6 de janeiro de 2023

Os Melhores Singles de 2022 - Parte IV

 



Parte I
Parte II
Parte III


40. Happy Ending
Kelela


"Happy Ending é um extraordinário e refinadíssimo mergulho em uma mistura de R&B, alternativo e toques generosos de uk garage que pega a gente pelo braço e nos leva em uma viagem sem escalas para um recanto do paraíso. Desde a sua envolvente progressão rítmica, a adição de nuances brilhantes e a excepcional mixagem, Happy Ending é o tipo de canção que conquista tão naturalmente que parece que a canção já foi lançada há muito tempo e já faz parte do consciente coletivo. E outra grande qualidade da canção é o fato da fusão do estilo contemplativo da estética da Kelela com batida mais eletrônica que conseguem complementar um ao outro."

39. The Loneliest Time (feat. Rufus Wainwright)
Carly Rae Jepsen




"Uma mistura refinada, mas cheia de uma personalidade bem distinta, de synth-pop com post-disco que é construída de maneira a ter adições de grandes e pequenas quebras de expectativas. Acredito que a principal é a participação do excêntrico Rufus Wainwright que pode não funcionar para muitos e para outros ser o que faz da canção ser tão especial. Nesse segundo grupo é que me encontro, pois as personalidades conflitantes entre os dois que geram uma química que na teoria na funcionaria e que acaba sendo o ponto alto. Além disso, a ótima produção apresenta um raciocínio sonora que é coeso quando a gente termina de ouvir a canção. E depois de ouvir mais de uma vez, The Loneliest Time se torna extremamente viciante como uma boa canção pop deve ser."

38. Sunset
Caroline Polachek


"Uma verdadeira surpresa sonora, Sunset é uma estranha, excitante e envolvente dentro dos seus termos mistura de flamenco pop com art pop que conquista exatamente pelas suas inesperadas decisões sonoras. Coproduzido por Sega Bodega, a canção é a prima distante do que La Isla Bonita da Madonna com toda a atmosfera que trouxe a Rosalía, adicionado a personalidade de Caroline de forma a não dar espaço para quem ouve de não associar a canção como um trabalho da sua autoria. Lindamente instrumentalizada, Sunset é ainda beneficiado pelo espetacular vocal da cantora, especialmente quando adiciona uma vocalização impressionante na parte final. O único ponto menos inspirado é a composição que prefere ser mais minimalista ao invés de explorar com mais extensão toda a complexidade estética que é elaborado nos seus bem escritos versos."

37. The News
Paramore


"The News é uma mistura espetacular de post-punk e rock progressivo que entrega um instrumental poderoso, agressivo e impressionante. Não existe uma sensação de forçamento de barra pela banda, mas, sim, uma fluidez natural já que a canção soa como algo que amadurecido do que a banda fazia no começo da carreira. Maduros e completamente seguros, a banda consegue fazer da faixa também um manifesto sobre as reflexões sobre a atual situação da sociedade ao usar a ansiedade com a guerra na Ucrânia como o catalizador. Apesar de ótima, a letra dá uma escorregada no refrão que não explode como poderia para o peso da composição. "
Resenha

36. This Hell
Rina Sawayama


"Voltando os seus olhas para o rock, a cantora lançar em This Hell uma versão pop/dance extremamente divertido, energético, viciante e levemente brega. Acredito que a canção seja uma espécie de homenagem/imitação/pastiche das influencias rock na discografia da cantora, especialmente quando se olha a sua ótima regravação de Enter the Sandman do Metallica. Não é exatamente para se levar a sério como a versão de Rina do rock, mas a produção de Clarence Clarity e Paul Epworth entrega uma canção realmente sólida e com um instrumental sensacional com pontos extras para o ótimo solo de guitarra. E quando se nota essa ideia por trás de This Hell é que se pode curtir a composição cliché sobre não precisar ser aceito pela sociedade para poder viver feliz ao fazer uma metáfora sobre como é melhor ir para o inferno do que viver escondendo quem é de verdade."

35. AMEIANOITE
Gloria Groove & Pabllo Vittar


"De longe, a canção é a melhor da carreira de ambas artistas ao entregar algo que venho sempre citando aqui para o pop no Brasil ao pegar um ritmo nacional (funk) e misturar com um elemento pop (house) e criar uma explosiva, divertida, elétrica e simplesmente viciante que se sustenta perfeitamente do começo ao fim. Obvio, essa decisão de produção já foi feita em várias outras canções brasileiras, mas em AMEIANOITE mostra o quanto o atual cenário pop nacional precisa desse tipo de canção, especialmente devido a qualidade por trás da construção da ótima qualidade. E, felizmente, os outros elementos não desapontam em nenhum momento. A composição é clichê, campy, tem personalidade e com um refrão perfeito e redondinho"
Resenha

34. SAOKO
ROSALÍA


"SAOKO é um mergulho de cabeça no reggaeton com o plot twist da visão da cantora em uma veloz, única e poderosa canção que adiciona doses de eletrônico com toques sensacionais de jazz fusion. Essa mistura é o que eleva a canção para um parâmetro em que mostra a Rosalía como uma das artistas mais originais da atualidade. E a composição que ressalta a sua capacidade de metamorfose é ótima devido a suas citações inteligentes, a estrutura certeira e o trabalho refinado que usa do menos é mais da melhor forma. Se o álbum for nessa mesma velocidade, Rosalía entregará todo o hype que a cerca de maneira avassaladora."

33. No One Dies From Love
Tove Lo


"Uma refinadíssima synthpop com uma produção inteligente e de um tino pop impressionante. No One Dies From Love não reinventa a roda e, sim, recria a mesma com criatividade suficiente para fazer da canção refrescante e, ao mesmo tempo, reconfortante. A grande sacada aqui é a construção atmosférica que começa contida e sufocante e vai se tornando grandiosa e libertadora ao decorrer da canção, sendo espelhada pela composição. Aliás, a lírica da Tove Lo é outro ponto que a diferente: com uma carga emocional sempre alta e pertinente, a cantora entrega aqui uma crônica sobre a dor de perceber que o seu relacionamento realmente acabou e não há que possa ser feito."

32. venus fly trap
brakence




"Na superfície, venus fly trap é uma divertida, deliciosa e cadencia que mistura de maneira inteligente synthpop com eletrônica para depois partir para um art pop/alt pop minimalista. Apesar de lados completamente opostos, a produção garante de forma impressionante um fio que liga perfeitamente toda a sua complexidade sonora e todas as quebras sonoras, conseguindo dar para a canção uma personalidade sólida e distinta. Brakence também se destaque pela sua presença encorpada devido a seu timbre grave que parece que deveria casar com um pop rock, mas que funciona com a batida pop devido as ótimas nuances da sua voz e o uso inteligente de efeitos vocais. venus fly trap é o tipo de canção que vem passando desapercebido pelo grande, mas garanto que vai fazer quem a descobrir ficar entusiasmado para os próximos passo de brakence."

31. Bleach
Isaac Dunbar


"Bleach é uma eletrizante, refrescante, contagiante e classuda mistura de R&B, dance-pop, post-disco e indie pop que realmente funciona devido a inteligência na condução da canção. Leve e divertida, a canção nunca é, porém, dispensável ou esquecível com a produção adicionando uma dose reluzente de nuances que incrementam o resultado final sem perder a sua base original. E é na luminosa performance Isaac que a canção ganha ainda força para se completar de maneira inspirada. 

30. hello
Ichiko Aoba




"Já conhecida aqui do blog, a cantora de indie pop/folk é ainda relativamente desconhecida e poucas das suas canções estão traduzidas para o inglês. Isso, porém, não impede o público de apreciar uma obra de sua autoria já que o resultado sempre consegue ir além desses empecilhos linguísticos. Hello é uma delicada, tocante, sensível e sublime balada a base de piano que invoca uma sensação de reconforto tão grande que fica fácil não poder entender exatamente o que está sendo cantado. E, queridos leitores, como canta Ichiko Aoba. Dona de uma voz cristalina, a artista consegue passar uma paz misturada com uma clara felicidade tranquila que até dá para imaginar que hello seja sobre bons sentimentos. Por isso que não entender exatamente qual o sentido da canção não faz tanta falta, pois Ichiko Aoba preenche quase todas as lacunas de maneira sublime."

29. Mel Made Me Do It
Stormzy



"Sem refrão, hooks ou pontes, a composição poderia fazer a canção explodir de maneira espetacular, mas, felizmente, o genial trabalho temático e lírico não apenas impede esse destino como também é o fator principal da canção ser tão espetacular. Cheio de rimas sensacionais, imagens elaboradas e citações pop de primeira, Mel Made Me Do It é um monologo cativante e de tirar o folego que faz quem escuto preso a cada novo verso, esperando a próxima quebra de expectativa que adiciona a cereja em cima do bolo. E a performance de Stormzy é no mesmo nível da entrega da composição, pois adiciona personalidade com o seu sotaque distinto, timbre rouco/gutural da sua voz e uma acidez deliciosa. Sonoramente, Mel Made Me Do It poderia ser mais aventureira na construção instrumental, mas o resultado é ainda sensacional com a batida contida e crua que adiciona boas nuances aqui e ali. Fazendo algo difícil parecer fácil, Stormzy entra facilmente na lista de melhores do ano."

28. Somebody Like You
Bree Runway


"Com uma voz melhor que o esperado, Bree sustenta a canção com uma força realmente inesperada e com um alcance impressionante ao saber dar nuances para uma performance forte e encantadora, lembrando bastante a Brandy. Sinceramente, não estava esperando uma performance tão boa como a ouvida em Somebody Like You, mas isso não seria suficiente para entregar uma canção que fosse tão boa. Outro ponto alto do single é a sua inspirada produção que cria uma densa e elétrica balada power R&B/pop com toques de pop rock que parece emoldurar uma sonoridade dos anos oitenta, especialmente a sonoridade do Phil Collins. Existe uma versão orquestrada que consegue elevar o resultado final de Somebody Like You, mas só a versão normal já é suficiente para deixar bem claro a artistas incrível que a Bree Runway vai se transformando."
Resenha

27. Atopos
Björk





"Atopos é uma volta para o começo da carreira da artista ao explorar batidas pesadas com base de percussão e instrumentos de sopro. O resultado é uma explosão seca, ruidosa, quase minimalista e completamente inebriante e soberba. Sonoramente, a canção é uma colisão de art pop, eletrônico, experimental, industrial e techo que apenas a distinta produção e visão da Björk consegue fazer sentido claro e pleno. Sem precisar ser apresentada, a cantora entrega uma performance que tem todas as características da sua carreira com a sua sempre única maneira de enunciar as palavras, o seu lendário timbre e o marcante sotaque. Tenho que admitir que em questão lírica, Atopos não é tão marcante como os melhores momentos, mas, sinceramente, a poética sempre inteligente e bela da artista é sempre muito bem construída e um refresco para nossos ouvidos."

26. Funny Girl
Father John Misty


"Completamente diferente que poderia esperar de um cantor que transita entre o indie rock e o baroque pop, Funny Girl é uma delicada, tocante e sensacional mistura de soft rock com big band e toques de jazz que remete aos trabalhos de Frank Sinatra e Elvis Costello. Com uma espetacular instrumentalização que consegue transitar entre o clássico encorpado até a delicadeza do minimalista sempre perder a linda melodia, Funny Girl tem na intima e melancólica performance de Father John Misty a ancora perfeita para dar vida necessária a linda composição que narra a visão de um apaixonado pela mulher amada. O que faz a letra especial é a construção da personagem feminina que parece ser uma atriz/comediante que esconde uma melancolia por trás de toda a sua magistral presença."
Resenha

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