29 de outubro de 2023

Primeira Impressão

Fountain Baby
Amaarae





É sempre muito bem vindo que surgem novos artistas que devido as suas bagagens distintas conseguem adicionar uma nova roupagem para gêneros e estilos já estabelecidos. Em Fountain Baby, a cantora ganesa Amaarae entrega a sua instigante visão em relação ao pop que não é perfeita, mas é auspiciosa e vibrante do começo ao fim.

O álbum é claramente uma desconstrução/ reimaginação do que a estrutura básica do afrobeats misturado com gêneros como R&B, pop, rock, entre outros. E essa jornada sonora é um momento de verdadeira eureca musical ao fazer do que poderia facilmente ser uma coleção de clichês ser um original, refrescante, divertido, sensual, eletrizante e esfuziante álbum que transita na fronteira entre o experimental e o comercial. Fundido linhas entre esses dois mundos, Amaarae consegue trazer a sua visão única a distinta que gera uma pequena grande revolução. E devido a isso mesmo, Fountain Baby nem sempre acerta na mosca devido a suas decisões sonoras não serem tão limpas e/ou bem desenvolvidas como poderiam. Esse risco, porém, é recompensado pela sensação que não importa qual canção estamos ouvindo é sempre possível perceber que a artista está na procura constante de algo que seja essencialmente seu em todos os sentidos. Por exemplo, a faixa Sex, Violence, Suicide vai até a sua metade como uma etérea R&B contemporâneo/indie pop que para da sua metade final se tornar uma áspera e inesperada punk rock/pop. Não parece funcionar totalmente e prefiro a sua primeira parte, mas tenho que dar o braço torcer que a produção tem a coragem de fazer essa transição tão drástica que ganha meu respeito. Fountain Baby funciona da maneira correta para mim é no seu miolo com uma sequência inspirada.

Começa pela graciosa Wasted Eyes, passa pela explosiva Counterfeit e termina na sensual Disguise. Apesar de diferentes, as três faixas ganham destaque devido ao ótimo trabalho de produção ao adicionar em cada uma delas influencias de sonoridade orientais diferentes sem resultar em algo cafona, superficial ou cafona, adicionando substancia para cada canção. Gosto especialmente de Counterfeit, pois parece a versão estilizada e bem acima da média de uma canção k-pop que terminaria apenas mediana. E com tamanha força criativa por trás de Fountain Baby é preciso dizer que a presença da versátil, sexual e dinâmica Amaarae que amarra pontas soltas e eleva com personalidade alguns momentos que poderia cair no mediano. Outros momentos de destaque do álbum ficam por conta da elegante e poderosa Angels in Tibet, a suingado single Co-Star e a sensual Reckless & Sweet. Fountain Baby mostra que estamos diante de uma artista que tem muito a falar e mostrar, ajudando a colocar a Amaarae como a próxima grande estrela pop.



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