American Teenager
Ethel Cain
Nos últimos anos, a escolha de revelação ao final de cada ano vem sido mais pelo sucesso que os artistas novatos tiveram do que pela qualidade que os mesmos entregaram. Acredito que esse ano possa ser diferente, especialmente com os novos nomes que vem ganhando destaque recentemente. Esse é o caso da Ethel Cain que prepara o lançamento do seu primeiro álbum (Preacher’s Daughter) para esse ano. E os singles Strangers e American Teenager mostram que a jovem veio para marcar o seu nome a fero e fogo.
Ethel Cain é dona de uma lírica muito peculiar, inteligente e com uma estética refinadíssima. Com uma forte atmosfera de nostalgia e uma visão única sobre o jeito de viver americano, a jovem consegue criar crônicas ácidas e melancólicas sobre a vida cotidiana de uma adolescente/jovem adulta média estadunidense. Em American Teenager, a artista explora esses sentimentos com perfeição ao fazer uma crônica sobre a vida idealizada de uma jovem, especialmente sobre os sonhos que nunca se realizam. Um trabalho espetacular que consegue de maneira desconcertante fazer um retrato sobre um estilo de vida idealizado que, na verdade, escode uma pilha de sentimentos profundos, complicados e com feridas que parece não se curar. Sonoramente, American Teenager é uma marcante e inspirada mistura de dream pop, indie rock e toques de folk que invoca com precisão toda essa força emocional ao ser o ponto de estranheza que consegue amarrar todas as pontas. Entretanto, Ethel Cain alcança outro patamar ainda mais alto com a sensacional Strangers.
A canção mostra uma das características da artista ao ter a religião como um dos envolvidos nas suas crônicas. Strangers é sobre os sentimentos de contradição entre querer seguir os seus sentimentos e desejos ou respeitar a sua criação com ênfase na religiosidade que cercaram a sua criação. E isso é representado de maneira impressionante pela bela, delicada, angustiante e cortante composição de Ethel que meio que esconde em as suas intenções verdadeira em falsa noção de romance entre os seus versos. Entretanto, quando se olha com um pouco mais de atenção se perceber a força real da canção, especialmente no verso final quando a mesma toma a visão de olhar para trás ao ponderar sobre tudo que viveu. Sonoramente, a canção é uma espetacular power balada indie pop/rock que consegue transmitir bem toda a força lírica ao ser uma slow burn, começando de forma delicada e calma para se transformar em uma explosão a base de guitarras para depois terminar de maneira minimalista e delicada. Com duas canções nesse nível, Ethel Cain é com certeza o nome para se acompanhar em 2022 com todo o cuidado.
notas
Strangers: 8,5
American Teenager: 8
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