31 de agosto de 2025

Primeira Impressão

Um Mar Pra Cada Um,
Luedji Luna


Primeiras Impressões - Outros Lançamentos

BEAUTIFUL CHAOS
KATSEYE



Primeira Impressão

Polari
Olly Alexander



Primeira Impressão

American Heart
Benson Boone



Falta Conteúdo

Mystical Magical
Benson Boone


Assim como todo o restante do álbum, Mystical Magical deixa claro todo o potencial de Benson Boone que acaba sendo desperdiçado por uma produção medíocre.

Apesar da performance carismática, divertida e tecnicamente impressionante do cantor, ele é afogado em uma produção que entrega ao pop rock/dance-pop uma instrumentalização das mais funestas e clichês possíveis. O pior é o uso do sample de “Physical”, da Olivia Newton-John, de forma tão descartável e mal aproveitada que ele se perde completamente — quando poderia ser a tábua de salvação da faixa. Se houvesse um conteúdo minimamente acima da média, Boone teria em mãos uma canção muito melhor.
nota: 5,5

Antes Tarde do Que Nunca - Versão Single

Pon de Replay
Rihanna


Completando vinte anos de carreira em um momento em que, apesar de completamente afastada da música, Rihanna ainda é um dos nomes mais importantes da música mundial sem nenhuma dúvida. Decido, então, voltar bem ao começo e relembrar o single que deu início a tudo: Pon de Replay.

Primeiro single do primeiro álbum (Music of the Sun) da carreira da Rihanna, a canção é o que se pode dizer de um começo promissor, mesmo estando bem longe do que a cantora iria entregar nos anos posteriores. A grande qualidade da canção é que, voltando na máquina do tempo, a produção entrega algo que não estava em alta naquele momento ao fazer uma fusão radiofônica e viciante de dancehall com dance pop, dando uma personalidade completamente única para a então iniciante. É divertida, é dançante, é envolvente e tem personalidade, mesmo que tenha alguns problemas na sua construção. E o maior deles é a sua repetição sonora, pois a batida criada para a canção segue uma linearidade que não necessariamente atinge um pico quando chega ao seu clímax. Felizmente, a construção da canção tem pegada suficiente para conseguir se manter durante sua duração de mais de quatro minutos. Ainda verde, Rihanna entrega uma boa performance, pois a canção deve ter sido feita especialmente na moldura das características da Riri, exaltando suas qualidades de maneira a tirar o máximo. Mesmo sendo uma boa canção que envelheceu bem, Pon de Replay não dá quase nenhuma pista do que seria o futuro da Rihanna.
nota: 7,5

Datado & Sensacional

If He Wanted to He Would
Perrie


Depois de um começo apático da carreira solo, Perrie finalmente lança uma canção à altura do seu potencial: a ótima If He Wanted to He Would.

A canção é curiosa, pois, apesar de sensacional, tem uma camada pesada de naftalina que a deixa datada. E isso acontece porque a produção entrega uma power mid-tempo balada pop que parece ter saído de algum álbum do Little Mix. Felizmente, If He Wanted to He Would é definitivamente uma canção que seria um dos melhores momentos da girl band e, por isso, Perrie tem em mãos um trabalho simplesmente incrível.

A construção do instrumental traz aquela sensação de fazer estádios vibrarem com a batida, especialmente no refrão. Radiofônica da melhor qualidade, a canção também conta com uma composição inteligente, irônica e divertida, ao partir do ponto de vista de uma amiga aconselhando outra a entender o boy lixo que ela ama. E a cereja do bolo é a maravilhosa performance da cantora, conseguindo entregar perfeitamente toda a força e carisma necessários para segurar o peso da canção. Uma pena a canção não ter o sucesso que merece, pois Perrie entregou uma das melhores faixas pop de 2025.
nota: 8,5

24 de agosto de 2025

Primeira Impressão

Ginkgo
Panchiko



Primeira Impressão - Outros Lançamentos

esse delírio vol.1
DUDA BEAT



Primeira Impressão - Outros Lançamentos

WWP
Tyla



O Fator Florence

Everybody Scream
Florence + The Machine

Depois de um hiato de três anos após o lançamento de Dance Fever, o Florence + The Machine está finalmente de volta para nos agraciar com sua sublime sonoridade. E isso fica claro já no incrível primeiro single Everybody Scream.

Dando início ao novo álbum, a canção carrega a marca definida, inesquecível e, sinceramente, lendária da banda, ao se apresentar como uma grandiosa e impressionante mistura de art rock e pop que apenas eles poderiam entregar. Entretanto, a produção acrescenta camadas vibrantes, com cores fortes que conferem à faixa uma personalidade reluzente, sem deixar de preservar a essência já consolidada do grupo. Dessa vez, há uma bem trabalhada e excitante influência de rock alternativo e gótico, com toques de punk rock e gospel, que dá a Everybody Scream uma áurea completamente distinta dentro da discografia — ainda que soe, ao mesmo tempo, familiar. É exatamente o tipo de experiência que apenas o Florence + The Machine seria capaz de oferecer.

O mesmo se pode dizer dos vocais: apenas Florence Welch tem esse poder de transmutar uma canção em algo quase espiritual por meio de uma performance avassaladora. A forma como interpreta determinadas passagens permite sentir toda a sua intensidade emocional sem perder a majestade vocal.

Liricamente, a canção é simples para os parâmetros da banda, mas carrega uma bela temática ao retratar os sentimentos da narradora ao subir nos palcos e seu relacionamento com a plateia. Nota-se uma diferença de estética na letra, provavelmente relacionada à participação de Mitski, que é conhecida por composições mais diretas, porém de grande potência emocional. Everybody Scream marca, mais uma vez, um começo deslumbrante para a nova e excitante era do Florence + The Machine.
nota: 8,5

Doja Goes Pop!

Jealous Type
Doja Cat


O grande problema, ao menos para mim, da carreira da Doja Cat é a sua inconsistência de qualidade. Até agora, a rapper não entregou nenhuma nova era que fosse nivelada, tendo bons momentos e outros bem mais ou menos. Espero que o anuncio de Vie (quinto álbum da sua carreira) traga essa estabilidade, pois o seu começo é realmente em alta com Jealous Type.

Marcando o começo da sua parceria com o uber produtor Jack Antonoff – a canção tem a coprodução de Y2K – a rapper entregar uma cativante e resplandecente mistura de pop, disco, funk e synth-pop que é o veiculo perfeito para a rapper poder explorar seu lado mais comercial e, ao mesmo tempo, explorar novos ares. Eferecente do começo ao fim, Jealous Type se beneficia da atmosfera oitentista trazida pelo sample do tema da série Knight Rider, criando uma canção que beira a nostalgia barata, mas que é “salva” por uma produção inteligente.

Existe, porém, uma trava na canção que a impede de ser ainda melhor que é quando a canção chega na sua melhor parte que é o espetacular clímax que explorar mais vividamente o instrumental, a canção termina de maneira abrupta, deixando espaço para que pudesse ser ainda melhor explorada. Não que chega a atrapalhar de maneira substancial, mas dá uma quebrada no clima. Felizmente, Doja entrega a sua melhor performance até o momento ao mostrar com brilhantismo a sua versatilidade indo da cantora a rapper com a mesma força e brilhantismo. Espero que esse seja apenas o começo da grande era da Doja Cat.
nota: 7,5

Essa é a Mistura do Brasil com a Coreia!

MEXE
Pabllo Vittar & NMIXX


Certas parcerias soam basicamente como verdadeiros caça-níqueis baratos para “hypar” os artistas envolvidos. Fico feliz quando erro minha previsão, como é o caso de MEXE, da Pabllo Vittar com a girl band de k-pop NMIXX.

Longe de ser algo revolucionário, a canção é uma divertidíssima e carismática união entre o funk carioca e o k-pop, que funciona bem melhor do que o esperado em todos os sentidos. A principal razão é a química entre a drag e a girl band, que é realmente explosiva e faz todo o diferencial. Entregando ótimas performances, todas as envolvidas ainda se comprometem a interagir de uma maneira que deixa MEXE com cara de verdadeira parceria, especialmente quando as meninas do grupo cantam em português.
Sonoramente, o single é clichê, mas é um clichê delicioso devido à batida que mistura k-pop, funk, trap e pop rap em um caldeirão explosivo. De um potencial caça-níqueis, MEXE virou uma barra de ouro graças ao tratamento de luxo dado. E isso é algo raro de se ver.
nota: 7,5

17 de agosto de 2025

Antes Tarde do Que Nunca

The Emancipation of Mimi
Mariah Carey


Primeira Impressão

Portrait of My Heart
SPELLLING


In Slayyyter, We Trust!

BEAT UP CHANEL$
Slayyyter

Depois de entregar uma das melhores canções do ano passado com a sensacional No Comma, a Slayyyter volta a garantir seu lugar entre as melhores deste ano com a maravilhosa BEAT UP CHANEL$.

O grande acerto da canção é a sua progressão sonora, que não a limita a um único lugar, mas cria, explora e ultrapassa algumas barreiras para entregar uma construção sonora espetacular. Sonoramente, a faixa é um electrocash com incorporação de electropop e pop rap, mas que pega essas noções e cria um delicioso e substancial caldo com explosões de sabores que a elevam a outro nível. A diferença rítmica do refrão que abre a canção, em comparação aos outros refrões ao longo da música, a pegada surpreendente e única de funk carioca no começo do segundo verso, e o clímax que dá uma guinada para terminar fortemente inspirado em hyperpop — tudo isso adiciona camadas brilhantes a BEAT UP CHANEL$.

Sinceramente, poucas canções têm uma produção tão rica e intrigante quanto o trabalho de Austin Corona e Wyatt Bernard, mas é preciso destacar que quem dá o tom para a música é a performance espetacular, grandiosa e exuberante da Slayyyter, que a torna uma artista completamente única atualmente. Primeiro single do seu próximo álbum, a canção deixa claro que na Slayyyter podemos confiar plenamente.
nota: 8,5

O Fabuloso Mundo da FKA twigs

Perfectly
FKA twigs


Sempre é interessante ouvir as faixas que fazem parte de uma versão deluxe de um álbum para saber se são apenas descartes inferiores que não foram usados ou se estão à altura do trabalho original. Em Perfectly, single da versão deluxe de Eusexua, a FKA twigs deixa claro que a opção é a segunda, sem dúvida nenhuma.

A cantora continua a explorar sua visão sobre o eletrônico ao entregar uma inspirada e refrescante faixa de progressive/electro house que se sobressai exatamente por ser um trabalho que apenas ela poderia entregar. Reflexiva, mas dançante. Melancólica, mas excitante. Profunda, mas também feita para apenas curtir. Perfectly é uma amostra perfeita do alcance do álbum e, claro, da capacidade técnica da artista, devido à construção incrementada e intricada do instrumental.

As mudanças rítmicas que a música apresenta são impressionantes e exigem mais de uma audição para que se perceba sua grandiosidade. Felizmente, ela também exerce um magnetismo que nos faz querer ouvi-la novamente assim que termina. Tenho que apontar que, liricamente, não é tão imponente, por não trazer versos que realmente empolguem, especialmente no refrão. Todavia, a temática sobre aceitação e amor-próprio é trabalhada de forma tão despretensiosa, elegante e com uma poética direta que fica difícil não apreciar a composição. E, obviamente, a performance completamente única e estilizada da FKA twigs é o que arremata a faixa perfeitamente — sem trocadilhos. Essa é uma prova de que até mesmo o “extra” da FKA twigs é algo primoroso.
nota: 8,5

Suave B

Imaginary Playerz
Cardi B


Segundo single do aguardado Am I the Drama?, Imaginary Playerz não tem o potencial para ser um novo hit comercial para Cardi B. Todavia, a canção é uma das melhores da rapper em tempos.

Uma nostálgica volta ao hip hop ouvido no final dos anos noventa e começo dos anos dois mil, a faixa representa uma mudança interessante na sonoridade recente da rapper, ao apresentar uma nova faceta. Boa parte dessa vibe vem da utilização do sample de Imaginary Players, de Jay-Z, lançada em 1997. Na verdade, a música é quase como um remake da original, mas que funciona melhor do que o esperado devido à inteligente produção, que confere a Imaginary Playerz uma pincelada de modernidade.

Entretanto, o que garante um bom resultado para a faixa é a presença única de Cardi B. Ame-a ou odeie-a, mas não dá para negar que a rapper tem uma força que preenche qualquer canção em que esteja presente. E, sinceramente, acredito que ela entrega uma boa performance ao moldar sua presença para um estilo mais “suave”. Uma canção que dá certa esperança para o que vem por aí no álbum.
nota: 7,5

Single Filler

Trinkets
Ashnikko

Depois de entregar um dos melhores prazeres culposos de 2025 com Itty Bitty, Ashnikko volta com uma das canções mais fillers do ano: Trinkets.

Longe de ser ruim, o single não tem cara de single e, sim, de um bom filler que está entre canções melhores dentro do álbum. Com menos de dois minutos, Trinkets é uma bubblegum bass muito bem construída, com uma batida estilizada e divertida, mas que não consegue se aprofundar na sua própria idealização. Isso deixa Trinkets com a sensação de leveza que não está exatamente ligada a ser apenas despretensiosa — pois isso ela é —, mas que a torna esquecível. Não tem um impacto que nos faça viciar de cara, nem odiar antes de terminar a canção. E essa sensação aumenta devido à composição mediana e a um refrão que beira o irritante. Felizmente, Ashnikko segura bem a canção, dando certa personalidade que faltou na execução da faixa. É uma boa música, mas está longe de ser material para single.
nota: 7

Sucesso Morno

A Little More
Ed Sheeran


Para quem foi, há alguns anos, um dos maiores nomes masculinos da música, Ed Sheeran vive um momento bem morno, especialmente se comparado ao seu ápice. E nem uma canção legal como A Little More muda isso.

Bem diferente das batidas mais românticas e familiares que ele entrega constantemente, o single é um sopro de frescor ao aumentar o tempo em uma mistura pop soul/rap com jangle pop e sophisti-pop. Não é, nem de longe, uma revolução sonora para a discografia do britânico, mas A Little More mostra que ele é capaz de experimentar com outras possibilidades divertidas. Acho que a canção ajuda a lembrar que o cantor é, sim, um artista carismático e talentoso, especialmente quando entrega uma performance tão boa quanto a ouvida aqui, equilibrando o lado “cantado” com o “flow” de um verso em rap.

O melhor da canção é a sua composição, que narra, com certo bom humor, o fim de um relacionamento tóxico em que Ed escapa de sua própria cartilha. A canção não é a que vai reaquecer a carreira de Ed, mas é quentinha o suficiente para a gente voltar a lembrar do cantor.
nota: 7

10 de agosto de 2025

Primeira Impressão

Cancionera
Natalia Lafourcade


Primeira Impressão

Addison
Addison Rae



Uma Pequena Imensa Canção

Saoirse
Maruja


Acredito que, neste ponto, já é quase certeza garantida que a banda Maruja vai entregar uma canção de qualidade elevadíssima. E isso acontece até quando a canção é a “menor” lançada pela banda, como é o caso da sensacional Saoirse.

Com “apenas” um pouco mais de cinco minutos, a canção soa de forma mais reflexiva do que os trabalhos anteriores da banda, mostrando sua capacidade de explorar novos caminhos para a própria sonoridade. Apesar dessa mudança, “Saoirse” é claramente uma canção do Maruja, devido à impressionante e meticulosa criação instrumental, que novamente transforma o art rock/jazz rock em algo transcendente, magistral e atemporal. A crescente construção climática da canção é impecável, culminando em um desfecho deslumbrante.

Liricamente, a faixa também apresenta uma composição mais sucinta ao fugir da verborragia costumeira da banda, mas nem por isso deixa de ser um trabalho fulminante — tornando-se um verdadeiro hino à liberdade, especialmente à do povo palestino. Fechando com chave de ouro, a performance densa e melancólica do vocalista Harry Wilkinson é como um clamor que reverbera dentro da gente. Saoirse é, sem dúvida nenhuma, uma canção que demanda ser ouvida.
nota: 9

A Beleza do Agora

The Sofa
Wolf Alice


Encontrar a beleza nas coisas simples da vida é uma dádiva. E isso é algo explorado com graciosidade pela banda Wolf Alice no single The Sofa.

Segundo single do álbum The Clearing, a canção é uma crônica madura, inteligente e tocante sobre entender que a gente pode amar a nossa vida, mesmo sonhando com algo diferente. Não é sobre se conformar, mas, sim, encontrar a felicidade com o que a gente tem no momento e tentar viver da melhor maneira. Em um dos melhores momentos de The Sofa, a composição diz: "I'll be fine, I'll be okay/ I feel kind of lucky right now and I'm not ashamed to say". E essa capacidade lírica de expressar um sentimento tão complexo de maneira tão simples é o ápice da canção.

Sonoramente, o single é inferior ao anterior Bloom Baby Bloom, mas ainda é um trabalho ótimo que mostra o refinamento da produção ao entregar uma inspirada fusão de chamber pop e indie pop, com uma performance sensacional da vocalista Ellie Rowsell. E assim o Wolf Alice vai criando o hype mais interessante desta metade de 2025.
nota: 8

3 de agosto de 2025

Primeira Impressão

. (Period)
Kesha


A Música da Era que Não é da Era

ATTENTION!
Kesha, Slayyyter & Rose Gray


É estranho que a melhor canção da nova fase da carreira da Kesha não faça exatamente parte da nova era da cantora. Pertencente à versão deluxe de . (Period), ATTENTION! é uma canção que merece o tratamento oficial de single, com toda a pompa e circunstância.

Uma eletrizante, dançante, explosiva, carismática e divertidíssima faixa de electro house/electropop que resgata, com louvor, não apenas os momentos do começo da carreira da cantora, mas também atualiza, de maneira inteligente e vibrante, essa sonoridade sob a influência da era BRAT. ATTENTION!, porém, não busca seguir tendências apenas por seguir; é fácil notar a influência da própria Kesha do “velho testamento” durante toda a construção da hipnótica batida.

Com uma letra precisa e cheia de momentos inspirados, a canção também se beneficia das presenças marcantes de Rose Gray e Slayyyter — sendo que esta última poderia ter ainda mais espaço. Apesar das participações iluminadas, o grande destaque e mola propulsora da canção é a força e o carisma de Kesha, que ilumina e dá toda a personalidade à faixa. Se todas as canções do álbum tivessem esse resultado, teria sido uma outra história para o trabalho.
nota: 8

A Única

The Subway
Chappell Roan

É preciso louvar a carreira atual de Chappell Roan, pois a cantora é, basicamente, a única capaz de transformar uma balada em um hit mundial — e ainda mais uma balada como é o caso da ótima The Subway.

Inspirando-se claramente nos anos oitenta, a canção é um deleite sonoro ao se apresentar como uma power ballad pop misturada com dream pop, indie pop e soft rock, com uma estrutura ousada e pouco convencional para um trabalho mainstream atual. É interessante, porém, notar como a produção de Dan Nigro consegue equilibrar todos esses elementos de forma que The Subway soa comercial sem perder seu lado experimental, nostálgico e, principalmente, a personalidade da cantora.

Falando em Chappell Roan, é fácil perceber que ela entrega uma das melhores performances vocais de sua carreira até o momento, mostrando todo o seu poder vocal sem soar clichê ou exagerada. No entanto, o que realmente se destaca são os momentos mais contidos, em que é possível não só apreciar com clareza toda a beleza do seu timbre, como também a emoção sincera que ela imprime — emoção essa que ajuda a expressar toda a dor presente na composição sobre o fim de um amor. Tenho que admitir que gostaria de ver uma letra ainda mais pungente emocionalmente, pois aqui é possível notar um certo acabamento que evita grandes arroubos sentimentais, mantendo a canção num campo mais melancólico. Ainda assim, The Subway é um exemplo claro de que estamos diante de uma artista feita de um tecido completamente diferente das suas contemporâneas.
nota: 8

Demi Pops!

Fast
Demi Lovato

Depois de uma longa era no rock, a Demi Lovato está de volta ao pop com o lançamento de Fast. E, queridos leitores, a canção realmente me pegou de surpresa.

A cantora investe no famoso farofão e entrega qualidade de verdade em uma canção madura, bem construída e refinada. Uma mistura de house, dance-pop e electropop, Fast consegue equilibrar os clichês com um acabamento refinado, elegante e certeiro, criando uma batida sensual, envolvente e substancial. Tenho que apontar que, porém, a produção de Zhone poderia dar mais dinâmica para o clímax final da canção, pois a estrutura crescente que vai sendo desenrolada ao longo da canção vai pedindo por um final mais grandioso e explosivo. Demi entrega uma performance sensacional, conseguindo captar toda a essência desse tipo de canção, preenchendo todas as lacunas de maneira cativante e poderosa. E assim, a Demi volta de maneira surpreendente ao pop. Que assim continue nessa nova era.
nota: 8


Um Docinho

Sugar Sweet
Mariah Carey, Shenseea & Kehlani

Sugar Sweet, segundo single do novo álbum de Mariah Carey, Here for It All, é uma canção que não está à altura do poder da cantora, mas é tão simpática que conquista a gente de verdade.

Uma mistura tímida, porém eficiente, de dancehall, R&B e pop, que continua a construir essa sonoridade mais contida da Mariah. A canção não nos conquista de imediato; ela vai grudando aos poucos, de maneira sutil, e acaba sendo uma agradável surpresa. Sugar Sweet também funciona graças à composição inteligente — especialmente no refrão grudento que, à primeira vista, parece carecer daquele toque especial da artista, mas que, felizmente, se revela como o tipo de refrão que não sai da cabeça. Além disso, a referência ao hit It's Like That é bem construída e acertadíssima. Mariah entrega uma performance segura, em que é possível perceber como sua voz se molda muito bem a esse tipo de canção. Mesmo que não adicionem peso de fato, as participações de Shenseea e Kehlani são muito bem-vindas, pois refrescam o resultado final. Sugar Sweet não é o doce mais refinado da carreira da Mariah, mas sacia a vontade de um bom docinho bem feito.
nota: 7,5