A principal evolução da rapper em relação ao seu debut Good News de 2020 é pegar tudo que deu certo e “lixar” para polir pontas soltas e, principalmente, elevar e solidificar o hip hop/rap com toques de trap, pop e R&B. Não há nada exatamente de novo ou original na construção de Traumazine e, sim, o arroz e feijão muito bem feito é entrega do começo ao fim. Com uma equipe de produtores que é basicamente quem é quem do mundo hip hop, Traumazine consegue ir além dos seus contrapartes da Megan, especialmente os masculinos, devido ao fato da ótima instrumentalização feita para todas as canções, mostrando que é possível sim seguir esse caminho e não mostrar arranjos irritantemente minimalistas. O álbum apresenta substância sonora que realmente dá força para o álbum. Devo admitir que alguns faixas não se sustentam plenamente devido a mania de fazerem canções que nem chegam a três minutos direito, tirando a potencialidade da produção poder se aprofundar nas boas ideias que são levantadas. Isso, porém, não impede que Traumazine seja uma metralhadora de boas canções uma atrás de outra.

O álbum já começa com uma pancada com a sóbria e adulta NDA em que Megan relata sobre o peso da fama na sua vida. Honesta e com uma escrita excepcional, a faixa também mostra outra melhoria na carreira da rapper. Mesmo continuando a falar basicamente sobre sexo, empoderamento e relatos sobre a sua vida pessoa, a rapper parece mais madura nas conclusões que chega sobre esses assuntos e, principalmente, a maneira como a mesma toca nesses assuntos. Existe uma clara evolução estética de como a mesma coloca em palavras com rimas inteligentes, refrães certeiros e uma sinceridade que chega a ser desconcertante de tempos em tempos. Megan é capaz de entrega no mesmo nível um desabafo sobre ataques de pânicos em Anxiety para depois falar de forma abertamente sobre o seu desejo ter um parceiro sexual confiável na deliciosa Consistency com a presença da Jhené Aiko. Nem sempre essa maneira explicita funciona, mas quando acerta temos frases como “I know it ain't close to Thanksgiving/ But on the table where I wanna get stuffed at” que fica perfeitamente no limiar entre vergonha alheia e vulgar que funcionar melhor que deveria. Entretanto, Traumazine é a prova cabal para ver que a Megan é uma estrela esplendorosa.

A rapper domina cada momento do álbum ao apresenta performance de uma segurança artística que é reservado para os grandes nomes, adicionando uma dose cavalar de uma personalidade sempre radiante, carismática e, claro, empoderada. Talvez tenha faltado um pouco de variedade sonora para a rapper mostrar mais facetas, mas isso não atrapalha de fato o resultado final. O melhor momento de Traumazine é justamente quando Megan se aventura para entregar a eletricidade da hip hop/house Her que tem tudo para ser um grande sucesso se for descoberta pelo grande publico. Outro momento que a arista precisa exercitar um outro lado é na envolvente R&B/hip hop/soul Star em que é possível ver o lado diva R&B emergindo de maneira interessante, especialmente devido a química com o ótimo Lucky Daye. Com algumas participações interessantes, Megan ainda consegue ser o foco principal das canções, mesmo com boas parcerias com Latto (Budget), Rico Nasty (Scary) e a Dua Lipa (Sweetest Pie). Outros momentos que merecem destaque ficam por conta da ótima Plan B e Not Nice e o seu hilário refrão. Sem reinventa a roda, Megan Thee Stallion dá um passo importante para a sua carreira ao melhorar o que já era bom e continuar a ignorar os haters. 

Nenhum comentário: