Perverts
Ethel Cain
31 de janeiro de 2025
As Flores Para Doechii
DENIAL IS A RIVER
Doechii
Doechii
Tenho que reconhecer que estou extasiado por finalmente a Doechii estar recebendo suas flores mais que merecidas. E um dos motivos para isso é o publico ter “descoberto” a sensacional DENIAL IS A RIVER.
Uma das melhores faixas da mixtape Alligator Bites Never Heal, a canção continua "a narrativa que começou na genial Yucky Blucky Fruitcake, a rapper discute com seu alter ego sobre o que vem acontecendo na sua vida depois de alcançar mais destaque mainstream. Ácida, engraçada, irônica e com um flow sensacional, a presença da rapper aqui é o que eleva a faixa devido a maneira tão única que a mesma carrega a canção, pois é da sua força criativa que a produção tira a sua base". Outro ponto importantíssimo é a capacidade da rapper de criar uma composição que consegue ser esteticamente viciante, criativa e pop ao mesmo tempo que se aprofunda no tema, mostrando de maneira desconcertante a sua visão e intimidada. Tenho que apontar que em DENIAL IS A RIVER tem como grande erro a sua duração de cerca de dois minutos e meio, pois com tamanha genialidade investida pela Doechii seria necessário uma canção de uns seis/sete minutos para aplacar a sede que gente fica de querer ouvir mais dessa crônica. Apesar disso, a canção é uma amostrar substancial da genialidade da rapper que vem sendo reconhecido ao ser “descoberta” por parte do publico que a desconhecia. E que isso possa aumentar ao ponto dela mirar as estrelas.
nota: 8
Decaída
Fat Juicy & Wet
Sexyy Red & Bruno Mars
Sexyy Red & Bruno Mars
Se a nova era do Bruno Mars for lançar todas as canções em parceria com uma artista feminina seria um inteligente decisão, especialmente devido ao resultado dos últimos singles. Espero, porém, que a qualidade das canções pare de cair no nível de Fat Juicy & Wet.
Parceria com a rapper Sexyy Red, a canção é, sim, divertidíssima e dançante pop rap, trap, soul que tem como única função fazer a gente dançar de maneira sensual e descontraída. Entretanto, Bruno já entregou canções com as mesmas características, mas com um resultado mais refinado e coeso. Fat Juicy & Wet parece faltar “tempero” suficiente para elevar a batida em algo estrondoso, ficando em meio termo que também passa longe de ser uma decepção. Até gosto da letra vulgar e sexual, pois a mesma é feita de maneira engraçadona que dá para dar um grande desconto. O que não consigo realmente conectar com a canção é baixa química entre o Bruno e a Sexyy Red que compromete a canção que deveria exalar a presença dos dois, mesmo ambos entregando boas performances. Felizmente, a canção ainda tem a faísca do entretenimento que o Bruninho é capaz de entregar com louvor.
nota: 7
Um Outro Bom Começo
Love Hangover
JENNIE & Dominic Fike
JENNIE & Dominic Fike
Depois do bom começo de carreira solo da Rosé chegou a vez da sua companheira de Blackpink Jennie entregar um começou auspicioso com a legal Love Hangover.
A execução da canção é menos inspirada que a sua ideia por trás, mas o resultado final ainda é bem interessante. Um pop delicinha com toques legais de neo soul, R&B e trip hop, Love Hangover poderia ser melhor finalizada se tivesse um começo mais impactante para combinar com as nuances acrescentadas a canção quando o surgimento do primeiro refrão. São dessas nuances que a canção vai crescendo sonoramente, pois o começo é tímido demais. Uma decisão que dá para entender no papel, mas na realidade dá uma segurada na canção para só depois se soltar de vez. Tenho que apontar que a presença da Jennie acompanha essa escolha da canção, mas é possível perceber que quando a canção crescer a cantora consegue seguir muito bem o caminho, entregando uma performance realmente graciosa e inspirada. E mesmo dispensável, a presença do cantor Dominic Fike dá certa personalidade para a canção. Love Hangover é um começo bom para Jennie. Agora é esperar se a cantora vai achar o caminho da subida de qualidade.
nota: 7
Sem Carisma
Sports car
Tate McRae
Tate McRae
É, parece que vão realmente continuar a tentar fazer a Tate McRae acontecer de fato. A nova tentativa é com a morna Sports car.
A produção por trás da canção tem até uma ideia ao fazer a canção emoldurar uma vibe The Pussycat Dolls com Britney Spears. E isso é até conseguindo devido a habilidade de Ryan Tedder de construir uma canção R&B/dance-pop bem feita com um instrumental interessante. Todavia, é preciso apontar que Tate McRae passa longe de ser uma Britney ou uma Nicole Scherzinger, fazendo a canção perder bastante brilho com uma performance mediana e completamente sem carisma. A cantora acerta na maneira de interpretar a canção, mas não consegue de jeito nenhum adicionar personalidade para Sports car. E isso é devido da Tate não ter nenhuma personalidade que pode ser chamada de sua. Dessa maneira, nenhuma canção realmente dá certo.
nota: 6
26 de janeiro de 2025
Categorias Técnicas
Melhor Regravação ou Sample
Melhor Refrão
1. Good Luck, Babe!-Chappell Roan
Melhor Produção
1. Genesis-RAYE
2. Euforia - Kendrick Lamar
3. 16 Carriages – Beyoncé
4. The Invisible Man-Maruja
5. Alibi-Sevdaliza, Pabllo Vittar & Yseult
Melhor Arranjo
1. The Invisible Man-Maruja
2. 16 Carriages – Beyoncé
3. Sadness As A Gift-Adrianne Lenker
4. Cheerleader-Porter Robinson
5. Broken Man-St. Vincent
Melhor Performance
1. Euforia - Kendrick Lamar
Melhor Vocal
1. Butterfly Net-Caroline Polachek & Weyes Blood
2. 16 Carriages – Beyoncé
3. Genesis-RAYE
4. Die With A Smile-Lady Gaga & Bruno Mars
5. Good Luck, Babe!-Chappell Roan
1. Alibi-Sevdaliza, Pabllo Vittar & Yseult
2. One Wish (feat. Childish Gambino)-Ravyn Lenae
3. Burning Down the House-Paramore
4. Take Me to the River-Lorde
Melhor Remix
1. Butterfly Net-Caroline Polachek & Weyes Blood
2. Satellite Business 2.0-Sampha & Little Simz
3. Burning Down the House-Paramore
4. Take Me to the River-Lorde
Melhor Remix
1. Butterfly Net-Caroline Polachek & Weyes Blood
2. Satellite Business 2.0-Sampha & Little Simz
3. Guess featuring Billie Eilish-Charli XCX & Billie Eilish
4. Galina-Allie X & Empress Of
5. The von dutch remix with addison rae and a.g. cook-Charli XCX
5. The von dutch remix with addison rae and a.g. cook-Charli XCX
1. Good Luck, Babe!-Chappell Roan
2. Texas Hold 'Em-Beyoncé
3. Alibi-Sevdaliza, Pabllo Vittar & Yseult
4. Disease-Lady Gaga
5. Weird World-Allie X
Melhor Letra
1. Euforia - Kendrick Lamar
5. Weird World-Allie X
Melhor Letra
1. Euforia - Kendrick Lamar
2. Sadness As A Gift-Adrianne Lenker
3. Good Luck, Babe!-Chappell Roan
4. 16 Carriages – Beyoncé
5. Lucifèrine-Ichiko Aoba
3. Good Luck, Babe!-Chappell Roan
4. 16 Carriages – Beyoncé
5. Lucifèrine-Ichiko Aoba
Melhor Produção
1. Genesis-RAYE
2. Euforia - Kendrick Lamar
3. 16 Carriages – Beyoncé
4. The Invisible Man-Maruja
5. Alibi-Sevdaliza, Pabllo Vittar & Yseult
1. The Invisible Man-Maruja
2. 16 Carriages – Beyoncé
3. Sadness As A Gift-Adrianne Lenker
4. Cheerleader-Porter Robinson
5. Broken Man-St. Vincent
Melhor Performance
1. Euforia - Kendrick Lamar
2. Sadness As A Gift-Adrianne Lenker
3 .Genesis-RAYE
4. 16 Carriages – Beyoncé
5. TRUST!-Rebecca Black
3 .Genesis-RAYE
4. 16 Carriages – Beyoncé
5. TRUST!-Rebecca Black
1. Butterfly Net-Caroline Polachek & Weyes Blood
2. 16 Carriages – Beyoncé
3. Genesis-RAYE
4. Die With A Smile-Lady Gaga & Bruno Mars
5. Good Luck, Babe!-Chappell Roan
20 de janeiro de 2025
19 de janeiro de 2025
O Ano do Coelho
BAILE INoLVIDABLE
Bad Bunny
Bad Bunny
Devido ao poder de viralização que o Bad Bunny possui é meio complicado saber qual exatamente a canção atual de trabalho do rapper quando várias das suas canções estão em alta. Então, é preciso apontar que oficialmente o atual single de Debí Tirar Más Fotos é a sensacional Baile Inolvidable.
É incrível a capacidade do Bab Bunny emplacar comercial uma canção como essa, pois nada aqui poderia garantir um hit nas mãos de qualquer outro artista contemporâneo no mesmo estilo do rapper. Uma salsa tradicional com uma introdução com toques de eletrônico, Baile Inolvidable tem mais de seis minutos de duração em que o rapper explora perfeitamente as qualidades do gênero em uma canção envolvente e com essa força celebratória tocante. E isso é algo que é preciso bastante coragem e inteligência para um artista do porte do Bab Bunny de entregar, pois poderia facilmente ser desprezada pelo publico e/ou o tiro sair pela culatra artisticamente. E isso não acontece em nenhum momento. Ainda mais que a canção é sem nenhuma duvida o momento mais épico sonoro de todo um álbum com grandes momentos um atrás do outro. E assim começa 2025 que deve ficar marcado como o ano do coelho.
nota: 8
Discreto Ótimo
Love Is Unkind
BANKS
Algumas canções não são claramente trabalhos geniais, trabalhando a sua genialidade de maneira mais discreta e contida. Esse é o caso de Love Is Unkind da Banks.
Novo single do seu próximo álbum, a canção é um trabalho que pode até passar desapercebido caso a gente não preste um pouco mais de atenção na sua incrível produção. Uma sedutora, dark, elegante e cadencia electropop com dark pop que não precisa de um grandioso instrumental para ganhar força, pois a sua construção cria uma atmosfera condensada e intrigada compensa qualquer necessidade de explosão. Tenho que dizer que Love Is Unkind poderia ser ainda melhor se tivesse uma letra que pudesse preencher toda a canção, especialmente na sua parte final que fica se repetindo os mesmos versos. Todavia, preciso apontar de maneira geral, a composição é sim um bom trabalho carregada graciosamente pela delicada e melódica voz da Banks. Uma canção estruturalmente menor, mas que merece ser descoberta devido a ser uma discreta “banger”.
nota: 8
Resistência Sonora
DEUS EX MACHINA
Jup do Bairro, Urias & Erika Hilton
Jup do Bairro, Urias & Erika Hilton
Música também é arma de resistência quando só da existência dos artistas envolvidos já é um ato de resistência. E é esse o grande trunfo da sensacional DEUS EX MACHINA.
Canção da rapper Jup do Bairro com a presença da cantora Urias e da deputada federal Erika Hilton, o trabalho é uma celebração da existência, da luta e da força de travestis e pessoas trans. Poderosa e invocadora, a composição de DEUS EX MACHINA mostra uma força emocional tocante e descomunal, pois é uma crônica/manifesto pela vida dessas pessoas que ainda estão na margem da sociedade. Todavia, a canção nem precisaria ser sobre isso para ser um ato de resistência, pois apenas pela presença de todas envolvidas já é suficiente para ser exatamente esse manifesto. Felizmente, a canção não se destaque pela sua substancia, mas, também pela sua estética ao ser uma grandiosa, estilizada e ousada electropop/eletrônica/alternativa que conta coma presença de três nomes de carisma único com a descomunal performance da Jub, o toque delicioso da Urias e a oratória de ouro da Erika. Uma música que é maior que a sua própria existência.
Uma Obra Menor
It’s a Mirror
Perfume Genius
Perfume Genius
Nem sempre um artista genial precisa começar uma nova era de uma maneira genial. E está tudo bem como é o caso do Perfume Genius com o lançamento de It’s a Mirror.
Primeiro single de Glory, a canção é um pouco abaixo do que eu poderia esperar do artista que sempre entregou grandes canções. É uma obra menor, mas não é uma obra menos interessante. It’s a Mirror é uma madura, densa e inteligente mistura art rock com toques inusitados para a sonoridade do artista de folk e country que adiciona uma estranheza para o resultado final que gera algum ruido quando a gente escuta pela primeira. Todavia, a produção compensa parte dessa sensação ao entregar um instrumental refinadíssimo com adições de texturas e nuances sensacionais, especialmente a quebra rítmica na parte da canção que dá ponte perfeita para o clímax final. Mesmo não tendo conectado plenamente, a composição é um trabalho inspirado que conseguir unir bem o lado mais artístico do Perfume Genius com uma estrutura mais tradicional ao refletir os toques de folk/country da canção. Apesar de ser uma canção com falhas, Perfume Genius entrega um começo de nova era bastante auspicioso.
nota: 8
Bom Batidão
Hypnotized
Anyma & Ellie Goulding
Anyma & Ellie Goulding
Tem horas que a gente precisa ligar o “foda-se” e apenas curtir uma canção como Hypnotized como a mesma deve ser apreciada: um batidão farofa de qualidade.
Parceira do DJ Anyma com a cantora Ellie Goulding, o single é uma techno/EDM/eletropop que não tem medo de ser uma farofa, mas uma farofa muito bem feita e temperada. E acho que é esse o grande trunfo da canção ao mostrar que a produção sabe muito bem respeitar e celebrar os gêneros de maneira sincera e sem maiores tentativas de soar inteligentão. E isso fica bem claro ao notar Hypnotized todos os clichês do estilo, mas com um cuidado estético e instrumental impressionantes. É preciso apontar que o que poderia fazer a canção ser elevada seria ter investido em uma performance mais poderosa e forte da Ellie, pois a cantora entrega uma performance muito boa que meio que foi amarrada pela estrutura da canção. De qualquer forma, a canção cumpre com louvor o que se propõe a fazer ao ser exatamente o que é se propõe a fazer.
nota: 7,5
16 de janeiro de 2025
14 de janeiro de 2025
12 de janeiro de 2025
Single do Ano
Depois de todos os duelos é chegada a hora de votar em qual dentro os escolhidos é o Single de 2024! Votem!
Uma Artista Nas Sombras Gloriosas
Portrait of My Heart
SPELLLING
SPELLLING
Tem alguns artistas que estão de alguma forma no “underground” que mereciam ser descobertos pelo grande público. Todavia, existem outros que essa forma de anonimato é perfeita para manter a sua carreira nos eixos corretos da genialidade sem a cobrança por resultados comercial. Esse é caso perfeito da cantora Spellling que começo o ano lançando a genial Portrait of My Heart.
Primeiro single do seu novo álbum que leva o mesmo nome, a canção dá uma guinada na sonoridade da cantora ao ir em um caminho mais art rock que o pop/soul/art que a mesma transitava. Isso não quer dizer, porém, que Spellling perde um pingo da sua personalidade artística, pois Portrait of My Heart continua a mostrar o seu majestoso requintamento sonora ao ser uma densa, épica e graciosa fusão de art rock, post-grunge e chamber pop que resultar em um inspiradíssimo instrumental que vai crescendo aos poucos em uma subida continua e fascinante. A condução da produção é algo impressionante que parece fazer a canção se tornar uma espécie de redemoinho musical que vai fazendo a gente se puxado para o seu centro. E isso é acompanhado pela excepcional presença da cantora que novamente usa a sua potente e única voz para entregar uma performance emocional, grandiosa e deslumbrante. Tamanha liberdade artista para criar uma canção tão única e, ao mesmo tempo, mudar sua trajetória sem perder o foco é apenas possível vir de uma artista sem nenhuma amarra comercial, fazendo música da sua maneira e não para agradar certo público. E isso é genial.
nota: 8,5
Red Hot Squid Day Radiohead
Building 650
Squid
Squid
É interessante ver como o legado de grandes artistas refletem nas gerações que vieram após o seu surgimento. Mesmo com personalidade de sobra, a banda Squid mostra parte do que os fazem tão interessantes atualmente com a ótima Building 650.
Longe do ápice da banda, a canção é trabalho que tem a marca indiscutíveis deles ao ser uma arrojada, explosiva, adulta e refrescante mistura de art rock, post-punk/grunge e rock alternativo. Entretanto, a canção parece beber na fonte direta de três grandes nomes do rock: Red Hot Chili Peppers, o Green Day e, em menor grau, o Radiohead. Começa com certa essência dos primeiros, especialmente na áspera performance do vocalista Ollie Judge, passa por certa estrutura ouvida nos dias de glorias do segundo e termina com um toque de contemplação do terceiro. Em nenhum momento, porém, Building 650 se torna uma colcha de retalhos baratos, mas, sim, termina com uma canção extremamente sólida e com a personalidade do Squid bem exposta e delimitada. É um caminho curioso, mas que funciona devido a habilidade da banda em remendar perfeitamente todas essas influencias em uma canção que tem a cara e o DNA do Squid.
nota: 8
Respeito
JRJRJR
Jane Remover
Jane Remover
Nem sempre preciso entender exatamente a ideia de um artista para gostar e, principalmente, respeitar o que o mesmo entrega sonoramente. E esse é o caso da cantora Jane Remover com o seu single JRJRJR.
Primeiro single do seu próximo trabalho, a canção é uma raivosa e complexo encontro de experimental hip hop, grunge, industrial e eletrônico que não é exatamente um trabalho de fácil assimilação, mas apresenta uma força artística tão genuína que é impossível não se deixar levar, mesmo não a entendo perfeitamente. Existem escolhas que não consigo entender perfeitamente em JRJRJR, mas fica impossível não admirar a força e ousadia de Jane em entregar uma canção totalmente única e sem nenhum tipo de amarra. Gosto especialmente do fato da canção de ter uma duração de quatro minutos e meio, pois isso dá tempo de explorar todas as ideias por trás da canção de maneira inteira. Todavia, o que mais acho interessante é a sua poderosa composição em que a cantora reflete sobre a sua vida como, por exemplo, a sua transição de gênero e a percepção das pessoas sobre a mesma de uma forma tão desconcertantemente honesta, ácida e sem medo de se abrir de maneira profunda. E toda essa imensa força é digna e merecedora de todo o respeito já que é para poucos artistas.
nota: 8
Assombroso
Everyday
Celeste
Celeste
Quando resenhei o álbum de estreia da cantora britânica Celeste terminei dizendo que “preenchendo um nicho já famoso do soul na terra da Rainha, Celeste é fruto de uma indústria que consegue de alguma maneira equilibrar o lado comercial e o lado artístico de forma realmente louvável”. Acredito que isso não mude de fato, mas Everyday, single de seu possível novo álbum, dá uma nova direção para a sua carreira.
Apesar de ter nuances de soul, a canção é uma sombria e estilizada gothic/alternativo rock que ganha ares dramáticos, densos e deslumbrantes devido a uma produção concisa, densa e madura. A mudança sonora é sentida da cantora é sentida, mas não se torna um problema devida a condução azeitada da produção e, principalmente, a versatilidade assombrosa da Celeste que domina a canção com maestria desde o seu climático e contido inicio até o seu áspero e barulhento final, entregando uma performance impressionante e belíssima. Na verdade, Everyday poderia ser ainda melhor se realmente fosse com tudo no seu clímax de maneira a ser quase descontrolado, pois combinaria perfeitamente com a presença da Celeste e a sua ótima composição sobre um relacionamento toxico e problemático. De qualquer forma, essa nova possibilidade para a carreira da Celeste é algo realmente emblemático e promissor que espero possa ser explorado em todo seu potencial.
nota: 8
10 de janeiro de 2025
A Primeira Grande Música de 2025
Shandy in the Graveyard (feat. billy woods)
Panchiko
Sempre gosto de relatar aqui quando “descubro” as primeiras grandes surpresas do ano. E a primeira grande música de 2025 é Shandy in the Graveyard da banda Panchiko.
Não apenas uma grande música, mas, também, uma das melhores surpresas em bastante tempo devido a ser completamente inusitada. Sonoramente, a canção é uma melódica e tocante indie rock com um instrumental maduro e muito bem conduzido. Nada inusitado aqui, mas Shandy in the Graveyard dá uma guinada grandiosa com a presença genial do rapper billy woods que entrega um verso inspiradíssimo, mirando em uma mistura rica de poesia com flow tradicional. Com essa entrada, a canção tem uma quebra de expectativa ao ser adicionada de toques de trip hop e experimental sem, porém, tirar o caminho original da canção. E isso é um feito complicadíssimo de ser feito de maneira tão coesa e inspirada como é ouvido na canção. E a volta do rapper na parte final em um “outro” é a cereja em cima do bolo. Preciso ressaltar também a presença angelical dos vocais de Owain Davies, pois devido ao seu raríssimo timbre adiciona personalidade para a canção de maneira tão impressionante que quando soube que era um homem por trás fa voz tive a reação de cair o queixo em completa surpresa. E assim 2025 começa em altíssima qualidade.
nota: 8,5
A Garota do Momento
IT girl
JADE
JADE
Como a atual maior promessa para o pop de 2025, a Jade já começa o ano com uma pedrada que a consolidada com essa alcunha mais do que merecida: It Girl.
Mesmo que seja inferior a Fantasy (single anterior) e ter uma cara de filler, a canção é uma excelente, travessa, original e ácida fusão de electropop, EDM, dance-pop e Ballroom que consegue criar uma indenidade completamente própria e deliciosamente ousada, mesmo que tenha características de outras canções já lançadas dela até aqui até o momento. O que a produção de Cirkut e Lostboy consegue fazer é, novamente, a cantora encontrar um caminho que deixa bem claro que é totalmente fora dos rumos do Little Mix e, principalmente, extremamente refrescante, inovador e criativo. It Girl poderia ter um clímax mais explosivo, mas a sua jornada em apenas dois e minutos e meio é realmente marcante o suficiente para ser um trabalho completo e respeitável. E a língua de chicote da Jade incrementa a canção com uma critica direta, honesta e esteticamente perfeita para a indústria da musica que a coloca como uma das mais instigantes artistas pop da atualidade. E a pergunta que não quer calar: será o ano da Jade? Promessas concretas já foram feitas, agora é saber ser vão ser compridas.
nota: 8
A Doçura
Orlando In Love
Japanese Breakfast
Japanese Breakfast
Sabe aquele tipo de canção que exala algum sentimento primordialmente? Então, Orlando In Love da banda Japanese Breakfast é exatamente essa canção ao ter um forte e admirável odor de doçura.
Não é uma doçura de meloso, mas, sim, uma doçura sóbria e delicada que fica na gente grudado com bom perfume, mesmo com a sua curta duração. Uma contida, inspirada e elegante mistura de indie folk com toques de chamber pop e dream pop, a canção tem uma construção atmosférica impressionante devido ao impecável trabalho instrumental que a faz ser um trabalho marcante, mas mantendo essa doçura da sua delicada melodia. Orlando In Love tem uma composição tão simples que, se não fosse escrita com uma inteligência, poderia facilmente não ter nenhuma força emocional, mas, felizmente, aliada com a inspirada performance da vocalista Michelle Zauner, o resultado é acalanto para os ouvidos cansados. Com esse começo promisso, o próximo álbum da banda já entra na lista de mais aguardados de 2025.
nota: 8
Meio Preso, Meio Solto
When We Kiss
Olly Alexander
Olly Alexander
When We Kiss, single do britânico Olly Alexander, é uma canção que funciona devido a sua dose pensada de nostalgia, mas também não chega a um novo patamar devido a ser tão pura na sua influência.
Claramente, buscando bases no EDM/eurodance feito no final dos anos noventa e começo dos anos dois, a canção entrega uma divertida e envolvente, mas com certa aparência de mofada, mistura de electropop e dance-pop que chega a levantar voo sem subir a altura que poderia. A canção pega essa referencia e consegue até tirar bons momento, especialmente na parte dos versos. Todavia, a canção parece presa em amarras da própria sonoridade ao seguir um caminho mais linha reta sem ter espaço para explorar e brincar com o que tinha a disposição. E isso é pena, pois o resto dos elementos são sensacionais como a bonita e dramática composição sobre o que poderia ter sido um amor desfeito e a sublima performance de Olly. When We Kiss é uma canção que fica devendo, mas que também entrega na medida certa.
nota: 7,5
7 de janeiro de 2025
5 de janeiro de 2025
Um Oscar para Miley
Beautiful That Way
Andrew Wyatt & Miley Cyrus
Andrew Wyatt & Miley Cyrus
Está aberta a temporada de premiações do cinema e esse ano parece que será um ano feminino, pois as categorias mais celebras e esperadas envolvem mulheres. E uma delas é para melhor canção que pode ter a Miley Cyrus como uma das favoritas com a canção Beautiful That Way.
Tema do filme The Last Showgirl que marca o renascimento da Pamela Anderson, a canção é co-escrita pela Miley ao lado do Andrew Wyatt (que assina a trilha sonora do filme) e cantora Lykke Li. E tenho que dizer que fiquei realmente impressionado com o resultado de Beautiful That Way, mesmo que tenha que admitir que ao ter apenas três versos e apenas dois minutos e vinte tira certa força do resultado final. Felizmente, a linda e tocante composição aliada com a sóbria e belíssima performance da Miley compensa bastante. Todavia, a canção tem o seu ponto alto na adulta produção ao entregar uma balada indie pop com toques de big band primorosa. Caso realmente seja a hora da Miley ganhar um Oscar não será nada injusto.
nota: 8
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