21 de outubro de 2023

Primeira Impressão

O Monolith
Squid




A diferença principal entre o debut da banda Squid e segundo trabalho é basicamente o que melhor define os dois álbuns: Bright Green Field é a perfeita tormenta enquanto O Monolith é a bonança depois do vendaval. E isso não quer dizer algo ruim, mas, sim, menos impactante.

Sobre o álbum anterior escrevi na época do seu lançamento que “ouvir o álbum na sua totalidade é uma jornada épica e inesperada por uma colisão em forma de colcha de retalhos que consegue criar bolsões dentro de bolsões com mudanças de direções, novas texturas, quebras de expectativas, nuances surpreendentes e momentos de pura perplexidade, criando assim uma verdadeira explosão sonora de mais de cinquenta minutos de duração que não deixa a bola cair em nenhum momento”. Em O Monolith, a banda britânica, que continua sob a produção de Dan Carey, entrega um álbum que mantem a base sonora deles ao ser uma elegante, imprevisível e grandiosa de post-punk com adições encorpadas de art rock, experimental e industrial, mas com contemplação rítmica que deixa as canções mais contidas em comparação ao que a banda já tinha mostrando. Isso está longe de dizer que Squid entrega um álbum ruim ou mesmo mediano, pois estamos diante de uma sensacional e atmosférica coleção de faixas que parecem lapidadas em uma teria intrigada e brilhante. O que acontece é na verdade que certo impacto se perde, deixando a banda menos urgente para quem escuta. Acredito que a canção que abre o álbum dá a melhor visão sobre o resultado geral do álbum: “Swing (In A Dream) é, dentro da discografia da banda, um trabalho mais modesto sonoramente. Isso não quer dizer que não seja algo no mínimo sensacional”. Entretanto, quando O Monolith encontra o seu caminho de maneira plena, a banda entrega a genial Undergrowth: “uma canção pegajosa, grandiosa, apurada, ácida e transcendental que com seus mais de seis minutos e meio vai nos levando em uma jornada interrupta que não tem não grandes altos ou arrombos de tirar o folego, mas que conquista pela viagem do que exatamente pela chegada. A performance Ollie Judge também tem essas mesmas características ao deixar o seu entorno falar mais que a sua própria presença”. O álbum ainda conta com momentos interessantes como na ainda mais experimental Siphon Song, a melódica e slow burn de Devil’s Den e a apoteótica Green Light. Imagine se toda obra menor de um artista fosse com a mesma qualidade do O Monolith seria um verdadeiro paraíso musical.


Nenhum comentário: